Ácidos húmicos disponibilizam fósforo para as plantas

Ácidos húmicos disponibilizam fósforo para as plantas - Crédito Shutterstock

Publicado em 26 de maio de 2015 às 07h00

Última atualização em 26 de maio de 2015 às 07h00

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Nilva Teresinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)

nilva@unipinhal.edu.br

 Ácidos húmicos disponibilizam fósforo para as plantas - Crédito Shutterstock
Ácidos húmicos disponibilizam fósforo para as plantas – Crédito Shutterstock

Quando se considera a agricultura nos trópicos, o fósforo é um elemento chave. Os solos tropicais são normalmente derivados de material de origem (rochas) pobres no referido elemento e se apresentam com alto potencial fixador do referido nutriente.

Mas, o que é fixação de fósforo? Nada mais é do que a retenção do nutriente em questão em formas não disponíveis às plantas. Os solos tropicais são portadores de minerais de argila 1:1 (como a caulinita), que tem alta capacidade de retenção de fósforo (e de outros nutrientes, como o zinco, por exemplo).

Como tais solos são, normalmente, ácidos, a disponibilidade de cobre, zinco, ferro, manganês e alumínio é, frequentemente, alta. Tais elementos reagem com o fósforo tornando-o indisponível às plantas. O fósforo está presente na fase sólida e líquida do solo, retido pelos hidróxidos ou óxidos de Fe e Al, com o Ca, e com a matéria orgânica, ou livre na solução do solo.

A quantidade prontamente disponível de P para as plantas é muito baixa, havendo a necessidade de solubilização de P da fase sólida para a solução para suprir as necessidades das culturas. Essa disponibilização depende do pH, do teor de óxidos e de outros fatores que alteram o equilíbrio P-sólido/P-solução.

Solos ácidos

Em solos tropicais ácidos, a mudança do pH na rizosfera e a produção de ácidos orgânicos que competem pelos sítios de adsorção fazem com que o P na forma orgânica seja liberado para a solução, por meio da quelatização de óxidos e hidróxidos de Fe e Al, aumentando, assim, a solubilidade de P no solo.

Dentre os ácidos orgânicos mais ativos para tal quelatização e, portanto, à disponibilização de P, estão: cítrico, oxálico, glucônico, lático e málico. Porém, os ácidos húmicos e fúlvicos, compostos mais estáveis e de longa persistência da fração orgânica do solo, também podem competir pelos sítios de adsorção e disponibilizar alguns nutrientes aniônicos, como o fósforo.

A competição entre o P e os ácidos húmicos e fúlvicos pelos sítios de adsorção do solo resulta no aumento da concentração de P na solução.

O fósforo é fundamental para o desenvolvimento das plantas - Crédito Cristiano de Oliveira
O fósforo é fundamental para o desenvolvimento das plantas – Crédito Cristiano de Oliveira

Reposição nutricional

A aplicação constante de esterco animal, a exsudação radicular e o metabolismo dos microrganismos, como fontes naturais de reposição de ácidos orgânicos no solo, podem manter o processo de bloqueio dos sítios de adsorção de P de maneira mais contínua.

É importante lembrar que os ácidos orgânicos de alta massa molecular (ácidos húmicos e fúlvicos) persistem por mais tempo no solo, e são mais efetivos na complexação de elementos tóxicos, como o Al. Portanto, esses compostos podem ser mais importantes que os de baixa massa molecular na inibição da adsorção de P no solo.

Vantagens

O efeito dos ácidos orgânicos no bloqueio dos sítios de adsorção do fosfato é transitório, porém, na prática, tal efeito pode ser vantajosamente explorado. Assim, o emprego de formulados comerciais contendo ácidos húmicos e fúlvicos pode se apresentar como uma alternativa para a liberação de fósforo às plantas (aquele contido naturalmente no solo ou introduzido por práticas agrícolas).

 A aplicação de ácido húmico ajuda no crescimento e desenvolvimento do feijão - Crédito Shutterstock
A aplicação de ácido húmico ajuda no crescimento e desenvolvimento do feijão – Crédito Shutterstock

Essencialidade

O fósforo é um nutriente fundamental para qualquer espécie vegetal: atua como fonte de energia (principalmente na forma de Adenosina Trifosfato ” ATP), entra na estrutura dos ácidos nucleicos ” DNA e RNA, participando, assim, na transmissão e armazenamento das informações genéticas.

O nutriente em questão participa ativamente no metabolismo vegetal: atua na fotossíntese, na formação e quebra dos açúcares, lipídeos e proteínas. É vital na geração de energia e fundamental para enraizamento, desenvolvimento vegetativo, floração e frutificação de qualquer plantio.

Para o feijoeiro

Especificamente em relação ao feijoeiro, pode-se considerar que plantas deficientes em fósforo terão quebra importante na produção. Com carência deste elemento, o estabelecimento da lavoura será sensivelmente prejudicado, o que levará à quebra substancial no florescimento e produção.

Dados de literatura revelam que a cultura extrai cerca de 40 kg de P ha-1, exportando em torno de 20 kg de P ha-1, quantidades muito aquém das requeridas pela cultura quanto ao N e K.

Porém, como os nossos solos são, no geral, pobres em P, e como já se referiu, com alta capacidade de fixação do mesmo e que o elemento praticamente é imóvel no solo, a adubação com tal nutriente é fundamental em nosso meio.

Principalmente os solos tropicais e argilosos podem adsorver ácidos orgânicos com grande energia, ocupando os sítios de adsorção de fosfato, aumentando a disponibilidade deste elemento para as plantas. A adição de formulados contendo os tais ácidos pode ajudar no provimento de fósforo às plantas.

Ressalta-se, ainda, que esses ácidos podem formar complexos organometálicos estáveis com elementos como o Fe e/ou, Al, elementos que podem prejudicar a disponibilidade do P no solo, o que contribui, também, para a oferta do P para o vegetal.

Essa matéria completa você encontra na edição de maio da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira a sua para leitura integral!

 

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