Integração Lavoura-Pecuária-Floresta: 3ª revolução do agronegócio

Integração lavoura, floresta e pecuária - Crédito Gabriel Faria Rezende

Publicado em 19 de fevereiro de 2015 às 14h33

Última atualização em 19 de fevereiro de 2015 às 14h33

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Integração lavoura, floresta e pecuária - Crédito Gabriel Faria Rezende
Integração lavoura, floresta e pecuária – Crédito Gabriel Faria Rezende

 

O Brasil tem 100 milhões de hectares de pastagens nativas e/ou degradadas para intensificar a produção de grãos, eucalipto e gado e, assim, cumprir o papel que tem no fornecimento de alimentos para atender à demanda global. Até 2020 o mundo precisa aumentar em 20% a atual produção de alimentos, e o Brasil precisa participar com 40% desse crescimento para atender as necessidades da população global. Isso só será possível com a implementação da 3ª revolução do agronegócio brasileiro, que é a intensificação produtiva de maneira sustentável

 

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta é uma tecnologia de produção sustentável, por meio da integração de atividades agrícolas, pecuárias e florestais em uma mesma área, podendo essas serem cultivadas de forma consorciada e na forma de sucessão ou rotação.

Conforme dados da Embrapa, entre 1,6 e 2 milhões de hectares do Brasil são dedicados a diferentes formatos da estratégia ILPF atualmente, sendo as regiões Centro-Oeste e Sul as com maior representatividade no uso dessa técnica. Para os próximos 20 anos, há uma expectativa de elevação em 22 milhões de hectares.

A ILPF permite o melhor aproveitamento do solo, combinado com uma produção mais diversificada - Crédito Pedro Alcântara
A ILPF permite o melhor aproveitamento do solo, combinado com uma produção mais diversificada – Crédito Pedro Alcântara

Potencial

Hoje, o maior potencial de crescimento da ILPF está nas áreas de pastagens degradadas ou pouco produtivas, sendo essa técnica uma excelente forma de promover a recuperação da área de maneira economicamente viável.

Conforme o último senso agropecuário do IBGE, de 2006, as áreas de pastagens no Brasil totalizavam 160 milhões de hectares, dos quais 67,5 milhões de hectares (quase 42% do total) eram compostos por pastagens plantadas degradadas e pastagens naturais, que possuem baixa produtividade.

Não obstante as pastagens degradadas, Caio Tibério Dornelles da Rocha, engenheiro agrônomo, secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo-SDC/MAPA diz que praticamente todas as áreas nacionais com atividades agropecuárias são aptas ao uso de algum tipo de técnica de integração.

 “Àmedida que o produtor brasileiro vai conhecendo essa técnica e os seus benefícios, a tendência é que as áreas com ILPF sigam aumentando, ainda mais diante da expectativa de elevação na demanda mundial de produtos agropecuários, tendo em vista o crescimento da população e da melhoria de renda dessa“, avalia.

Essa estratégia permite o melhor aproveitamento do solo, combinado com uma produção mais diversificada. Ou seja, além de o produtor elevar a produtividade da área, ele ainda pode comercializar grãos, leite, animais de corte e madeira, aumentando o número de receitas obtidas na propriedade, o que reduz o risco de prejuízos, caso o preço de algum produto venha a ter queda.

 Caio Tibério Dornelles da Rocha, engenheiro agrônomo, secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo MAPA
Caio Tibério Dornelles da Rocha, engenheiro agrônomo, secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo MAPA

O sistema e suas variações

Existem diversos sistemas que têm sido descritos como “Integração Lavoura-Pecuária“, com inúmeras variações. Nas condições de Brasil, Sérgio José Alves, engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), restringe a análise a sistemas em que se observa a rotação de cultivos agrícolas anuais com forrageiras em pastejo.

“Entenda-se esta alternativa de rotação de cultivos em um sentido amplo, em que podem participar diversos cultivos agrícolas, diferentes espécies forrageiras, anuais ou perenes, e por períodos de tempo variável“, esclarece.

O pesquisador tem observado que a inclusão de forrageiras sob pastejo dentro de sistemas agrícolas possibilita manter o solo coberto por períodos mais longos, diminui a incidência de pragas e doenças nas culturas subsequentes e induz uma melhoria na estrutura e fertilidade do solo.

A Integração Lavoura-Pecuária realizada em plantio direto tem possibilitado, inclusive, uma redefinição do uso potencial do solo em muitas regiões. Áreas antes consideradas inaptas para cultivos anuais passaram a serem consideradas aptas dentro deste manejo.

A maioria dos sistemas de rotação de pastagens com cultivos agrícolas em utilização no Brasil podem ser agrupados em:

  •  Reforma de pastagens com cultivos agrícolas;
  •  Recuperação e/ou aumento de sustentabilidade de áreas agrícolas pelo plantio de forrageiras utilizadas ou não em pastejo;
  •  Renda adicional e diminuição de riscos pela utilização em pastejo de forrageiras anuais após e/ou antes dos cultivos agrícolas de verão (principalmente soja e milho).

Contudo, estes sistemas conhecidos como “Integração Lavoura-Pecuária“ têm evoluído com o tempo. Para Sérgio Alves, a simples reforma de pastagens com cultivos agrícolas, a utilização ocasional de forrageiras para recuperação de solos ou o pastejo “oportunista“ após os cultivos agrícolas tem dado lugar à implantação de sistemas intensivos, os quais visam explorar o sinergismo da produção animal e agrícola, ambas com alta tecnologia, em uma mesma propriedade.

A ILPF em plantio direto tem possibilitado uma redefinição do uso potencial do solo em muitas regiões - Crédito Pedro Alcântara
A ILPF em plantio direto tem possibilitado uma redefinição do uso potencial do solo em muitas regiões – Crédito Pedro Alcântara

Vantagens da ILP

A Integração Lavoura-Pecuária, dentro desta perspectiva, além da melhoria da fertilidade dos solos e diminuição de pragas e doenças, tem como vantagens:

“¢ A possibilidade de utilização de pastagens de elevado potencial produtivo e qualidade, mesmo que mais exigentes em termos de fertilidade de solos.

“¢ A produção facilitada de forragem, possibilitando, dentro de um planejamento forrageiro adequado, ter alimentos disponíveis para os animais durante o ano inteiro.

“¢ O aproveitamento de resíduos agrícolas para alimentação animal.

“¢ Aumento de produtividade agrícola.

“¢ Produção de carne e leite de alta qualidade e de forma competitiva.

“¢ Racionalização no emprego da mão de obra e maior eficiência no uso de adubos, máquinas e implementos.

“¢ Aumento de rentabilidade.

“¢ Diminuição de riscos.

“¢ Conservação do meio ambiente e melhoria no uso dos recursos naturais disponíveis.

“¢ Aumento na produtividade das áreas, com a redução dos custos por unidade produzida (uso mais eficiente dos insumos), o que gera elevação de renda para o produtor e consequente ganho na sua qualidade de vida;

“¢ Incremento da produção na pecuária, em decorrência da melhora da produtividade das pastagens e do bem-estar animal, sendo esse último promovido pela sombra das árvores;

“¢ Diversificação das atividades do produtor, reduzindo os riscos de queda de renda na atividade. Assim, mesmo quando o valor de um produto não está bom, pode-se obter maiores ganhos com a venda de outro;

“¢ Conservação e melhoria do solo e da água;

“¢ Disponibilidade de linha de crédito específica para o financiamento da tecnologia, inclusive com juros e prazos bastante atrativos.

“Com a incorporação do componente florestal aos sistemas de ILP, houve um ganho ambiental adicional. As árvores têm a função de quebra-vento, melhoram a reciclagem de nutrientes e propiciam conforto animal“, considera o especialista do IAPAR.

 
Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Grãos, edição de fevereiro/março. Adquira já a sua para leitura completa!

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