Soja Intacta: Uma das alternativas contra a helicoverpa

Esta será a primeira safra na qual a soja Intacta estará disponível comercialmente - Crédito Shutterstock

Publicado em 11 de novembro de 2014 às 10h05

Última atualização em 11 de novembro de 2014 às 10h05

Acompanhe tudo sobre Bacillus thuringiensis, Biológico, Glifosato, Helicoverpa, Herbicida, Lagarta, MIP, Percevejo e muito mais!

 

Décio Luiz Gazzoni

Pesquisador da Embrapa Soja e membro do CESB

Esta será a primeira safra na qual a soja Intacta estará disponível comercialmente - Crédito Shutterstock
Esta será a primeira safra na qual a soja Intacta estará disponível comercialmente – Crédito Shutterstock

A soja Intacta reúne duas biotecnologias: apresenta resistência ao glifosato, porque incorpora o evento RR2 (que vem a substituir a primeira geração, RR1), e que permite o uso do herbicida sobre toda a lavoura, controlando as ervas daninhas, sem que o grão seja afetado, além de ser introduzido um gene da bactéria Bacillus thuringiensis, utilizada há muitas décadas como um inseticida biológico para controlar lagartas.

Assim, a proteína tóxica gerada pelo B. thuringiensis ” aquela que controla as lagartas ” é produzida também na planta de soja. Logo, as lagartas que se alimentarem de folhas ou outras partes e que ingerirem a quantidade suficiente da proteína tóxica, acabam morrendo.

Para os produtores

Esta será a primeira safra na qual a soja Intacta estará disponível comercialmente. A vantagem de seu uso advém das características transgênicas, ou seja, é possível controlar as ervas daninhas usando um herbicida de ação total, como o glifosato ” que mata as plantas daninhas mas não a soja; e, também, é possível controlar as principais lagartas que atacam a soja, sem o uso de inseticidas químicos.

Contra a Helicoverpa armigera

Em diversos estudos realizados no Brasil, a soja Intacta demonstrou bom controle da lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), das lagartas falsas medideiras (Chrysodeixis includens e Rachiplusia nu), da lagarta das maçãs (Heliothis virescens) e da broca das axilas (Crocidosema aporema).

Porém, no caso da broca do colo da soja (Elasmopalpus lignosellus) e das helicoverpas (Helicoverpa armigera e H. zea), o controle é apenas parcial. Para essas últimas lagartas, a hipótese mais provável é que a quantidade de proteína tóxica ingerida ao longo do período em que a lagarta se alimenta de soja não é suficiente para matar a totalidade das lagartas, razão pela qual algumas sobrevivem.

Custo

Os royalties cobrados pelo proprietário da tecnologia da soja Intacta são de R$ 115,00 por hectare, os quais devem ser pagos no momento da aquisição da semente. Para utilizar corretamente, os técnicos recomendam o uso de um refúgio equivalente a 20% do total da área de soja de cada propriedade.

Este refúgio nada mais é que o plantio de uma soja convencional, não resistente às lagartas (ou seja, não pode ser a própria Intacta), para permitir que as lagartas suscetíveis à proteína tóxica presente na variedade Bt sobrevivam, e atrasem ou evitem o surgimento da resistência das lagartas à Intacta, o que impediria o seu uso no futuro.

Na área de refúgio, as lagartas devem ser controladas seguindo as recomendações usuais do Programa de Manejo de Pragas da Soja ” MIP Soja.

A análise de custo benefício ex-ante é complexa, porque cada propriedade é um caso diferente das demais, variando a intensidade do ataque de lagartas, o número de aplicações e o preço do inseticida usado.

Logo, cada produtor deve comparar o valor dos royalties (R$115,00/hectare) com o custo de aplicação (inseticida + pulverizador) que incide no seu custo de produção, para o controle de lagartas. E adicionar outros aspectos que julga importantes, como a conveniência, o menor risco de perda de produção e atraso de aplicação, devido as condições climáticas, etc.

É importante ressaltar que a Intacta não controla os percevejos e os cuidados de monitoramento desta praga para decidir o momento correto para seu controle continuam sendo necessários.

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