Micronutrientes – nutrição adequada para o café

Crédito Cristiano de Oliveira

Publicado em 15 de setembro de 2015 às 07h00

Última atualização em 15 de setembro de 2015 às 07h00

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André Guarçoni M.

D.Sc. Solos e Nutrição de Plantas e Pesquisador/Incaper

guarconi@incaper.es.gov.br

Crédito Cristiano de Oliveira
Crédito Cristiano de Oliveira

Pouco se ouvia falar em deficiência de micronutrientes em lavouras de café. Realmente, os micronutrientes são absorvidos em pequenas quantidades e o cafeeiro é uma planta perene que explora elevado volume de solo, e isso reduzia a necessidade de complementação via adubação.

Teoricamente, as quantidades de micronutrientes presentes no volume de solo explorado pelo cafeeiro seriam suficientes para nutri-lo adequadamente. Na prática, contudo, essa perspectiva tem mudado.

Alguns fatores podem ser levantados para explicar a crescente deficiência de micronutrientes em lavouras de café: aumento na produtividade das lavouras, acarretando elevada remoção de micronutrientes do sistema; aplicação de elevadas doses de calcário, favorecendo o aparecimento de deficiências induzidas (em pH elevado alguns micronutrientes ficam indisponíveis); utilização de formulações altamente concentradas de NPK, reduzindo o conteúdo incidental dos micronutrientes nesses produtos.

A partir dessas constatações, fica evidente que, atualmente, a aplicação de micronutrientes é fundamental para se atingir ou manter elevadas produtividades na cafeicultura.

Condições de deficiência

A dinâmica dos micronutrientes no solo é muito variável. Mas podemos separar situações em que a probabilidade de deficiência é maior. No quadro a seguir são mostradas algumas condições que limitam a disponibilidade dos micronutrientes.

 Nova Imagem

 Adaptado de Lopes (1999).

Causa e consequência

O processo de causa e efeito nem sempre é direto, como aparece no quadro. Entretanto, tomando-se alguns cuidados, baseados nas condições descritas, pode-se reduzir a possibilidade de deficiência dos micronutrientes. Nesse sentido, a aplicação de doses corretas de calcário é a forma mais eficaz de reduzir as deficiências de micronutrientes induzidas.

A quantidade de micronutrientes presentes no solo é insuficiente para supri-lo - Crédito Cristiano de Oliveira
A quantidade de micronutrientes presentes no solo é insuficiente para supri-lo – Crédito Cristiano de Oliveira

Princípios de aplicação

Segundo Lopes (1999), são utilizados no Brasil três princípios básicos (os quais Lopes chama de filosofias) para aplicação de micronutrientes: princípio da segurança, princípio da restituição e princípio da prescrição.

Apesar de pouco embasado em critérios científicos, o princípio da segurança é o mais utilizado, pois, até certo ponto, é eficiente. Neste princípio não são considerados os teores de micronutrientes presentes no solo, nem o “status“ nutricional da cultura.

Aplicam-se elevadas doses de micronutrientes, suficientes para produções também elevadas. Esse tipo de recomendação funciona, e bem, mas pode haver desperdício de recursos, caso o solo seja capaz de suprir adequadamente a cultura, e, em alguns casos, toxidez causada por micronutrientes aplicados em excesso.

O princípio da restituição visa fornecer os micronutrientes exportados pelas colheitas. Isso implica na elevação inicial dos teores de micronutrientes no solo até níveis satisfatórios.

Dessa forma, mesmo que as quantidades aplicadas inicialmente sejam pequenas, em relação às quantidades de macronutrientes, haverá certo desperdício, pois a cultura não irá explorar todo o volume de solo corrigido. Além disso, as eventuais perdas de micronutrientes por erosão e/ ou lixiviação são de difícil quantificação, tendendo-se a subestimar as doses recomendáveis.

O princípio da prescrição é, cientificamente, o mais correto. As doses seriam recomendadas em função das análises de solo e de folhas, ou seja, das quantidades de micronutrientes presentes no solo, a partir das quais se realizam as recomendações, e das quantidades presentes nas folhas, que ajudam a refinar as doses e as fontes desses nutrientes para os próximos ciclos.

Os micronutrientes são incorporados ao solo da cova ou sulco - Crédito Marcelo André
Os micronutrientes são incorporados ao solo da cova ou sulco – Crédito Marcelo André

Fontes

As fontes de micronutrientes podem ser subdivididas em dois grupos principais: fontes inorgânicas e quelatos sintéticos. Cada uma dessas fontes tem sua peculiaridade, o que irá refletir na forma de aplicação, no aproveitamento pelo cafeeiro e até no custo final da adubação.

As fontes inorgânicas são representadas pelos sais metálicos como sulfatos, cloretos e nitratos (sulfato de zinco, cloreto de zinco, nitrato de zinco, etc.), que são solúveis em água, e óxidos, carbonatos e fosfatos (óxido de zinco, carbonato de zinco, fosfato de cobalto, etc.), que são insolúveis em água.

A solubilidade em água é um fator determinante para que o produto apresente maior eficiência agronômica em curto prazo, especialmente para aplicações localizadas em sulco ou cova e via foliar.

São também consideradas fontes inorgânicas os óxidos silicatados (“fritas – Fritted Trace Elements“). As “fritas“ são produtos vítreos cuja solubilidade é controlada pelo tamanho das partículas e por variações na composição da matriz. São obtidas pela fusão de silicatos ou fosfatos com uma ou mais fontes de micronutrientes, a aproximadamente 1.000º C, seguida de resfriamento rápido com água, secagem e moagem.

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