Genética é a saída para doenças do tomateiro

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Publicado em 24 de dezembro de 2017 às 07h52

Última atualização em 24 de dezembro de 2017 às 07h52

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Cristiana Maia de Oliveira

Engenheira agrônoma e doutoranda em Fitotecnia na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

cristiana.maia@hotmail.com

Carlos Antonio dos Santos

carlosantoniods@ufrrj.br

Danielle Perez Palermo

daniellepalermo@ufrrj.br

Engenheiros agrônomos e mestrandos em Fitotecnia na UFRRJ

Margarida Goréte Ferreira do Carmo

Engenheira agrônoma, doutora em Fitopatologia e professora na UFRRJ

gorete@ufrrj.br

 

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O tomate (Solanumlycopersicum L.) é a hortaliça mais apreciada e consumida no Brasil, seja em saladas ou em molhos, simples ou sofisticados. Para as saladas temos o tradicional fruto vermelho e graúdo, consumido quase que diariamente, e os belos frutos coloridos, amarelos, róseos, alaranjados, etc., com tamanhos, formatos e sabores variados.

Além desta riqueza de possibilidades, permitida graças à variabilidade genética existente dentro da espécie, temos ainda as variações quanto aos métodos ou princípios de produção ” desde em escala agroindustrial ao cultivo artesanal em ambientes protegidos; à produção em sistemas convencionais com grande aporte de agroquímicos aos sistemas orgânicos, seguindo uma série de normas previstas em legislação específica.

Doenças

No entanto, independente do tipo de fruto, da escala ou do sistema de produção, o tomate será sempre uma cultura merecedora de grande atenção e cuidados. A sua produtividade, e especialmente a qualidade dos frutos, dependem diretamente de uma série de escolhas (local e época de plantio, cultivar, tipo de mercado) e de rigor no seu manejo (irrigação, capinas, adubação, condução das plantas, controle de pragas e doenças, colheita e pós-colheita).

Dentre as inúmeras preocupações dos produtores inclui-se o manejo fitossanitário, especialmente de doenças causadas por patógenos habituais do solo. Estas doenças, além dos prejuízos que causam à produção, podem inviabilizar o uso das áreas para o cultivo do tomateiro.

Em algumas delas, a produção de tomate tem um caráter nômade, com uma constante migração entre as áreas devido ao acúmulo e distribuição generalizada de inóculo de patógenos de solo como Ralstoniasolanacearum, que causa a murcha bacteriana, e Fusariumoxysporum f. sp. lycopersici, que causa a murcha de fusário.

Murcha de fusário

Ramo com sintoma típico de murcha de fusarium - Crédito Hélcio Costa
Ramo com sintoma típico de murcha de fusarium – Crédito Hélcio Costa

A murcha de fusário, causada pelo fungo F. oxysporum f. sp. lycopersici, vem provocando uma série de problemas e dificuldades para o cultivo de tomateiro, principalmente em áreas de cultivo protegido.

Os sintomas da murcha de fusário iniciam-se com o amarelecimento e murcha das folhas mais velhas da planta, que progridem para toda a planta. Estes sintomas decorrem da infecção e colonização dos vasos do xilema, com consequente interrupção do fluxo de água e nutrientes para a parte aérea.

A colonização pelo patógeno leva à necrose dos vasos do xilema, que pode ser facilmente identificada pelo escurecimento dos vasos, visível em observações em cortes transversais das hastes. Os sintomas da murcha de fusário são mais evidentes nas fases de florescimento e frutificação e podem levar ao amadurecimento precoce dos frutos, à redução do tamanho dos mesmos e do período produtivo da planta.

Em quadros mais severos pode ocorrer a morte precoce das plantas. Outra característica importante da doença é a sua ocorrência em reboleiras decorrente do padrão de distribuição do inóculo do patógeno na área, seja em campo ou casa de vegetação.

Condições

A medida mais eficaz é o controle genético - Crédito Ana Maria Diniz
A medida mais eficaz é o controle genético – Crédito Ana Maria Diniz

O patógeno pode sobreviver nos restos culturais do tomateiro, na matéria orgânica ou como esporos de resistência, os clamidósporos. Estes últimos podem sobreviver no solo por mais de 10 anos.

O cultivo sucessivo de tomateiro na mesma área favorece o aumento da incidência da doença devido à multiplicação do patógeno e sua posterior dispersão nos processos de revolvimento do solo – aração, gradagem, capinas e escoamento superficial de água.

O patógeno penetra nas plantas via raízes, especialmente se estas forem feridas, e se estabelece nos vasos do xilema. Todo o processo, desde a penetração até a colonização do xilema, é favorecido por fatores como ferimentos nas raízes (causados no ato do transplantio, pelo ataque de nematoides ou em capinas), solos ácidos e arenosos e temperaturas na faixa de 21 a 33ºC.

A murcha de fusário ocorre de forma generalizada no Brasil, com diferenças, porém, quanto à distribuição das raças. Existem três raças fisiológicas do patógeno – 1, 2 e 3, definidas com base em sua habilidade de infectar um conjunto de variedades conhecidas como diferenciadoras.

As raças 1 e 2 já se encontram amplamente difundidas nas principais regiões produtoras de tomate no Brasil. A raça 3 foi introduzida no Brasil mais recentemente, identificada inicialmente no Espirito Santo em 2005, e possui uma distribuição mais limitada, mas já relatada no Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais.

Controle

Em áreas onde a doença não ocorre, medidas que visem evitar a introdução do patógeno devem ser observadas. Em áreas onde o patógeno já se encontra estabelecido, uma série de práticas de manejo devem ser adotadas. Entre estas, estão práticas culturais como não revolvimento do solo das áreas de reboleiras com plantas doentes, limpeza de máquinas, implementos e utensílios agrícolas, rotação de culturas por período prolongado, uso de mudas sadias e vigorosas e de água isenta de contaminação, cuidado nas capinas para não ferir as raízes, arranquio e destruição de plantas doentes.

O manejo adequado da fertilidade do solo também é importante, com a realização de calagem para elevação do pH, adubação equilibrada e evitar o uso de adubos nitrogenados à base de sulfato de amônio. O controle químico é de uso limitado por ser caro, pouco eficaz e poluente. O controle biológico ainda é pouco usado no Brasil e normalmente vem associado ao manejo integrado.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2018  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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