Pêssego já pode ser cultivado em todo o Brasil

Pêssego - Créditos: Rafael Pio

Publicado em 8 de setembro de 2015 às 07h00

Última atualização em 8 de setembro de 2015 às 07h00

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Rafael Pio

Professor de Fruticultura de Clima Temperado na Universidade Federal de Lavras (UFLA)

rafaelpio@hotmail.com

 

Pêssego - Créditos: Rafael Pio
Pêssego – Créditos: Rafael Pio

Entre os vários tipos de frutíferas, o pessegueiro está entre aquelas que antes eram produzidas apenas nas regiões de clima temperado, e que agora são cultivadas com grande sucesso também em outros locais, antes considerados como não apropriados para o cultivo.

É o caso de Minas Gerais, em locais de clima tropical, mas que, por apresentarem algumas características particulares, como altitude elevada e número de horas de frio satisfatório, possibilita cultivar o pêssego com êxito, resultando na obtenção de frutos de alta qualidade e, portanto, de fácil comercialização.

Oportunidade

O pessegueiro é considerado uma frutífera de clima temperado com exigência média em horas de frio. Mas, existem cultivares que necessitam desde 450 horas de frio (temperaturas abaixo de 7 a 13°C), as quais são exploradas em regiões brasileiras mais frias, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul, até aquelas que necessitam em torno de 70 a 100 horas de frio, denominados pêssegos tropicais, que podem se explorados nos Estados de São Paulo e Minas Gerais.

Isso só foi possível no Brasil graças à introdução de cultivares de pessegueiro de baixa exigência em frio da Califórnia, nas décadas de 50 e 60, pelo Instituto Agronômico (IAC), sendo a base para o início do programa de melhoramento de cultivares de pessegueiro com tais características. Essa instituição fez o lançamento de dezenas de cultivares que possibilitaram a expansão da persicultura no Brasil.

Regiões que passaram a produzir pêssego

No Estado de São Paulo, a persicultura se iniciou no entorno da cidade de Campinas e em algumas regiões do Sul do Estado, como Guapiara e Capão Bonito. Em Minas Gerais, até então somente na Serra da Mantiqueira, em Delfim Moreira, Cristina, Maria da Fé e Passa Quatro, outras regiões também passaram a cultivar pêssegos, como Rio do Peixe (Pouso Alegre), Caldas e o Alto do Rio Grande, na região de Lavras.

Posteriormente, com o lançamento de novas cultivares de menor exigência em frio e com maior qualidade, outras regiões passaram a cultivar a fruta. Em São Paulo pode-se destacar a região de Jarinú, Atibaia e até mesmo Jaboticabal, um local mais quente onde nunca havia se pensado em cultivar pêssegos.

A base do cultivo nessas regiões foi o lançamento de cultivares de menor exigência em frio. Mas ainda era necessário aprimorar e adequar o manejo das plantas, já que as elevadas temperaturas possibilitam a alta vegetação, a floração ainda no outono e a maior incidência de doenças no verão.

Rafael Pio, professor de Fruticultura da UFLA
Rafael Pio, professor de Fruticultura da UFLA

Viabilidade

Após o trabalho dos melhoristas, havia a necessidade dos fitotecnistas atuarem para otimizar e aprimorar a exploração do pessegueiro em regiões mais quentes. Nesse sentido, trabalhos realizados pelo IAC, pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) e pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) possibilitaram a adequação do manejo cultural.

Nesse caso, os trabalhos revelaram a necessidade de cultivar pêssegos em regiões ausentes de geadas tardias, já que o florescimento pode ocorrer em junho, antes do início do inverno. É preciso, ainda, adotar plantios mais adensados, menos arqueados e com o pomar protegido por quebra-ventos de porte alto, para evitar o excesso de incidência de raios solares diretamente nos ramos e troncos mais baixeiros, que causam queimaduras.

Recomenda-se, também, realizar a poda e a quebra da dormência antes do intumescimento das gemas e uma boa adubação com matéria orgânica no inverno, além de um raleio de frutas bem severo, para que os frutos atinjam bom calibre, tratamento fitossanitário durante o crescimento dos frutos e após a colheita, pois na primavera e verão aumentarão os problemas fitossanitários.

A poda deve ser realizada no mês de dezembro, visando equilibrar o excesso de vegetação e diminuir os problemas fitossanitários. Com todos esses cuidados, há possibilidade de se produzir pêssegos mais doces, frente às altas temperaturas e amplitude térmica.

Mercado

A aceitação do mercado por esses produtos tem sido alta, já que o período de colheita vai de agosto a outubro, época em que as regiões mais frias e tradicionais brasileiras ainda não começaram as colheitas.

Lembrando que os desafios ainda não muitos. O programa de melhoramento de pêssegos para regiões de inverno ameno, realizado pela Embrapa Clima Temperado, em Pelotas (RS), vem possibilitando o cultivo de pêssegos com maior qualidade. Nos últimos anos, praticamente somente a Embrapa vem realizado o lançamento de cultivares de menor exigência em frio e produtoras de frutas de alta qualidade.

No caso do manejo cultural, a UFLA vem desenvolvendo trabalhos de sistema de condução e retardamento da vegetação, o que possibilitará uma maior facilidade na condução dos pomares.

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