Alga verde no controle da antracnose do feijoeiro

BRS Ametista

Publicado em 12 de janeiro de 2017 às 07h24

Última atualização em 12 de janeiro de 2017 às 07h24

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Felipe Augusto Moretti Ferreira Pinto

Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e pesquisador da Epagri/ Estação Experimental de São Joaquim

felipemoretti113@hotmail.com

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O feijão (Phaseolusvulgaris L.) é um dos alimentos mais consumidos pelo brasileiro, e por isso tem grande importância econômica e social, pois gera milhares de empregos direta e indiretamente em diversos níveis.

O cultivo dessa leguminosa é bastante difundido em todo o território nacional por apresentar alta adaptabilidade a condições climáticas, porém, um grande desafio é o aumento da produtividade. Dentre os principais fatores da baixa produtividade do feijoeiro, encontram-se as doenças.

A antracnose

A antracnose está amplamente distribuída no Brasil, especialmente nas regiões sul e sudeste e em áreas serranas como as da região sul de Minas Gerais. Ocorre com maior intensidade também no Paraná e no Rio Grande do Sul. No mundo há relatos de problemas com essa doença no México, Colômbia e Venezuela. No Sul de Minas, as ocorrências frequentes de temperaturas moderadas, aliadas à alta umidade, favorecem o desenvolvimento da doença.

O fungo Colletotrichumlindemunthianum ataca a parte aérea da planta, sendo nessa região observados os sintomas da antracnose. Os sintomas típicos são encontrados nas vagens, ocorrendo lesões circulares, com coloração marrom a escura e, dependendo do estágio da infecção, apresentam depressões no centro dessas lesões e uma massa de esporos de cor rosada.

Controle

Para controle da antracnose, os métodos mais utilizados são baseados em cultivares resistentes e pulverizações de fungicidas. Entretanto, existe a demanda crescente dos consumidores por alimentos livres de agrotóxicos aliada ao aumento nos custos da produção, contaminação do ambiente e a seleção de patógenos resistentes, fatores que favorecem a utilização de métodos alternativos para o controle de doenças.

A utilização de extratos de algas marinhas surge como alternativa menos agressiva ao homem, ao ambiente e com menor custo para o produtor.

Antracnose em feijão - CréditoGiovani BeluttiVoltolini
Antracnose em feijão – CréditoGiovani BeluttiVoltolini

As algas

As macroalgas marinhas são consideradas fontes promissoras de compostos bioativos que possuem diferentes propriedades biológicas, funcionando como antibacterianas, antifúngicas, antivirais, anti-inflamatórias, anti-helmínticas, antileishmaniose, antimalária, antioxidantes, antitumorais, etc.

A Ulva fasciata é uma alga verde, popularmente conhecida como alface do mar, que possui ampla distribuição no litoral catarinense e paranaense. Foi estudada por um grupo de pesquisadores liderado por MarcielStadnik, professor da Universidade Federal de Santa Catarina. Estes concluíram que metabólitos provenientes desta alga, chamada de ulvana, possuem capacidade de exercer controle em variados patossistemas, especialmente contra antracnose do feijoeiro.

A ulvana é um heteropolissacarídeo sulfatado solúvel em água, extraído das paredes celulares de algas marinhas do gênero Ulva, representando de 08 a 29% do peso seco da alga. Este polissacarídeo é composto por ramnose, xilose, glicose, manose, galactose e ácidos urônicos.

Em condições de casa-de-vegetação, verificou-se que a aplicação foliar preventiva de ulvana, em feijão, é capaz de reduzir a severidade da antracnose em 40%.  O mecanismo de ação da ulvana para controle da antracnose provavelmente é por meio de indução da resistência do feijoeiro, já que em testes in vitro, a ulvana não inibiu o crescimento micelial e a germinação de conídios de C. lindemunthianum.

Por se tratar de indução de resistência, devem ser feitas aplicações de forma preventiva com intervalo de sete a dez dias entre cada aplicação. A ulvana deve ser aplicada em concentração de 10 mg/ml. Em estudos realizados constatou-se que duas aplicações de ulvana são mais eficientes do que uma aplicação e que o efeito de duas aplicações do polissacarídeo persistiu por pelo menos nove dias após o último tratamento.

Custo-benefício

A relação custo-benefício no uso de Ulva fasciata visando o controle de doenças é boa, pois se trata de um organismo abundante em determinados lugares do Brasil, assim não possui alto custo, porém, o agricultor deve fazer o uso associado a outras ferramentas do manejo. Além disso, ainda são necessários mais estudos para viabilizar e formular um produto a partir da Ulva.

 

Essa matéria você encontra na edição de janeiro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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