Em cultivos agrícolas, as condições climáticas ideais desempenham um papel crucial no rendimento e na qualidade das culturas. No caso das hortaliças folhosas, o controle microclimático torna-se ainda mais essencial, dado que essas plantas são extremamente sensíveis a variações de radiação solar, precipitação e temperatura.
O excesso ou a falta de radiação, a pluviosidade inadequada, bem como temperaturas excessivamente altas ou baixas, podem comprometer o desenvolvimento das folhosas e torná-las vulneráveis ao ataque de pragas e doenças, impactando negativamente a produção.
Crescente demanda
A crescente adesão dos consumidores a dietas mais saudáveis e nutritivas durante e após a pandemia de COVID-19 resultou em um aumento significativo no consumo de hortaliças folhosas.
Esse cenário gerou uma pressão adicional sobre os agricultores, que, para garantir uma produção constante e de alta qualidade ao longo de todo o ano, precisam recorrer a estratégias como os cultivos protegidos, com destaque para o uso de estufas agrícolas.
Quais as vantagens?
O cultivo de hortaliças folhosas em estufas oferece uma série de vantagens em comparação com o cultivo convencional. Este sistema proporciona um ambiente controlado que favorece o crescimento saudável e contínuo das plantas, ao permitir o ajuste preciso das condições climáticas.
Além disso, as estufas protegem as culturas contra intempéries, reduzem a necessidade de aplicações de agroquímicos e inseticidas, e atenuam os efeitos da sazonalidade, garantindo uma produção mais estável e de melhor qualidade ao longo do ano.
O controle da entrada de luz em estufas é um fator essencial para o sucesso da produção agrícola protegida. Ele pode ser realizado por meio da escolha de filmes agrícolas e telas de sombreamento e proteção, selecionados conforme as características específicas de cada cultivo.
O princípio dessas tecnologias está na seletividade da radiação que penetra na estufa, já que a luz incidente afeta tanto o desenvolvimento das plantas quanto o microclima interno. Por isso, compreender a composição do espectro luminoso é fundamental para um manejo eficiente.
Opções
Dentre as tecnologias disponíveis, os filmes difusores se destacam por sua capacidade de modificar a trajetória dos raios de luz, promovendo uma distribuição mais uniforme da radiação fotossinteticamente ativa.
Essa difusão permite que a luz alcance até as folhas inferiores das plantas, normalmente sombreadas sob luz direta, o que aumenta o desempenho fotossintético e favorece o crescimento homogêneo da folhagem. Além disso, a luz difusa ajuda a reduzir o estresse térmico causado pelo excesso de radiação nos períodos mais quentes do dia.

Fotosseletividade
Outro recurso importante é a fotosseletividade, que pode ser aplicada de diversas formas. Um exemplo são os filmes bloqueadores de radiação ultravioleta, também conhecidos como filmes antivírus.
Eles impedem a entrada dessa faixa de radiação, que influencia diretamente a percepção visual dos insetos, contribuindo para a redução da presença de vetores dentro da estufa e, consequentemente, diminuindo a incidência de doenças virais e a perda de produtividade.
Há também filmes que restringem a entrada de radiação infravermelha, contribuindo para manter a temperatura interna mais amena sem comprometer a passagem da luz fotossinteticamente ativa.
Alternativas
As telas de sombreamento, geralmente instaladas em estruturas móveis, complementam a função dos filmes ao permitir o ajuste dinâmico da luminosidade e temperatura, especialmente durante os picos de radiação solar.
Algumas dessas telas também incorporam a tecnologia de fotosseletividade, possibilitando ao produtor escolher a solução mais adequada ao seu sistema produtivo.
Nesse contexto, as telas anti-inseto aditivadas para refletir a radiação ultravioleta oferecem um duplo bloqueio — óptico e físico — contra a entrada de pragas, o que contribui para a redução do uso de inseticidas e, consequentemente, dos custos e impactos ambientais de sua utilização.
Inovações
Outras inovações incluem as telas termorrefletoras e fotoconversoras. As primeiras refletem a radiação infravermelha, permitindo o controle térmico da estufa em diferentes estações do ano e de acordo com o manejo adotado.
Já as telas fotoconversoras modificam o espectro luminoso, aumentando a incidência de comprimentos de onda mais relevantes para a fotossíntese, como a luz vermelha e azul, potencializando o crescimento vegetal.
Diante de tantas possibilidades, a escolha das tecnologias mais adequadas para uma estufa deve levar em conta as necessidades específicas das culturas e as condições climáticas da região de implantação. Um bom controle da luminosidade pode ser determinante para maximizar a produtividade e assegurar a qualidade da produção agrícola.
Autoria do texto:
Caroline Goulart Figueiredo
Coordenadora Técnica – Ginegar
Theodora Laviaguerre Land
Analista Técnica – Ginegar