Clones de café resistentes ao bicho-mineiro e ferrugem

O melhoramento genético do cafeeiro visa o lançamento de cultivares com boa produtividade e qualidade, atendendo assim à demanda dos cafeicultores. Essas características são aliadas a diversas outras que contribuem para o objetivo inicial. Uma das técnicas utilizadas no programa é a clonagem de cultivares que apresentem características de interesse.
Clone de café - Crédito: Marcelo André

Publicado em 7 de junho de 2020 às 11h03

Última atualização em 7 de junho de 2020 às 11h03

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Autores

Luciane Gonçalves Torreslucianetorres21@hotmail.com

Jean dos Santos Silvasantos.jean96@yahoo.com.brEngenheiros agrônomos e mestrandos em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)

O melhoramento genético do cafeeiro visa o lançamento de cultivares com boa produtividade e qualidade, atendendo assim à demanda dos cafeicultores. Essas características são aliadas a diversas outras que contribuem para o objetivo inicial. Uma das técnicas utilizadas no programa é a clonagem de cultivares que apresentem características de interesse.

A prática de clonagem do cafeeiro trouxe a possibilidade de lançamento de cultivares resistentes às pragas e doenças primárias que atingem essa cultura, sendo elas, por exemplo e respectivamente, o bicho-mineiro e a ferrugem.

O bicho-mineiro é uma praga que afeta a cultura em qualquer estágio de maturação, penetrando no fruto e levando à depreciação ou até à perda do mesmo, enquanto a ferrugem é uma doença provocada por um fungo que leva à queda precoce das folhas e também dos ramos.

Genética a favor da cafeicultura

Os clones de café vieram como uma alternativa eficiente de prevenir o ataque da praga e da doença, uma vez que as mudas já apresentam o mecanismo necessário para resistir a elas, quando surgirem nas lavouras.

Manejo

A técnica de clonagem se inicia com a seleção das plantas matrizes. Uma das maneiras de realizar essa prática é selecionando plantas escolhidas em meio a uma lavoura atacada pela praga ou doença, mas que apresentam menor sinal de ataque, se mostrando capaz de resistir àquela situação.

Exemplo de seleção foi o realizado pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), quando os pesquisadores observaram que algumas plantas de café arábica cruzadas com outra espécie estavam produzindo plantas resistentes ao bicho-mineiro.

Após a seleção, são recolhidas as folhas e levadas ao laboratório, onde serão higienizadas para retirar fungos e bactérias que possam estar presentes. Em seguida, são cortados pequenos pedaços das folhas e colocados em uma espécie de gelatina que contém nutrientes necessários para o crescimento dos calos.

Este material fica aproximadamente seis meses na ausência de luz e surgem os calos que darão origem às mudas. Durante um certo período, as mudas permanecem em casas de vegetação, com umidade e temperatura controladas para garantir a sobrevivência das mesmas, que serão posteriormente levadas ao campo.

Relação com a produtividade

O uso de clones resistentes a fatores que possam afetar a produtividade da lavoura, como a ferrugem e o bicho-mineiro, é uma alternativa para prevenir o ataque. As cultivares desenvolvidas para resistência, sejam elas para o bicho-mineiro e/ou ferrugem, possuem outras características importantes que contribuem para sua indicação, como boa capacidade produtiva, que é semelhante ou superior aos padrões suscetíveis, como Catuaí e Mundo Novo, o bom vigor das plantas, que garante sua recuperação pós-estresse por carga e a produção de frutos de boa qualidade. Sendo assim, o uso de cultivares resistentes contribuirá para garantir o potencial produtivo proposto pela cultivar.

Em campo

Em estudo realizado por Carvalho et al. em 2013, avaliando o comportamento agronômico de clones com resistência ao bicho-mineiro e à ferrugem nas cidades de Varginha e Boa Esperança, ambas em Minas Gerais, os resultados evidenciaram que é possível obter produtividades superiores às de cultivares comerciais propagadas por sementes mediante a utilização de clones propagados por embriogênese somática. Foram avaliados sete clone com resistência ao bicho-mineiro e/ou ferrugem, e todos eles apresentaram alta resistência.

Erros

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Ao utilizar mudas clonadas de café, que apresentem resistência a pragas e doenças, pode ocorrer que os produtores negligenciem outras medidas preventivas, levando a lavoura a uma maior suscetibilidade a outros fatores que possam atingi-la. É preciso esclarecer que a resistência pode ser quebrada por novas raças de patógeno. Ainda, recebendo menor atenção aos cuidados fitossanitários, a lavoura pode ficar exposta a outras pragas e doenças.

É de suma importância que os cafeicultores mantenham os mesmos cuidados preventivos, mesmo utilizando mudas clonais com resistência a algum fator. Uma lavoura sadia e bem cuidada é capaz de manter sua produtividade e apresentar os resultados esperados. Para produzir um café de qualidade, todas as medidas de cuidados contribuirão para este fim.

Investimento

Segundo uma análise de custo realizada por Carvalho et al., o custo de produção de uma muda de café a partir de embriogênese somática foi de R$ 0,97 para uma produção anual de 400.000 mudas, utilizando-se o plantio de embriões diretamente em tubetes.

Quando é realizada a etapa de produção de plântulas em potes in vitro, o custo de produção passa a ser de R$ 1,34.

Redução do custo

O uso de cultivares resistentes ao bicho-mineiro e ferrugem contribui para a redução do uso de agrotóxicos e, consequentemente, do custo de produção. Ainda, são escassos os estudos comparativos entre o custo-benefício de se utilizar mudas clonais em substituição às mudas produzidas por sementes.

Mudas produzidas por embriogênese somática ainda encontram como dificuldade o estabelecimento em campo e custo elevado, quando comparadas às demais técnicas de produção de mudas de café.

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