Abobrinha: plantas daninhas sob controle

A interferência exercida pelas plantas daninhas constitui um dos fatores que mais limita a produtividade da abobrinha, sendo que sua presença no campo pode gerar perdas na produção de raízes que variam de 39 a 100%.
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Publicado em 30 de janeiro de 2025 às 08h01

Última atualização em 30 de janeiro de 2025 às 08h01

Acompanhe tudo sobre Abobrinha, plantas daninhas e muito mais!

Dhyene Rayne dos Santos Becker
Engenheira agrônoma, mestra em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará (UFPA)
drayneagro@gmail.com

As principais plantas que afetam a produção de abobrinha (Cucurbita pepo) podem variar dependendo da região, mas algumas espécies comuns incluem gramíneas invasoras, principalmente as plantas pertencentes à família Poaceae, como capim-colonião (Panicum maximum), que compete por água, luz e nutrientes.

Outras espécies, como tiririca (Cyperus rotundus), caruru (Amaranthus spp.), picão-preto (Bidens pilosa) e corda-de-viola (Ipomoea spp.) possuem crescimento rápido e competem prejudicialmente por nutrientes e podem somar-se a altas infestações, limitando o desenvolvimento da cultura e dificultando os processos de colheita.

As plantas daninhas citadas aparentemente competem com abobrinha por água, nutrientes e luz solar, podendo reduzir significativamente o crescimento e o rendimento da cultura.

Manejo

Muitas plantas específicas, como Cyperus rotundus, possuem estruturas de reprodução subterrâneas, o que dificulta o manejo. A erradicação total pode ser difícil e cara. Em infestações severas, as daninhas podem impactar diretamente a qualidade dos frutos, resultando em deformações, crescimento insuficiente ou perda até total da produção.

Espécies como Ipomoea spp dificultam o acesso às plantas de abobrinha e podem aumentar o tempo e o esforço necessário para a colheita. O manejo eficaz dessas plantas geralmente envolve uma combinação de controle químico (herbicidas), mecânico (capinas) e práticas culturais, como a rotação de culturas.

Dicas

A redução do espaçamento entre fileiras da abobrinha pode auxiliar no controle de ervas invasoras de várias maneiras, principalmente pela criação de condições menos favoráveis para o crescimento dessas plantas.

Podemos destacar o sombreamento mais rápido do solo, visto que, com fileiras mais próximas, as abobrinhas desenvolvem uma cobertura vegetal mais densa e fechada em menos tempo.

Essa cobertura reduz a quantidade de luz solar que atinge o solo, o que inibe a germinação e o crescimento das plantas daninhas, que necessitam de luz para se desenvolver.

Ainda, observa-se redução da área exposta para colonização, pois o aumento da densidade das plantas de abobrinha deixa menos espaço livre entre as fileiras onde as ervas daninhas podem germinar e crescer. Isso diminui as áreas expostas de solo, dificultando a emergência das plantas daninhas.

Controle eficiente

Outro benefício que podemos citar é o controle natural e redução da necessidade de herbicidas. Isso porque, com menor espaço entre as fileiras e mais competição direta das plantas cultivadas, a infestação de ervas invasoras pode ser naturalmente controlada, reduzindo a dependência de herbicidas e a necessidade de intervenções mecânicas, como capinas frequentes.          

Além do espaçamento reduzido, várias outras técnicas de manejo têm se mostrado eficazes no controle de plantas daninhas em cultivos de abobrinha. Essas técnicas podem ser utilizadas de forma integrada para otimizar o controle e reduzir a competição das plantas invasoras.

Podemos citar a cobertura do solo, como palha ou materiais orgânicos (palha de arroz, restos de culturas), ou coberturas sintéticas, como filmes plásticos, que impede a germinação de plantas daninhas ao bloquear a luz solar e reduzir o espaço disponível para o crescimento.

Além disso, o mulching ajuda a conservar a umidade do solo e regular a temperatura, beneficiando a cultura. A capina manual ou mecânica que ainda é uma prática comum, especialmente em pequenas propriedades. Embora mais trabalhoso, esse método é eficaz para o controle de plantas daninhas em estágios iniciais de crescimento. No entanto, a capina deve ser feita com cuidado para evitar danos ao sistema radicular da abobrinha.

Rotação de culturas a favor da abobrinha

Outras técnicas muito interessantes no espaçamento reduzido envolvem a rotação de culturas, adubação verde e manejo integrado de pragas e plantas daninhas (MIP). A rotação de culturas com espécies que apresentam um ciclo diferente ou que sejam mais competitivas contra plantas daninhas ajuda a reduzir o banco de sementes das ervas invasoras no solo.

Culturas como milho ou leguminosas podem ser usadas alternadamente com a abobrinha para controlar populações de ervas daninhas e melhorar a qualidade do solo. Com relação à adubação verde, o uso de plantas de cobertura entre safras, como mucuna e crotalária, pode ajudar a suprimir plantas daninhas ao ocupar o solo durante períodos em que ele ficaria exposto.

Essas plantas também melhoram a estrutura do solo e aumentam a fertilidade, criando um ambiente menos propício para ervas invasoras. Já o MIP é uma abordagem que combina diversas técnicas de controle de ervas daninhas e pragas, de modo a minimizar o uso de produtos químicos e reduzir impactos negativos no meio ambiente.

Isso pode incluir o monitoramento frequente da área, o uso de controle biológico e o manejo cultural, como o plantio direto, que preserva a estrutura do solo. Todas essas estratégias podem ser combinadas em um manejo integrado de plantas daninhas, maximizando a eficácia e minimizando os impactos negativos no ambiente e na produção de abobrinha.

Como maximizar a produção

O controle adequado de plantas originais no cultivo da abobrinha é essencial para garantir o crescimento saudável das plantas e maximizar a produção. As plantas daninhas competem com a absorção por nutrientes, água, luz e espaço, podendo comprometer o rendimento se não forem controladas nos períodos críticos.

O período crítico para o controle de plantas aparentemente ocorre durante as fases iniciais do desenvolvimento da abobrinha, quando a planta é mais suscetível à competição. As fases mais sensíveis são os primeiros 20 a 40 dias após a emergência (DAE) – que é quando as plântulas de abobrinha estão em fase de desenvolvimento vegetativo e suas raízes ainda são pouco profundas, e o período após a emergência, porque a abobrinha está em crescimento rápido, formando folhas, pressas e flores.

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