Milho + crotalária – Benefícios sem fim

Publicado em 1 de outubro de 2016 às 07h00

Última atualização em 1 de outubro de 2016 às 07h00

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Anastácia Fontanetti

Doutora e professora do Departamento de Desenvolvimento Rural do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos- UFSCar

anastacia@cca.ufscar.br

O plantio de milho com crotalária é uma excelente opção para o sistema agrícola. Entre as vantagens do cultivo em consórcio ou em sucessão a essa leguminosa destacam-se: o aporte de nitrogênio no solo via fixação biológica de nitrogênio atmosférico, aumento da matéria orgânica do solo (contribuindo para melhorar a estrutura do solo, aumentando a porosidade e a infiltração de água e reduzindo a compactação), redução do banco de sementes e emergência das plantas daninhas, redução da amplitude térmica do solo (contribuindo para a maior atividade microbiana e reciclagem de nutrientes) e ainda, dependendo da espécie de crotalária utilizada, há redução de algumas pragas, como os nematoides.

O manejo

No consórcio de milho com as crotalárias devem-se escolher espécies de porte mais baixo como, por exemplo, a Crotalariaspectabilis, mais utilizada, ou a Crotalariabreviflora, pois essas não podem competir com o milho por água, luz e nutrientes.

O consórcio do milho com a C. spectabilis já foi estudado por pesquisadores da Embrapa e é denominado Sistema Santa Brígida. O preparo do solo é semelhante ao cultivo convencional, e no caso do Sistema de Plantio Direto a dessecação da palhada deve acontecer com duas a três semanas de antecedência do semeio do milho e da crotalária para evitar fitotoxidez.

Para cultivo do milho em espaçamento reduzido (0,5 m) as sementes de crotalária podem ser misturadas com o fertilizante e semeadas na mesma linha do milho, simultaneamente.A população final de crotalárias deve ser de quatro a cinco plantas por metro. Em plantios de milho com espaçamentos maiores (0,8 a 1,0 m), recomenda-se semear uma linha de crotalária entre as linhas do milho.Ela pode ser semeada simultaneamente ao milho ou quando ele estiver com quatro folhas, aproveitando o momento da adubação nitrogenada em cobertura.

A adubação do milho deve seguir a recomendação para a produtividade almejada e baseada na análise de solo.

No cultivo de milho em sucessão àcrotalária podem-se escolher espécies de porte alto, com maior produção de biomassa, como por exemplo: Crotalariajuncea e a Crotalariaochroleuca.

No entanto, essas são espécies de verão e sensíveis ao fotoperíodo, e por isso devem ser semeadas a partir de setembro (desde que haja precipitação), e manejadas (cortadas, dessecadas ou incorporadas ao solo) no mínimo 90 dias após a emergência (para que se alcance valores iguais ou superiores a 6 t ha-1 de massa seca). Esse fato pode atrasar o plantio e, consequentemente, a colheita dos grãos de milho, o que tem despertado o interesse dos agricultores pelo consórcio.

A densidade de sementes de C. juncea, se semeadas em linhas espaçadas a 0,5 m é de 25 ou de 30 kg ha-1, se forem semeadas a lanço. O espaçamento entre as linhas dacrotalária pode ser reduzido para 0,30 m quando se desejar o fechamento mais rápido da área.

 

Milho plantado com crotalária - Crédito Miriam Lins
Milho plantado com crotalária – Crédito Miriam Lins

Produção e colheita

No consórcio, a crotalária é mantida junto com o milho até a colheita, que pode ser mecanizada. Após a colheita, os resíduos do milho e da crotalária podem ser incorporados ao solo (no cultivo convencional) ou deixados em cobertura (no sistema de plantio direto).

Custo

Entre as críticas ao sistema destacam-se o custo das sementes de crotalária e a dificuldade para a compra. Em média, o custo das sementes de C. spectabilis varia entre R$ 8,00 e R$ 10,00 o quilo, perfazendo o custo por hectare de R$ 200,00 a R$ 250,00.

Esse valor pode parecer alto num primeiro momento, mas quando analisamos os benefícios da adubação verde ao longo dos anos, esse custo é amortizado. Há estudos que apontam redução de até 1/3 no uso de herbicidas para controle de plantas daninhas, fato que, além de caracterizar menor custo de produção, é mais sustentável.

Outras pesquisas indicam aumento de produtividade do milho em função do maior aporte de nitrogênio ao sistema. É necessário destacar que a manutenção da fertilidade nos solos tropicais, geralmente muito intemperizados, depende da adição da matéria orgânica. Além disso,os resíduos vegetais e as raízes da crotalária, ao se decomporem, agregam matéria orgânica ao solo.

Essa matéria você encontra na edição de outubro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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