Solução para deficiência de fósforo no algodoeiro

Diante da importância do macronutriente fósforo para o algodão (atuação em processos de transferência de energia das células da planta, crescimento e desenvolvimento), solos com baixos teores de fósforo podem contornar este problema com a fosfatagem, sendo o fósforo um dos nutrientes que mais limita a produção no Cerrado e um dos que tem maior custo no processo produtivo, mas essencial para que se alcance altas produtividades.

Publicado em 25 de abril de 2022 às 08h12

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h18

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Crédito Shutterstock

Victória Chaves Valdovino
Graduanda em Agronomia – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Gisele Elisa Cossa
Maria Juliana Ferreira Perciani
Jéssica Gorri

gorrijer@gmail.com
Engenheiras agrônomas
Luisa Carolina Ricci Lucon
Bióloga

O algodoeiro exige alta fertilidade do solo que recebe a cultura para boa produtividade, principalmente em profundidade, para garantir raízes bem desenvolvidas para absorver água e nutrientes, resultando em fibras de qualidade.
As plantas de algodão, diferente dos cereais, têm um sistema radicular com menor crescimento, sendo que a fase de desenvolvimento das raízes é a vegetativa, que é a mais curta do ciclo. Dessa maneira, já no início da cultura o solo precisa estar apto física e quimicamente.
Referente às características químicas, os cerrados (onde está a maior produção de algodão) têm características de solos tropicais que os tornam pouco ricos nutricionalmente para a cultura em questão, como por exemplo:
• Alto grau de intemperismo;
• Baixos teores de nutrientes;
• Alta quantidade de fósforo não disponível (adsorvido em argila);
• Altos índices de acidez.

Soluções

Uma maneira de contornar alguns dos fatos negativos citados deve ser feita antes mesmo que o manejo de fertilidade tradicional seja realizado, com a calagem, gessagem, potassagem e a fosfatagem.
Diante da importância do macronutriente fósforo para o algodão (atuação em processos de transferência de energia das células da planta, crescimento e desenvolvimento), solos com baixos teores de fósforo podem contornar este problema com a fosfatagem, sendo o fósforo um dos nutrientes que mais limita a produção no Cerrado e um dos que tem maior custo no processo produtivo, mas essencial para que se alcance altas produtividades.

Fosfatagem

 Ação corretiva para fornecer altas doses de fósforo para que os sítios de adsorção fiquem preenchidos e, assim, aumentar a eficiência de posteriores adubações fosfatadas;
 Poupança de fósforo no solo para que desde o início da cultura seja disponibilizada a quantidade adequada do nutriente.

A prática tem como objetivo os seguintes pontos positivos:
• Maior quantidade de fósforo em contato com o solo (disponível para a planta);
• Maior volume de solo explorado pelas raízes;
• Maior absorção de água e nutrientes;
• Maior aproveitamento do fósforo aplicado no sulco de plantio.

Como implantar a técnica

O algodoeiro é uma planta exigente em solos corrigidos em fósforo para se desenvolver e produzir adequadamente. A cultura exige cerca de 25 kg/ha de P2O5 para cada tonelada de algodão em caroço produzida, porém, a resposta a adubação com fósforo depende da dose aplicada, da área de contato, do adubo utilizado e do teor de P disponível na área.
A adubação com P geralmente é realizada de duas maneiras – na primeira aplica-se na linha de plantio toda a quantidade de P que a cultura necessitará no momento da semeadura; na segunda é realizada aplicação de P a lanço com incorporação (pré-semeadura), corrigindo-se o solo até o limite considerado necessário, e no momento da semeadura faz-se a adubação de manutenção com base na extração total da cultura e na produtividade alcançada.
A aplicação de grandes quantidades de P2O5 a lanço com incorporação pode vir a promover o acesso da maior parte do sistema radicular ao fertilizante, pois este se encontrará diluído sobre toda a camada superficial do solo.
Já a aplicação de pequenas quantidades de P2O5 na linha permite colocar no solo, ao lado e abaixo da semente, as quantidades de nutrientes necessárias ao desenvolvimento inicial da planta.
Tanto para a adubação fosfatada de correção para a de manutenção, a escolha do modo de aplicação dependerá de diversos fatores, como a fonte, sistema de preparo, teor de P no solo, sistema de cultivo e declividade do terreno.

Produtividade

O fósforo, no algodoeiro, estimula o crescimento das raízes, sendo importante para o florescimento e desenvolvimento dos frutos. A adubação fosfatada também resulta em maior produtividade das culturas, como por exemplo o favorecimento de produção de massa seca e, na fibra o P favorece o comprimento e resistência da mesma.
Em campo, a adubação fosfatada é uma prática agrícola que tem um elevado custo no cultivo do algodoeiro no Brasil e pode atingir cerca de 20 a 30% do custo total de manejo. Devido a isto, é extremamente importante que a adubação seja realizada de forma eficiente e para que a cultura consiga absorver os nutrientes disponíveis e assim atinja altas produtividades.
Deve-se salientar que a adubação mineral na cultura do algodoeiro deve ser planejada considerando a disponibilidade de nutrientes do solo, exigência nutricional da cultura e os fatores que afetam a eficiência do fertilizante. Para isso, recomenda-se realizar a coleta de solo para análise química e realização da adubação corretiva.

Particularidades

A região do Cerrado brasileiro é caracterizada como a maior produtora de algodão do Brasil e possui solos naturalmente pobres em fósforo, demandando grandes quantidades de fósforo para correção e manutenção dos teores do nutriente no solo.
A adubação fosfatada pode ser realizada de duas formas distintas: a adubação corretiva total, em que o fertilizante é aplicado de uma só vez e posteriormente é realizada apenas a adubação de manutenção, ou então a correção gradativa, pelo fracionamento da adubação de correção sendo aplicada junto à adubação de manutenção na base, pela deposição do adubo na linha de semeadura e a lanço durante o desenvolvimento da cultura.
Ainda, o fósforo pode ser incorporado ou não, dependendo do sistema de semeadura adotado pelo produtor.

Fosfatagem

O fósforo é um nutriente de difícil absorção e a planta do algodoeiro possui sistema radicular rudimentar, com pequena quantidade de raízes secundárias para absorção de nutrientes. Assim, torna a planta pouco responsiva à adubação fosfatada. A prática da fosfatagem vem como uma alternativa para aumentar a eficiência da adubação fosfatada na cultura do algodão.
Sabe-se que as maiores produtividades de algodão são obtidas em solos com disponibilidade de P na classe adequada ou acima dela, ou seja, acima de 15 mg.dm-3 a 20 mg.dm-3 de P extraído pelo método da resina. Com isso, grandes quantidades de P devem ser aplicadas no sistema para garantir altas produtividades.
Em relação aos resultados observados com a implantação da técnica de fosfatagem a campo, a adubação proporciona o aumento do teor de P disponível no solo, permitindo então que a planta do algodoeiro absorva e acumule nas folhas quantidades maiores do nutriente.
Além disso, a fosfatagem acarreta maior crescimento de planta, maior incremento nos componentes de produtividade, como número e massa média de capulhos, além da produtividade de pluma.
Outros aspectos que devem ser considerados são em relação à qualidade da fibra, redução do alongamento à ruptura e índice de amarelecimento, fatores que, atrelados, acarretam uma maior produtividade da cultura. Ainda, a adubação corretiva permite uma redução no uso de fertilizante fosfatado na linha de semeadura, aumentando assim a margem de lucratividade do produtor.

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