Alerta – Apple stem pitting vírus, ou vírus das caneluras da macieira

Crédito Aires Carmem Mariga

Publicado em 13 de outubro de 2015 às 15h08

Última atualização em 13 de outubro de 2015 às 15h08

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Osmar Nickel

osmar.nickel@embrapa.br

Thor V. M. Fajardo

thor.fajardo@embrapa.br

Pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho

Crédito Aires Carmem Mariga
Crédito Aires Carmem Mariga

Repetidamente, empresas filiadas à ABPM, exportadoras de maçã, deparam-se com problemas burocráticos impostos pelos importadores às maçãs brasileiras, exigindo certificados de ausência de Apple stem pitting virus (ASPV), ou vírus das caneluras da macieira, no produto.

Este requisito parece aleatório e inócuo se for considerada a ampla disseminação deste vírus em todo o mundo, nas principais regiões produtoras de macieiras e pereiras em todos os continentes, envolvendo as principais e mais relevantes cultivares comerciais atualmente em uso.

Os níveis de infecção variam fortemente, em algumas regiões podendo chegar a cerca de 80-90% de todo o material analisado, caracterizando o ASPV como um agente endêmico em praticamente todo o mundo, para o que contribui, principalmente, sua latência em variedades comerciais de Malus e Pyrus.

Em face desta situação, parece pertinente fazer algumas considerações, embora concisas, sobre as características físico-químicas, sorológicas, moleculares e biológicas do ASPV, sua relevância econômica e características de sua transmissão.

O vírus

ASPV, o vírus das caneluras do tronco da macieira, pertence ao gênero Foveavirus, família Betaflexiviridae. Seu genoma possui RNA de fita simples, senso positivo, com partículas filamentosas e flexíveis, de 12 a 15 nm de espessura e 800 nm de comprimento.

O genoma viral monoparticulado possui 9.265 a 9.337 nucleotídeos, segundo o isolado, excluindo a cauda poliadenilada, com cinco fases abertas de leitura. O tamanho do gene da proteína capsidial pode variar entre isolados em cerca de 100 nucleotídios. A ORF 5 codifica um único tipo de proteína capsídica de cerca de 42 a 44 kDa.

A prevenção e o monitoramento são medidas fundamentais para conter a doença - Crédito Rasip
A prevenção e o monitoramento são medidas fundamentais para conter a doença – Crédito Rasip

Sintomas e hospedeiros

O ASPV infecta hospedeiros como Malus spp., Pyrus communis (pera europeia), P. serotinia var. culta (pera japonesa), P. ussuriensis (pera chinesa), Cydonia oblonga (marmelo), Crataegus spp. e Sorbus spp.

Não se conhecem sintomas claros de ASPV nas principais variedades e combinações comerciais de copas e porta-enxertos de macieiras, mas é grande o potencial de redução da produtividade por infecções complexas de vários vírus latentes.

Várias doenças foram associadas ao ASPV, entre elas o “amarelamento das nervuras de pera“ das variedades europeias, o “descascamento de Platycarpa”, o “nanismo de Platycarpa” de Malus platycarpa, “epinastia e declínio“ da macieira Spy 227, o “empedramento dos frutos” da pereira, além das caneluras e manchas necróticas e cloróticas, necrose e deformação foliares produzidas em cultivares suscetíveis, como as macieiras ornamentais Virginia crab, Radiant crab e no híbrido de Pyronia veitchii (Pyrus communis x Cydonia oblonga).

Em marmeleiros, os principais porta-enxertos de pereiras, destaca-se a “deformação dos frutos“ e a “mancha anelar ferruginosa do marmeleiro“, às quais o ASPV foi associado, mas a relação de patogenicidade do agente etiológico ainda não foi definitivamente confirmada.

Em 2013, um variante de ASPV, ou um novo vírus com organização genômica similar aos Foveavirus, foi associado à “ruga verde“ da macieira.

Transmissão

O ASPV é transmitido de planta a planta exclusivamente por enxertia, produzindo reação visível em cultivares suscetíveis de Malus domestica, como Radiant crab, Virginia crab, Spy 227, Malus platycarpa, pereiras europeias como ´Jules d’Airolles´, ´Le Curd´, ´Nouveau Poiteau´, ´Beurré Hardy´ e no híbrido de Pyrus x Cydonia, Pyronia veitchii.

As plantas apresentam uma gama de sintomas, como caneluras na madeira tronco, galhos e ramos menores, necrose na união da enxertia, descascamento do tronco, epinastia e ondulação foliar, clareamento e necrose de nervuras.

Foi relatada a eficiência da transmissão do ASPV por inoculação mecânica de macieiras e pereiras para Nicotiana occidentalis, N. occidentalis 37B e N. occidentalis subsp. Obliqua.

Os sintomas consistem de lesão local necrótica, folhas necróticas e amarelamento das nervuras. Leone et al. (1995) relataram a retrotransmissão mecânica de ASPV destas espécies herbáceas para macieiras e pereiras.

A disseminação de ASPV é similar à de ASGV (Apple stem grooving vírus) e ACLSV (Apple chlorotic leaf spot vírus), e geralmente ocorrem juntos em pomares comerciais.

Essa matéria completa você encontra na edição de setembro da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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