Erros que você não pode cometer na aplicação de fosfato

Um dos erros primários que mais acontece nos plantios agropecuários é a aplicação de fosfato reativo em áreas que receberam calagem pouco antes (menos de três meses) dessa operação.
Aplicação de fosfato - Crédito: Antônio Nolla

Publicado em 9 de setembro de 2020 às 09h42

Última atualização em 9 de setembro de 2020 às 09h42

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Autora

Araína Batista Hulmann  arainahulmann@gmail.com

José Geraldo MagesteProfessores da Universidade Federal de Uberlândia (ICIAG/UFU)

Aplicação de fosfato – Crédito: Antônio Nolla

Um dos erros primários que mais acontece nos plantios agropecuários é a aplicação de fosfato reativo em áreas que receberam calagem pouco antes (menos de três meses) dessa operação. Tal produto depende da acidez do solo para liberar boa parte do fósforo nele contido e aplicado em áreas onde o pH foi elevado pela calagem.

O fósforo deste fosfato natural ficará praticamente inerte e indisponível para a plantas por um bom tempo, não podendo ser consumido imediatamente. Interessante que nesta fase inicial de vida das plantas elas precisam de muito fósforo, fornecedor de energia para elas. A seguir será apresentada uma breve orientação sobre o correto manejo de aplicação de fosfato reativo, visando à alta eficiência.

Condições pedoclimáticas de aplicação do fosfato

Altas temperaturas e muita chuva caracterizam o clima de boa parte do território brasileiro. Esta combinação torna os solos do país muito profundos e com boa porosidade, características físicas que favorecem o uso para a agropecuária.

Entretanto, é comum por quase todas as regiões brasileiras que os solos apresentem baixa fertilidade, com elevada acidez e teor de alumínio e baixos teores de nutrientes, especialmente o fósforo.

Regiões como o Cerrado abrigam solos que, além de baixa fertilidade, são compostos por materiais argilosos que contêm elevados teores de óxidos de ferro e alumínio. Isto faz com que os solos “drenem” o fósforo aplicado para os cultivos, fazendo com que sejam necessárias altas doses de fertilizantes, com baixo aproveitamento, para uma produção razoável.

Na quantidade certa

Áreas com uso mais intensivo (muitos cultivos em curto espaço de tempo), como a produção de grãos, contam com os fertilizantes solúveis para garantir altas produtividades. Mas é preciso considerar que estes produtos possuem alto valor agregado, tornando-se economicamente inviáveis em áreas com menor rentabilidade, ou cujos produtos sejam colhidos a longo prazo, como é o caso dos plantios florestais ou cultivo de fruteiras.

Por outro lado, solos normalmente usados para a silvicultura (cultivos florestais) são geralmente ainda de menor fertilidade, uma vez que são destinados a estes cultivos por não terem aptidão para produções de culturas anuais.

Alternativas

Para driblar estas limitações de custo, algumas alternativas às fontes solúveis convencionais estão disponíveis no mercado, procurando-se manter o fornecimento do  nutriente  e preservando ou melhorando a fertilidade natural. Em relação ao fornecimento do fósforo, os produtores podem utilizar fosfatos naturais reativos, que são produtos de liberação lenta e que devem ser usados para fornecimento de nutrientes, em áreas extensas e com pobreza nutricional natural.

Fosfato natural reativo e sua utilização

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Indicado especialmente para culturas perenes (com cultivos acima de dois anos), como é o caso da maioria das espécies florestais, fruteiras e pastagens, estes fertilizantes têm sido amplamente utilizados no Brasil.  Mas, possuem baixa solubilidade em água, tornando-os quase ineficientes, se não forem observadas certas peculiaridades e os devidos cuidados para seu melhor aproveitamento, especialmente no que diz respeito a evitar solos recém-corrigidos por calagem.

Os fosfatos naturais são rochas ricas em fósforo, e o nutriente faz parte da estrutura cristalina dos minerais que a compõem. Em outras palavras, é necessário que esses minerais sejam dissolvidos para que o nutriente fósforo seja disponibilizado.

Para melhor compreender a dificuldade de liberação deste fósforo para as plantas, basta comparar a experiência de se colocar em dois copos de água diferentes uma colher de sal de cozinha e uma colher de pó de pedra brita no mesmo instante.

Depois de certo tempo, pode-se ver parte do pó de rocha acumulando no fundo do copo de água, enquanto que o sal ficará  completamente dissolvido. Este segundo copo, com resíduos no fundo, é o que normalmente acontece com os fertilizantes pouco solúveis. Só que alguns fatores no campo podem contribuir para que esta dissolução dos fosfatos ocorra com maior facilidade, e dentre eles, o mais importante é o pH do solo.

Quanto maior o pH do solo, menor será essa dissolução, fazendo com que o nutriente não seja aproveitado pelas plantas. Considerando que em áreas cultivadas é comum a aplicação dos fosfatos em solos corrigidos pela calagem, é de se esperar que o aproveitamento do nutriente seja muito menor em solos corrigidos do que se isso fosse feito em solos mais ácidos.

As fontes de fósforo oriundas de fosfatos naturais reativos apresentam maior tendência de serem ineficazes, caso o seu uso esteja associado ao uso do calcário.

Exigência nutricional

A exigência pelo fósforo é maior quanto mais jovem a planta. Isso implica que nos estágios iniciais a presença dos níveis adequados seja primordial para o bom  desenvolvimento das plantas. Assim, se faz necessário, para a maioria dos casos onde o pH ainda não está adequado para a cultura, fazer a aplicação do fosfato natural pelo menos três meses antes da aplicação do calcário.

Com este procedimento, haverá tempo necessário para uma reação da acidez do solo com o fosfato reativo, liberando parte do fósforo e, posteriormente, facilitando a absorção do mesmo enquanto permanecer da solução do solo.

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