Mancha de mirotécio – Nova doença do cafeeiro

Crédito Ana Maria Diniz

Publicado em 13 de julho de 2015 às 07h00

Última atualização em 13 de julho de 2015 às 07h00

Acompanhe tudo sobre Alecrim, Café, Cerrado, Ferrugem, Germinação, Herbicida, Óleo, Oliveira e muito mais!

 

Thales Lenzi Costa Nascimento

Giovani Belutti Voltolini

giovanibelutti77@hotmail.com

Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e membro do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia (GHPD)

Ademilson de Oliveira Alecrim

Mestrando em Fitotecnia pela UFLA e membro do GHPD

 

Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

O cultivo do cafeeiro tem grande relevância nos aspectos socioeconômicos do país. Sobretudo, o sucesso de cultivo depende de diversos fatores, como o clima, o material genético, o manejo nutricional e, principalmente, a incidência de pragas e doenças na cultura.

Dentre as principais doenças que afetam o cafeeiro podemos destacar: ferrugem, cercosporiose, phoma e ascochyta. Entretanto, uma nova doença que está ocorrendo nos plantios de café e vem tirando o sono dos cafeicultores é a mancha de mirotécio, que é causada pelo fungo Myrothecium roridum.

Danos causados ao cafeeiro

Dentre os principais danos causados ao cafeeiro pela ocorrência da mancha de mirotécio está a diminuição da área fotossintetizante foliar e também a abscisão das folhas.

A redução da área fotossintetizante se dá pelo surgimento de lesões nas folhas, que se apresentam, na maioria das vezes, como manchas necróticas e, consequentemente, sem a capacidade de realizar a fotossíntese. Outro prejuízo decorrente destas lesões é a diminuição de metabólitos produzidos pela planta e que seriam utilizados na nutrição da mesma.

A abscisão foliar é outro problema severo provocado pelo fungo, em que uma baixa incidência do mesmo já propicia intensa desfolha. Sobretudo, a planta fica mais debilitada e exposta a outras doenças.

Foi mensurado o quanto a incidência desta doença pode afetar a produção do café, entretanto, no algodoeiro esta doença já está inserida, com registros de perdas na produção de até 50%.

Disseminação da doença

As condições favoráveis ao desenvolvimento da doença são temperaturas moderadas, variando de 15ºC a 22ºC, associadas à alta umidade relativa do ar, principalmente quando superiores a 80%. A disseminação desta doença é mais acentuada em condições adequadas ao desenvolvimento do fungo Myrothecium roridum, em que as temperaturas medianas são as mais propícias ao seu pleno desempenho. A temperatura ótima para a germinação de seus esporos é 29ºC.

A umidade é outro fator que está diretamente relacionado com a disseminação e propagação desta doença, em que maiores umidades propiciam melhor germinação dos esporos do fungo. A dispersão ocorre inicialmente em reboleiras e, posteriormente, pela ação dos ventos e da chuva, atinge a lavoura de forma generalizada.

Regiões mais afetadas

Pelo exposto anteriormente, as condições ideais para disseminação desta doença fazem com que sua incidência seja mais concentrada nas regiões de cerrado, onde as temperaturas são altas, assim como a umidade do ar. A região cafeeira com maior incidência desta doença é o cerrado mineiro e a região de produção cafeeira do estado do Rio de Janeiro.

Sintomas

Os sintomas iniciais que a planta de café apresenta quando infectada por essa doença podem ser confundidos com os sintomas causados por outra doença ocorrente na cafeicultura – a cercosporiose, causada pelo fungo Cercospora coffeicola.

Inicialmente, o sintoma é caracterizado por lesões arredondadas a irregulares, de coloração verde-clara com aspecto oleoso. Infestações severas podem causar sobreposição de lesões.

Outro modo de identificação da doença é pela observação de alguns sinais, como o crescimento micelial branco e a formação de frutificações negras (esporodóquios sésseis) no centro da lesão, em ambas as faces da folha.

Estratégias de controle

A mancha de mirotécio é uma doença nova para a cultura do café no Brasil. Foi identificada em 2003 em mudas de café arábica e em 2013 em mudas de café conilon, portanto, ainda não existem cultivares resistentes nem agroquímicos certificados para a cultura.

No entanto, estudos realizados demonstraram que fungicidas dos grupos triazol, estrobirulina e benzimidazol reduzem significativamente a severidade da doença. Quando for necessário o emprego de fungicidas, devem-se priorizar os que possam ser utilizados simultaneamente no controle de outras doenças.

Quando comparados os dois tipos de tratamentos (preventivo e curativo), o que surtiu melhor efeito foi o controle preventivo da doença, obtendo-se assim uma maior redução da porcentagem de área lesionada nas folhas do que quando se utilizou o método curativo.

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