Adubação nitrogenada em cucurbitáceas

Maria Elita B. Castro, pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia - Crédito Arquivo pessoal

Publicado em 9 de outubro de 2016 às 07h00

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h40

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Thiago Cardoso de Oliveira

Engenheiro agrônomo e mestre em Ciências CENA/USP

thiagocardoso@agronomo.eng.br

Antonio Malvestitti Neto

Paulo Márcio Faria Villela

Engenheiros agrônomos e mestrandos em Ciências FZEA/USP

 

Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

As cucurbitáceas são uma família de plantas (Cucurbitaceae) nativas das Américas e conhecidas, principalmente, pelo seu valor alimentício e versatilidade culinária dos frutos. Cinco espécies são cultivadas em maior escala, sendo essas a abóbora (Cucurbita moschata), o pepino (Cucumissativus), o melão (Cucumis melo), a melancia (Citruluslanatus), o maxixe (Cucumisanguria), o jerimum (Cucurbitamaxima) e a abobrinha, ou abobrinha italiana (Cucurbita pepo).

A nutrição mineral de plantas estuda os elementos químicos necessários ao crescimento e desenvolvimento das plantas, assim como as características, as funções e as necessidades destes elementos, que passam a ser tratados como nutrientes. Cada um possui um papel na fisiologia da planta, e o excesso de um não suprirá a carência de outro, fato este estabelecido por Sprengel e Liebig, pela Lei do Mínimo.

As plantas absorvem e transportam a maior parte de suas exigências em nitrogênio nas formas de amônio (NH4+) ou nitrato (NO3-). Sabe-se que podem ocorrer algumas absorções diretas de ureia pelas folhas e também pequenas quantidades de nitrogênio são obtidas de materiais como aminoácidos solúveis em água.

O nitrogênio é requerido na síntese da clorofila e como parte da molécula da clorofila, estando envolvido na fotossíntese. A falta de nitrogênio afeta a clorofila, limitando a capacidade da planta em utilizar a luz do sol como fonte de energia. O nitrogênio é componente de vitaminas e do sistema enzimático da planta e também é componente essencial dos aminoácidos, formando proteínas, sendo o nitrogênio responsável direto pelo aumento do teor de proteína.

Função do nitrogênio

O nitrogênio em quantidade adequada produz uma cor verde escura nas folhas, devido a uma alta concentração de clorofila. Os pigmentos verdes da clorofila absorvem a energia luminosa necessária para iniciar a fotossíntese, e a clorofila atua no processo de fixação do carbono, formando açúcares simples (glicose).

A deficiência de nitrogênio causa amarelecimento nas folhas, pela diminuição da clorofila. Este amarelecimento começa primeiro nas folhas mais velhas, e então aparece nas mais jovens, à medida que a deficiência torna-se mais severa. Um crescimento lento e plantas pequenas, travadas, são também indicações de deficiência de nitrogênio, assim como diminuição na brotação e na formação de novas folhas.

Uma planta mal nutrida em nitrogênio apresenta baixos níveis de proteínas nas partes vegetativas, nos frutos e nas sementes. As plantas deficientes usualmente têm menos folhas e podem finalizar o ciclo mais cedo do que plantas supridas com adequado nitrogênio. Frutos de plantas adequadamente adubadas com nitrogênio terão menor porcentagem de água do que aquelas supridas de modo insuficiente com este nutriente.

O excesso de nitrogênio, porém, algumas vezes, é considerado responsável por atraso na maturação, podendo aumentar o crescimento vegetativo, reduzir a formação dos frutos e afetar de maneira adversa a qualidade da produção.

O pepino está entre as culturas beneficiadas pela adubação nitrogenada - Crédito Van Der Hoeven
O pepino está entre as culturas beneficiadas pela adubação nitrogenada – Crédito Van Der Hoeven

Adubação nitrogenada

Sempre que falamos de manejo da adubação, devemos nos lembrar da equação:

Adubação = (Planta ” Solo) x f

Em que a adubação é o suprimento do nutriente que a planta necessita, via fertilizante, descontado (levando-se em consideração) o que o solo oferta para a cultura, sob a influência de um “fator eficiência“, sendo esta influenciada por outros quatro fatores: a fonte, a dose, o local e o tempo.

A adubação das culturas começa muito antes do plantio, com a coleta de amostra e correção do solo. Essas etapas são fundamentais para colheitas bem sucedidas. A cultura da abóbora é exigente em solos com boa fertilidade para produtividades altas.

Para a avaliação do estado nutricional da cultura da abóbora, realiza-se análise da planta, folha e pecíolo, no início do florescimento. Nessa fase são coletadas 40 folhas novas, completamente expandidas e com pecíolos. As amostras devem ser rapidamente acondicionadas em isopor com gelo e enviadas ao laboratório. O teor de N na folha nesse período deve estar entre 2,5 a 5,0%, variando entre as espécies.

Recomendações importantes

Pelo fato do N ser muito móvel no solo, deve-se aplicar no plantio pequena quantidade junto com o adubo orgânico, e a maior parte em cobertura para que a planta tenha N disponível sempre que necessitar.

Recomenda-se que a adubação química com N em cobertura seja parcelada em três e duas aplicações. A primeira adubação deverá ser feita 25 dias após o plantio, a segunda quando surgirem as primeiras flores e a terceira quando a planta estiver em frutificação, cerca de 20 a 30 dias após a segunda cobertura. O Boletim 100 recomenda uma dose de 40 kg/ha de N no plantio e de 100 a 150 kg/ha de N em cobertura, de acordo com a produtividade esperada.

Quanto à extração de N, as abóboras e os pepinos, em média, costumam extrair 1,1 kg de N para cada tonelada de frutos produzida, enquanto que o melão extrai 2,0 kg de N por tonelada de fruto produzida, sendo que esses valores variam de acordo com a produtividade e a variedade utilizada.

Essa matéria você encontra na edição de outubro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

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