Fertilizante nitrogenado diminui dependência da importação

Doutor em nutrição de plantas da Wirstchat aponta como é possível por meio de tecnologia e inovação utilizar menos insumo, consequentemente gastar menos e ainda obter bons resultados no campo.

Publicado em 28 de abril de 2022 às 08h36

Última atualização em 28 de abril de 2022 às 08h36

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Crédito Divulgação

Tema recorrente hoje dos veículos especializados em agronegócio e até fora dele, como os de grande circulação nacional, a importação dos fertilizantes tem causado dor de cabeça a muita gente. Esse cenário todo, segundo o doutor em nutrição de plantas da Wirstchat Roberto Reis, poderia ser evitado, ou ter menor impacto com o desenvolvimento e a validação de novas tecnologias agregadas aos fertilizantes convencionais (como a ureia), visando aumentar sua eficiência agronômica.

Segundo ele, fertilizantes nitrogenados mais eficientes, além de beneficiar as plantas, reduzem as perdas de nitrogênio para o meio, contribuindo também para a sustentabilidade ambiental. “A União Europeia, por exemplo, já reduziu em 21% as emissões de gases de efeito estufa pela agricultura entre os anos 1990 e 2014 com a aplicação de menores doses de fertilizantes e aumento de produtividade. Assim, a tendência mundial em ciência, tecnologia e inovação no setor é buscar novos fertilizantes com foco no aumento da sua eficiência agronômica”, aponta o doutor.

Santo Nitrogênio

O nitrogênio é um dos nutrientes sem o qual a planta não apresenta adequado crescimento e desenvolvimento. Lavouras com deficiência dele não conseguem expressar seu potencial produtivo, resultando em baixas produtividades. “Nossos solos não possuem boa disponibilidade deste nutriente, fazendo com que seja necessário seu fornecimento com o uso de algum insumo agrícola. Normalmente o fertilizante mineral é o mais usado para isto, por uma série de razões operacionais, como agilidade de aplicação e menor frete devido ao seu maior teor de nitrogênio, por exemplo ”, esclarece Reis.

Frente a isso, é importante lembrar que o Brasil, normalmente chamado de celeiro do mundo, é o quarto maior produtor mundial de grãos (arroz, soja, milho e trigo), perdendo apenas para China, Estados Unidos e Índia. Isto faz com que o País também seja um grande consumidor de fertilizantes. “Em 2020, China, Índia, Estados Unidos e Brasil responderam por mais da metade do consumo mundial de adubo (58%). E estimamos que mais de 80% desses fertilizantes consumidos pela agricultura brasileira em 2020 foram importados, ou seja, a dependência é grande”, alerta o especialista.

Dependência que prejudica

Com toda a dependência que o Brasil tem hoje de importação dos fertilizantes, eventos como o que o mundo está passando, a redução de oferta e a variação cambial, resultam em aumentos nos preços desses insumos. Consequentemente isso impacta negativamente nas exportações, tornando o produto nacional menos competitivo, uma vez que a maior parte do custo de produção deriva do preço importado pago no adubo. “Vemos historicamente que a produção nacional de fertilizantes é inferior à demanda nacional. Não cresce similarmente como a da demanda. A falta de uma política para o setor desde a década de 1980 tornou o País extremamente dependente por importação de fertilizantes, diminuindo nossa produção em 30%, enquanto as importações aumentaram 66% nos últimos 20 anos”, alerta Reis.

Falando de ureia

A ureia merece destaque dentre os fertilizantes minerais nitrogenados utilizados na agricultura, pois tem maior concentração de N (agilizando sua aplicação e reduzindo custos de frete) e que apresenta os menores percentuais de aproveitamento (eficiência agronômica), normalmente entre 50 a 70%. “Ou seja, aplica-se mais N do que a planta precisa para compensar o que será perdido”, explica o doutor da Wirstchat.

O Brasil produz ureia utilizando gás natural como na maioria dos países, entretanto a um elevado custo em comparação ao restante do mundo. Quando analisados os custos médios para a produção, segundo documento do Plano Nacional de Fertilizantes 2050, destacam-se Rússia (US$ 58/t), Estados Unidos (US$ 79/t), Canadá (US$ 54/t), Egito (US$ 83/t), Catar (US$ 104/t), Irã (US$ 85/t), Argélia (US$ 75/t) e Nigéria (US$ 48/t) com alta competitividade. Enquanto isso, Índia (US$ 249/t), China (US$ 158/t) e Brasil (US$ 280/t). “Devido à dependência do uso na agricultura de fertilizantes nitrogenados, os quais somos reféns de importação, a baixa eficiência agronômica precisa diminuir a passos muito mais rápidos do que estamos”, aponta o especialista.

Solução no mercado

Ciente da importância em aumentar a eficiência dos fertilizantes, a Wirstchat, empresa voltada a desenvolvimento de aditivos de uso no setor agrícola com sede em Olímpia-SP, não poupou esforços, e há mais de doze anos tem foco na produção de uma linha de produtos que contribui diretamente nesta situação que passa hoje o País. A linha Policote, como é chamada, é formada por aditivos utilizados no revestimento da ureia para produzir fertilizante nitrogenado de eficiência aumentada. “Testada e comprovada em diferentes instituições de pesquisa, a tecnologia Policote, é comercializada há mais de 10 anos, está descrita em vários artigos científicos, pois somente com a comprovação científica é possível oferecer ao agricultor, de forma segura e confiável, uma ferramenta para melhorar seu programa de adubação”, afirma Reis.

O aumento da eficiência agronômica com o uso da ureia revestida com o Policote tem viabilizado o aumento de produtividade, bem como o ajuste da dose aplicada, agilizando a aplicação do fertilizante nitrogenado e reduzindo custos de produção. “Este fertilizante nitrogenado de eficiência aumentada, comercializado há várias safras pela equipe da Coopavel (com o nome comercial de Ureia Super), da Nutrien (como Utilmax) e da equipe da Opção Agro (como Soil N Tech), é  uma ferramenta para aumentar a eficiência da adubação, diminuir as perdas nitrogênio na agricultura e reduzir a dependência de importação de fertilizante nitrogenado”, finaliza o doutor.

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