Pesquisa identifica provável causa da soja louca 2

Publicado em 6 de setembro de 2015 às 07h00

Última atualização em 6 de setembro de 2015 às 07h00

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Anomalia de nome curioso tem provocado reduções de produtividade de até 60% em lavouras de soja

 

Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) identificaram a provável causa da soja louca 2, distúrbio que faz com que a planta não produza vagens, o que a impede de concluir seu ciclo. O nematoide Aphelenchoidessp. foi apontado em estudos como agente causador do problema.

As perdas nas áreas afetadas pela soja louca 2 têm sido caracterizadas pela redução da produtividade em função do elevado índice de abortamento de flores e vagens e do alto percentual de desconto no valor da soja, devido à presença de impurezas, ou seja, pedaços de tecido verde e grãos podres, que propiciam apodrecimento da massa de grãos.

A incidência de soja louca 2 aumentou significativamente a partir da safra 2005/06, principalmente nas regiões produtoras mais quentes do Brasil, nos Estados do Maranhão, Tocantins, Pará e Mato Grosso. Os maiores índices de ocorrência da doença foram em anos com maior frequência de chuvas, na entressafra e início de safra.

Projeto

Desde 2011, a Embrapa Soja implementou um projeto de pesquisa multidisciplinar em parceria com várias outras instituições, com o objetivo de investigar as possíveis causas da doença e dar suporte ao monitoramento da ocorrência do problema no Brasil.

Essa pesquisa identificou a presença sistemática do nematoide Aphelenchoidessp. nas amostras analisadas de tecidos de plantas com sintomas de soja louca 2, com maior concentração em nós reprodutivos e folhas sintomáticas.

O pesquisador da Embrapa Soja, Maurício Meyer, explica que os sintomas desta doença foram reproduzidos em plantas sadias, inoculadas com Aphelenchoidessp., indicando que a presença do nematoide tem implicações na manifestação do problema. Segundo Maurício, após exaustivos estudos da doença foram descartadas as hipóteses de possíveis causas por ácaros ou vírus. “Ainda não foi confirmada nenhuma das causas abióticas estudadas, tais como desequilíbrio nutricional, efeito de herbicidas e do ambiente“, ressalta.

O estudo observou ainda que sistemas de cultivo com rigoroso controle de plantas invasoras, em pré e pós-semeadura, têm revelado maiores reduções de incidência da soja louca 2.

Resultados

De acordo com a pesquisadora da Epamig,LucianyFavoreto, amostras da parte aérea das plantas com sintomas de soja louca 2 foram analisadas no laboratório de Nematologia da Epamig, em Uberaba, no período de março a junho de 2015.

Segundo a pesquisadora, estes resultados foram muito importantes para a continuidade dos estudos. “Com uma população pura do nematoide foi possível realizar o estudo conhecido como ‘Postulado de Koch’, que preconiza que o patógeno vindo de uma cultura pura deve ser inoculado em plantas sadias da mesma espécie ou variedade na qual apareceu, e deve provocar a mesma doença nas plantas inoculadas.

Luciany explica que o patógeno puro foi enviado para Maurício Meyer, que inoculou em plantas de soja sadias e observou que após 12 dias elas começaram a apresentar os mesmos sintomas das plantas doentes. “Estas plantas doentes nos foram enviadas, e em análise em nosso laboratório observou-se uma expressiva quantidade deste nematoide. Desta forma, provou-se que o Aphelenchoidessp. é o provável agente causador da soja louca 2“, diz a pesquisadora.

Ela acrescenta que as populações puras, que estão sendo multiplicadas no laboratório de Nematologia da Epamig, em Uberaba, serão úteis para estudos posteriores sobre sua patogenicidade e taxonomia.

Segundo os pesquisadores, o próximo passo será a implementação de novos estudos voltados para a investigação dos aspectos da biologia do nematoide, tais como as formas de sobrevivência, plantas hospedeiras alternativas, colonização e infecção na soja, para definir claramente as medidas de controle a serem preconizadas.

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