As decisões de produção devem começar com o mercado de destino

Publicado em 26 de maio de 2017 às 19h10

Última atualização em 26 de maio de 2017 às 19h10

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Franco Borsari

Engenheiro agrônomo e diretor geral da Green Has do Brasil Nutrição Vegetal Ltda

 

Crédito Shutterstock
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O aumento da produtividade agrícola para alimentar a crescente demanda da população tem estado nos planos de desenvolvimento do governo por anos, mas há muitos outros aspectos a serem desenvolvidos antes do agricultor correr para investir em tecnologias de informação.

Por exemplo, aplicações da internet com a promessa de uma agricultura inteligente para mudar o sistema tradicional baseado na intuição por outro, baseado na previsão e na tomada de decisão objetiva. Não se trata de iniciar a digitalização de todos os processos, mas sim de aprender a utilizar os dados digitados a partir de dispositivos já presentes em muitas operações de produção.

Trata-se, enfim, de otimizar a tomada de decisão e agregar valor ao produto final. Portanto, vamos começar com o que já sabemos.

O valor agregado de um produto é a diferença entre o que o consumidor está disposto a pagar e o custo real de produção. Produtores sabem (ou deveriam saber) o que custa para produzir uma safra, mas não sabem o quanto um consumidor vai pagar e os atributos que justificam um preço mais elevado.

Além disso, os atributos podem mudar de acordo com o mercado de destino ” seja pela localização geográfica, cultura regional ou índice demográfico. Se concordarmos que conhecer o mercado é essencial para a sobrevivência da empresa no setor alimentício, não podemos nos conformar em apenas conhecê-lo, mas sim em utilizar nosso conhecimento como ponto de partida para uma tomada de decisão.

Não estamos falando em empreender uma investigação profunda e cara sobre o mercado com a esperança de encontrar qualquer informação privilegiada que ofereça uma vantagem competitiva, mas sim de aproveitar os dados já disponíveis e acessíveis por meio de associações e sindicatos, ou ainda organizações nacionais e internacionais que publicam regularmente informações de mercado.

Ao capitalizar a informação disponível, não devemos fazê-lo sozinho, mas coletivamente. Um só agricultor não vai influenciar e promover o consumo de um determinado produto, ou a percepção do consumidor sobre o valor de um produto.

É irrealista tentar mudar um canal de distribuição, ou criar uma necessidade do consumidor, mas podemos, no coletivo, juntar esforços existentes nesse sentido.

Diversificação

Hoje em dia, tanto se fala em diversificar produtos e mercados, portanto, explore suas opções antes de iniciar uma mudança radical. Há muitos pontos em comum nos mercados com alto poder aquisitivo.

Nos mercados mais sofisticados, como os Estados Unidos, União Europeia e Japão, os consumidores de frutas frescas e legumes decidem sua compra por produtos de qualidade, saborosos, de fácil preparo, saudável, baixo desperdício, baixo teor de resíduos químicos, com uma história concreta e transparente do comércio justo, responsabilidade social e sustentabilidade, mas no momento da compra, o fator mais importante continua sendo a percepção (não necessariamente a realidade) qualidade/preço.

Portanto, você deve oferecer produtos com essas características – plantar variedades de demanda adequada, fazer mudanças de gestão para reduzir os níveis de resíduos, trabalhar com um marketing para a apresentação dos produtos e garantir que o seu mercado-alvo perceba o valor.

Não espere que o mercado lhe intua e escreva sobre o pacote de qualidade necessária.Assim, a melhor decisão que você pode tomar é focar na qualidade esperada do seu mercado-alvo para depois planejar suas ações de produção, e não vice-versa. Priorize o que você sabe ou pode facilmente compreender e aja em conformidade com sua capacidade.

Essa matéria você encontra na edição de junho 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

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