Trichoderma controla fitonematoides e aumenta produtividade da soja

Publicado em 2 de março de 2018 às 19h38

Última atualização em 2 de março de 2018 às 19h38

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Gerusa PauliKistSteffen

Doutora em Ciência do Solo e pesquisadora do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação (SEAPI)

JoseilaMaldaner

Doutora em Fisiologia Vegetal e pesquisadora do DDPA da SEAPI

Evandro Luiz Missio

Doutor em Engenharia Florestal e pesquisador do DDPA da SEAPI

Ricardo BemficaSteffen

Pesquisador, doutor em Ciência do Solo epós-doutor em Organismos do Solo e Insumos Biológicos para a Agricultura

agronomors@gmail.com

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

O mercado de bioprodutos associados à cultura da soja está em ascensão no Brasil. Dentre as alternativas biológicas disponíveis estão produtos à base de fungos do gênero Trichoderma utilizados para o controle de fitonematoides e de algumas importantes doenças de solo. Estes fungos, conhecidos pelos agricultores apenas por Trichoderma, atuam no sistema radicular das plantas e promovem incrementos de produtividade tanto pelo controle de fitopatógenos quanto pela promoção do crescimento vegetal.

A aplicação de Trichodermano campo pode ser realizada via semente, no substrato, no sulco de semeadura ou mesmo via foliar, como é recomendado para a cultura da soja. Dentre estas técnicas, o tratamento de sementes é interessante, por possibilitar a proteção contra patógenos do solo já no processo de semeadura.

Esta técnica, conhecida como microbiolização de sementes, resulta em benefícios à germinação, à emergência, ao desenvolvimento das plântulas e à produção de grãos, uma vez que protege sementes e plântulas da ação prejudicial de alguns gêneros fúngicos e bacterianos comuns no solo, que são causadores de podridões severas.

Trichoderma em meio de cultura sólido - Crédito Ricardo BemficaSteffen
Trichoderma em meio de cultura sólido – Crédito Ricardo BemficaSteffen

Ação

Uma vez em contato com a semente, sistema radicular ou folhas da planta, o Trichoderma atua na prevenção ou erradicação de doenças. O sucesso deste gênero fúngico benéfico no controle de doenças em plantas está intimamente relacionado à versatilidade dos seus mecanismos de ação contra os fitopatógenos.

Estudos comprovaram que diferentes espécies de Trichodermasp. atuam de forma antagônica sobre patógenos de plantas por meio de parasitismo, hiperparasitismo e micoparasitismo, competição, indução da resistência e antibiose.

Em condições de parasitismo, hiperparasitismo e micoparasitismo, o Trichoderma utiliza os fitopatógenos como alimento, consumindo suas reservas e produzindo enzimas hidrolíticas, quitinases, proteases, glucanases e lipases, tóxicas para o hospedeiro. A competição é um dos principais mecanismos de ação de Trichoderma, competindo por espaço, luz, água, nutrientes e oxigênio com os fitopatógenos.

O Trichoderma também pode atuar na indução de resistência nas plantas, mecanismo desencadeado pelo estímulo a atividades de enzimas do tipo quitinases, glucanases e peroxidases. Estas enzimas possibilitam que a planta reconheça a presença do patógeno e, desta forma, desencadeiam na planta a síntese de outras enzimas envolvidas no processo de resistência ao causador da doença. Já pelo mecanismo conhecido como antibiose, o Trichoderma produz um ou mais metabólitos com efeitos tóxicos sobre fitopatógenos, tais como enzimas e compostos com ação antibiótica.

Crédito Shutterstock
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Versatilidade

Além da eficiência no biocontrole de doenças, é reconhecido o potencial do Trichoderma na promoção do crescimento vegetal. Este efeito é decorrente da produção de metabólitos e compostos específicos, como estimulantes de crescimento (fitormônios), enzimas hidrolíticas, sideróforos, antibióticos e permeases de carbono e nitrogênio.

Esta característica permite que ele atue como biopromotor de crescimento, permitindo que a planta tenha acesso a nutrientes solubilizados pelo fungo (em especialfosfatos), e que se encontram pouco disponíveis no solo. Dentre os reguladores de crescimento vegetal produzidos por algumas espécies de Trichoderma, o ácido indol acético (AIA) é um dos mais observados.

Sendo uma auxina, o AIA age inicialmente aumentando o tamanho das células e a divisão celular por diminuir a resistência da parede celular, ocasionando assim o crescimento da planta. Além disso, o AIA atua na indução da dominância apical, ou seja, crescimento em altura, e tem importante papel na iniciação e no crescimento radicular.

Dicas importantes

Há diversas formulações à base de Trichodermano mercado, sendo que existem indicações de uso diferenciadas para o controle de uma gama de doenças de solo que atingem tanto a cultura da soja quanto outros cultivos, como algodão, milho, trigo, café, hortaliças, entre outros. Isso porque os produtos biológicos não funcionam da mesma forma que os produtos químicos em relação ao controle de doenças no campo.

É por isso que o registro de produtos à base de Trichodermapossui especificidade para o controle de determinados patógenos, conforme a comprovada eficiência do isolado que compõe o bioproduto sobre a doença que ataca determinada espécie vegetal.

Trichoderma em meio líquido - Crédito Ricardo BemficaSteffen
Trichoderma em meio líquido – Crédito Ricardo BemficaSteffen

Outro aspecto que deve ser considerado pelos produtores na hora de aplicar um produto biológico são as condições meteorológicas. A eficiência dos produtos biológicos depende diretamente do estabelecimento do microrganismo benéfico nas condições de campo.

Como o ingrediente ativo dos produtos biológicos são organismos vivos, é necessário que eles consigam inicialmente se estabelecer no ambiente agrícola para que possam expressar todo o seu potencial, seja no controle de doenças ou na promoção de crescimento vegetal. Este é o motivo pelo qual se recomenda a aplicação dos produtos biológicos em condições ideais de temperatura e umidade, garantindo assim o estabelecimento dos agentes de controle biológico no ambiente.

A eficiência dos produtos biológicos também pode ser influenciada pelo uso de defensivos químicos. Por isso, é recomendado que o produtor utilize produtos que apresentem compatibilidade entre si, evitando, desta forma, que o efeito dos produtos biológicos seja reduzido ou inibido pelo uso combinado de moléculas químicas.

A maioria dos produtos biológicos apresenta informações quanto à compatibilidade com moléculas químicas no rótulo.

Essa matéria completa você encontra na edição de março 2018 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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