
Jean de Oliveira Souza
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Produção Vegetal e professor de Agroecologia – E.E.G.R, Mossoró-RN/Maísa
jeanosouza2030@gmail.com
As principais áreas de produção de cebola estão distribuídas nas regiões sul, sudeste e nordeste, onde predomina a agricultura de base familiar com o emprego de cultivares de polinização aberta.
Já nas principais regiões de produção com alta tecnologia observa-se o predomínio de sementes híbridas nos cultivos. A utilização dessas sementes híbridas no cultivo da cebola é uma estratégia muito interessante, visto que a produtividade pode ser bastante superior em relação a algumas cultivares de polinização aberta.
Genética a favor da produtividade
As sementes híbridas apresentam mais vigor, melhor uniformidade em campo e mais tolerância ao adensamento, características que permitem que essas sementes sejam mais produtivas, e por isso, seja também mais almejada.
Diante do cenário das alterações climáticas globais, os programas de melhoramento têm desenvolvido sementes de cultivares híbridas com resistência aos estresses ambientais, garantindo-lhes alta eficiência produtiva.
Como exemplo, a seleção de cultivares com sementes resistentes a condições abióticas estressantes, como as deficiências hídricas, resultando na obtenção de genótipos com potencial de produção elevado mesmo sob condições adversas do clima.
Técnica de peletização
Já a peletização também é uma tecnologia no segmento de produção vegetal, que consiste no revestimento de sementes com sucessivas camadas de material seco e inerte, dando a elas o formato arredondado, maior massa e acabamento liso, o que facilita a distribuição e o manuseio das sementes, especialmente aquelas muito pequenas, pilosas, rugosas ou de formato irregular.
Essa técnica é usada há bastante tempo, principalmente em hortaliças, como a cebola, leguminosas, florestais e ornamentais, objetivando aumentar o tamanho da semente, bem como alterar sua forma e textura para facilitar a semeadura direta e a plantabilidade.
Vantagens da peletização:
1 – A peletização apresenta vantagens como a melhoria da distribuição manual ou mecânica de sementes, por meio da modificação do tamanho, forma e peso das sementes.
2 – Redução do gasto de sementes em semeadeiras de precisão.
3 – Rapidez e eficiência de plantio, principalmente quando se utiliza distribuição manual;
4 – Possibilidade de utilizar semeadeiras de precisão.
5 – Redução da prática do desbaste, devido ao menor gasto de sementes e menor número de plântulas.
6 – Possibilidade de incorporação de nutrientes, reguladores de crescimento, inoculantes, fungicidas e outros.
7 – Redução dos impactos que as sementes sofrem durante a semeadura; formação de microclima mais uniforme em volta das sementes.
8 – Melhoria da visualização das sementes no solo ou substrato.
Desafios
Apesar das vantagens da peletização, o principal desafio enfrentado com o uso de péletes nas sementes de cebola referem-se à menor emergência total de plântulas, devido ao decréscimo da velocidade de emergência.
Este processo pode afetar a qualidade fisiológica das sementes, que pode ser influenciada pelo material de recobrimento utilizado que, de alguma maneira, parece impedir a chegada de oxigênio até a semente.
Vale a pena?
Estudos constataram a manutenção da qualidade fisiológica das sementes mesmo após a peletização, confirmando que o uso do polímero adequado para cada espécie parece ser a solução mais eficaz para a problemática.
Portanto, o uso de sementes híbridas e peletizadas de cebola favorecerão a sustentabilidade do cultivo, uma vez que cultivares de cebola melhoradas geneticamente terão comportamentos mais previsíveis no campo frente às condições edafoclimáticas em que serão expostas.
A técnica pode ser combinada com a tecnologia do recobrimento das sementes com polímero, que as condicionam a superar condições ambientais desfavoráveis. Essas múltiplas características levarão à obtenção de maiores rentabilidade a longo prazo, e ainda contribuirão para o menor impacto ambiental devido à redução do uso de agroquímicos.
Isso porque sementes mais adaptadas aos locais de produção provavelmente terão maiores produtividades, com menor custo de produção, traduzindo em bom negócio para o produtor.
