Pérola-da-terra pode colocar produção de uvas a perder

Publicado em 10 de abril de 2015 às 07h00

Última atualização em 10 de abril de 2015 às 07h00

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Odimar Zanuzo Zanardi

Pedro Takao Yamamoto

Departamento de Entomologia e Acarologia – ESALQ/USP

Pérola-da-terra pode colocar produção de uvas a perder - Crédito SXC
Pérola-da-terra pode colocar produção de uvas a perder – Crédito SXC

A pérola-da-terra é uma cochonilha subterrânea que ataca as raízes de plantas cultivadas e silvestres. Várias espécies de plantas entre anuais e perenes são hospedeiras do inseto, destacando-se a videira. O inseto é considerado a principal praga da videira, sendo responsável pelo declínio da cultura em várias regiões devido às dificuldades de controle.

Os prejuízos causados pelo inseto ocorrem em todos os estágios de desenvolvimento da cultura, devido à intensa sucção de seiva pelo inseto nas raízes das plantas. Em plantas jovens, a incidência do inseto reduz o vigor e a uniformidade de brotação das plantas, causando a morte geralmente no terceiro ano após o plantio.

No entanto, em plantas adultas a presença da praga reduz a coloração verde característica da planta, e as folhas apresentam coloração amarelada entre as nervuras, assemelhando-se à deficiência de magnésio. As bordas tornam-se encarquilhadas abaxialmente e, em alguns casos, podem ocasionar necrose dos tecidos das bordas das folhas.

Sintomas de pérola-da-terra em raízes da uva - Crédito ESALQUSP
Sintomas de pérola-da-terra em raízes da uva – Crédito ESALQUSP

Além disso, reduz consideravelmente o vigor dos sarmentos, tornando-se com os entrenós curtos, induzindo ao declínio que culmina com a morte das plantas. De modo geral, em plantas adultas a morte das plantas ocorre de uma maneira mais gradativa, devido ao sistema radicular mais desenvolvido.

O ataque

O inseto introduz seu estilete (aparelho bucal) no sistema radicular da planta, de onde retira seu alimento por meio da sucção de seiva. O ataque do inseto ocorre somente na fase jovem (ninfas), uma vez que os adultos são desprovidos de aparelho bucal.

Após a eclosão, as ninfas de primeiro instar são móveis e deslocam-se ativamente até encontrarem uma raiz, onde se fixam para se alimentar (sucção de seiva). Uma vez fixas nas raízes das plantas, as ninfas se desenvolvem e atingem o segundo instar, onde perdem as pernas e formam um cisto no interior da cutícula (exuvia), a qual serve de proteção ao inseto.

A partir dessa fase, a cochonilha é denominada de cisto, apresenta formato globoso, de coloração amarela intensa, forma conhecida como pérola-da-terra. Após o desenvolvimento completo do estágio ninfal, surgem as fêmeas, que permanecem no interior dos cistos até a realização da postura e, depois, morrem (reprodução assexuada).

O problema pode estar escondido nas raízes até mesmo de plantas novas - Crédito Newton Matsumoto
O problema pode estar escondido nas raízes até mesmo de plantas novas – Crédito Newton Matsumoto

Condições para seu surgimento

O surgimento do inseto nas áreas de produção se dá por meio do transporte de ninfas e cistos presentes no solo retido nas máquinas e implementos agrícolas utilizados nas áreas infestadas pela praga para a área onde a praga ainda não está presente.

Além disso, a disseminação da praga ocorre pela movimentação de mudas de videira e de outras espécies de plantas hospedeiras infestadas pela praga. Após o estabelecimento do inseto nas áreas de cultivo, a disseminação da praga pode ser realizada, a curtas distâncias, por formigas doceiras, especialmente Linepithema umilis e Linepithema micans, que se associam à cochonilha em busca das excreções açucaradas expelidas (honeydew) pelo inseto.

Acontece uma associação mutualística em que ambos os insetos (formiga e cochonilha) são beneficiados (formiga utiliza o honeydew como alimento enquanto que as formigas realizam o transporte de ninfas de primeiro instar da cochonilha de um lugar para outro).

A pérola-da-terra possui mais de 80 espécies de plantas hospedeiras, incluindo plantas invasoras, cultivadas, nativas e exóticas. Entre os hospedeiros, plantas das famílias Cucurbitaceae, Compositae, Rosaceae, Poaceae, Myrtaceae, Malvaceae, Cruciferae, Leguminosae e principalmente Vitaceae têm sido as mais importantes para o desenvolvimento e multiplicação da praga nos pomares.

Sintomas

As plantas infestadas pela pérola-da-terra apresentam menor vigor, redução no crescimento dos sarmentos (entre nós mais curto), folhas de aspecto coreáceo, com a presença de manchas amareladas entre as nervuras, bordas voltadas para baixo e com manchas necrosadas nas margens, que mais tarde secam e culminam com a morte das plantas.

Opções de controle

A pérola-da-terra é uma praga de difícil controle, devido às características bioecológicas do inseto (hábito subterrâneo e desenvolvimento em forma de cistos). No entanto, o uso conjunto de diferentes táticas de manejo (preservação de agentes de controle biológico, métodos culturais, resistência de plantas e o controle químico) contribuem para a supressão dos níveis populacionais da praga e redução dos impactos causados pelo inseto à cultura da videira.

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