Que problemas o tratamento de sementes pode evitar?

Importância do tratamento de sementes para soja e milho - Crédito Ana Maria Diniz

Publicado em 30 de agosto de 2015 às 07h00

Última atualização em 30 de agosto de 2015 às 07h00

Acompanhe tudo sobre Adubação, Colheita, Defensivo, Germinação, Manejo Integrado, Nematoide, Rotação de cultura, Semente, Tratamento de semente, Vagem e muito mais!

 

Daniel Cassetari Neto

Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e professor da Universidade Federal de Mato Grosso ” UFMT/FAMEV

casetari@terra.com.br

Importância do tratamento de sementes para soja e milho - Crédito Ana Maria Diniz
Importância do tratamento de sementes para soja e milho – Crédito Ana Maria Diniz

As culturas da soja e milho estão sujeitas ao ataque de um grande número de patógenos que podem causar prejuízos tanto ao rendimento quanto à qualidade das sementes produzidas. Entretanto, é possível realizar o controle econômico das doenças pela utilização das tecnologias geradas pelas instituições de pesquisa brasileiras, mesmo estando a cultura sob condições climáticas adversas ao seu bom desenvolvimento e, portanto, favoráveis ao ataque das doenças.

Assim sendo, o sucesso no controle dessas enfermidades vai depender das práticas adotadas pelo produtor, a quem cabe, juntamente com a assistência técnica, a tomada de decisões no momento oportuno.

Manejo integrado

No manejo integrado das doenças da soja e milho não se recomendam métodos isolados de controle. Visando obter uma lavoura sadia e, consequentemente, a produção de sementes e grãos de alta qualidade e livres de patógenos, é preciso investir em: adubação equilibrada, uso de cultivares resistentes às doenças, rotação de culturas, aplicação de fungicidas para o controle de doenças de parte aérea e o tratamento de sementes com fungicidas para o controle de fungos das sementes e, em algumas situações, do solo.

Numa visão mais atual, o tratamento de sementes com defensivos visa reduzir ou erradicar a população de patógenos (especialmente fungos e nematoides) associados às sementes ou presentes no solo. Portanto, devem ser considerados fungicidas e inseticidas como promotores de qualidade fitossanitária.

Àesquerda com tratamento de sementes e à direita sem tratamento de sementes - Créidto Daniel Cassetari
Àesquerda com tratamento de sementes e à direita sem tratamento de sementes – Créidto Daniel Cassetari

As sementes na transmissão de patógenos

A maioria das doenças de importância econômica que ocorre nas culturas da soja e milho é causada por patógenos que podem ser transmitidos ou transportados pelas sementes. Isso implica na introdução de doenças em áreas novas ou mesmo a reintrodução em áreas cultivadas nas quais a doença já havia sido controlada pela adoção de práticas eficientes de manejo, como, por exemplo, a rotação de culturas.

Por meio das sementes, esses microrganismos sobrevivem por anos e se disseminam pela lavoura, como focos primários de doenças.

 O tratamento de sementesprotege as plântulas contra fungos do solo - Crédito Luize Hess
O tratamento de sementesprotege as plântulas contra fungos do solo – Crédito Luize Hess

Patógenos-alvos do TS em soja

Um grande número de microrganismos fitopatogênicos pode ser transmitido pelas sementes de soja, sendo o grupo dos fungos o mais numeroso. A ocorrência de fungos em sementes de soja tem sido relatada em diversos países onde a cultura é explorada.

Até 1981 já haviam sido encontradas 35 espécies de fungos transmitidos pelas sementes, sendo que os de maior importância no Brasil são:

ð Phomopsis sojae: este fungo frequentemente reduz a qualidade das sementes de soja, especialmente quando ocorrem períodos chuvosos associados a altas temperaturas, durante a fase de maturação. Este patógeno está frequentemente associado às sementes que sofreram atraso na colheita, principalmente devido à ocorrência de chuvas. Phomopsis spp. é o principal agente causador da baixa germinação de sementes de soja, no teste padrão de germinação no laboratório, à temperatura de 25ºC.

ð Colletotrichum truncatum: é o causador da antracnose, que tem nas sementes o mais eficiente veículo de disseminação. É comum o aparecimento de sintomas nos cotilédones, caracterizado pela necrose dos mesmos, logo após a germinação. Esse fungo pode causar a deterioração das sementes, morte de plântulas e infecção sistêmica em plantas adultas.

ð Cercospora kikuchii: o sintoma mais evidente do ataque deste fungo é observado nas sementes, que ficam com manchas típicas de coloração roxa. Porém, vale ressaltar que nem todas as sementes com este tipo de sintoma apresentam o fungo. Por outro lado, sementes aparentemente sadias (sem a presença da mancha púrpura no tegumento) podem estar contaminadas com este patógeno. Assim, só pelo Teste de Sanidade de Sementes é que se pode ter a certeza da presença ou não desse patógeno nas sementes. Trabalhos têm demonstrado não haver qualquer efeito negativo desse fungo na qualidade da semente.

ð Fusarium semitectum: dentre as espécies de Fusarium, a mais frequentemente encontrada (98% ou mais) em sementes de soja é o F. semitectum, considerada patogênica por afetar a germinação em laboratório. De maneira semelhante à Phomopsis spp., o fungo F. semitectum está frequentemente associado a sementes que sofreram atraso na colheita ou deterioração no campo.

ð Sclerotinia sclerotiorum: causador da podridão branca da haste e da vagem, este patógeno tem nas sementes a sua principal fonte de inóculo primário da doença. A transmissão por semente pode ocorrer tanto pelo micélio dormente (interno) quanto por escleródios misturados às sementes. O fungo, devido à formação de estruturas de resistência (escleródios), é de difícil erradicação após introduzido numa área. Este patógeno produz apotécios sobre seus próprios escleródios, que são as estruturas de sobrevivência.

ð Aspergillus e Penicillium spp.: diversas espécies de Aspergillus e Penicillium ocorrem em sementes de soja. Tem sido observado que, em sementes colhidas com teores elevados de umidade, um retardamento do início da secagem por alguns dias é suficiente para reduzir sua qualidade, devido à ação desses fungos. Quando encontrado em alta incidência, pode reduzir o poder germinativo das sementes. A emergência de plântulas no campo inviabiliza grãos infectados para consumo humano e animal pela produção de micotoxinas.

Foto 04 O tratamento de sementes com fungicidas visa o controle de fungos das sementes Crédito Shutterstock
O tratamento de sementes com fungicidas visa o controle de fungos das sementes Crédito Shutterstock
Foto 05 - O tratamento de sementes com defensivos visa reduzir ou erradicar a população de patógenos Crédito Rigrantec
O tratamento de sementes com defensivos visa reduzir ou erradicar a população de patógenos Crédito Rigrantec
Foto 06 - O tratamento promove uniformidade na germinação e emergência
O tratamento promove uniformidade na germinação e emergência

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