Código e propostas de alterações na gestão ambiental

Código e propostas de alterações na gestão ambiental
Código e propostas de alterações na gestão ambiental

Publicado em 19 de setembro de 2019 às 10h55

Última atualização em 19 de setembro de 2019 às 10h55

Acompanhe tudo sobre Água, Gestão, Madeira, Polinização, Solo, Sustentabilidade e muito mais!

Autora

Fernanda Rodrigues
Secretária executiva do Diálogo Florestal
contato@dialogoflorestal.org.br
Crédito Shutterstock

O Diálogo Florestal é um fórum que reúne 75 membros, entre organizações da sociedade civil de defesa do meio ambiente e empresas do setor de florestas plantadas. Foi criado em 2005 para identificar agendas comuns e promover ações efetivas, buscando a conservação e restauração do meio ambiente e a geração de benefícios tangíveis, tanto para os participantes do Diálogo quanto para a sociedade em geral.

Este setor representa quase 7% do PIB industrial brasileiro, gerando R$ 12,8 bilhões em tributos. Entre 2019 e 2022 deve investir cerca de R$ 20 bilhões em novos empreendimentos ou na expansão dos existentes, contribuindo de maneira expressiva para o cumprimento das metas assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris.

Os participantes do Diálogo trabalham pela implementação do Código Florestal porque acreditam na conciliação entre a produção rural e a proteção ambiental. Consideramos que da sua efetiva implementação dependem a sustentabilidade do agronegócio, a aceitação de seus produtos no exterior, a conservação da biodiversidade e a manutenção dos serviços ecossistêmicos, tais como água, clima, solos e polinização.

Esta lei, aprovada em 2012 após mais de uma década de exaustivos debates no Congresso Nacional, representa uma das bases para o desenvolvimento sustentável do país e o bem-estar da sociedade brasileira.

Entendemos que a plena implementação do Código Florestal é a oportunidade que temos para promover modelos produtivos em consonância com a conservação ambiental e colocar o Brasil em posição de destaque no cenário global de práticas sustentáveis. Florestas não devem ser consideradas improdutivas ou meros estoques ilimitados de madeira e outros recursos naturais, mas sim o lar de espécies vegetais e animais, além de prestarem serviços ambientais essenciais à sociedade. Portanto, entendemos que alterações no Código Florestal podem trazer prejuízos à biodiversidade e à própria produção.

Reserva Legal

Análise feita pelo Observatório do Código Florestal concluiu que o déficit de vegetação nativa nas áreas de Reserva Legal dos imóveis rurais brasileiros soma mais de 9 milhões de hectares. Isso sem contar as áreas de preservação permanente, como as margens dos rios e nascentes. No entanto, este mesmo estudo demonstrou que este déficit está concentrado em 4% dos imóveis. Ou seja, são alguns poucos e grandes proprietários rurais que ainda não cumprem a lei.

Por isso, o que esperamos do Poder Legislativo é o respeito à lei vigente e, do Poder Executivo, sua efetiva implementação. Os Programas de Regularização Ambiental – responsabilidade dos governos estaduais – são essenciais para fazer com que a minoria que ainda não cumpre a lei se enquadre. Ao mesmo tempo, tais programas permitirão que os proprietários com excedentes de vegetação nativa sejam finalmente beneficiados pelos ativos ambientais que possuem.

A concessão desses benefícios depende também da regulamentação dos dispositivos previstos no Artigo 41 do Código Florestal, que trata dos incentivos econômicos para as ações de proteção e recuperação da vegetação nativa. Esse deve ser o foco de legisladores e governantes.

Papel dos governantes

O Estado Brasileiro tem papel fundamental como garantidor da lei e da ordem. A atuação dos órgãos fiscalizadores deve ser eficaz, especialmente no combate ao desmatamento ilegal, protegendo o produtor rural que está de acordo com a lei e autuando os infratores. É necessário sinalizar claramente à sociedade brasileira a relevância das florestas como um bem estratégico e fundamental para a soberania nacional e para a vida.

Os integrantes do Diálogo Florestal têm feito parte dos esforços para a manutenção e melhoria de áreas de conservação em suas propriedades e reconhecem a importância das unidades de conservação para a manutenção do equilíbrio ecológico e impulsionamento do bem-estar social.

Acreditamos que, ao assegurar os benefícios que as unidades de conservação geram para os setores produtivos e para toda a população, o Poder Público estará engajando múltiplos atores no desafio da efetiva implementação dos parques e reservas, contribuindo também para o fortalecimento e ampliação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, como um ativo da sociedade brasileira.

O Diálogo Florestal defende a necessidade de promover ações em linha com nossos compromissos internacionais relacionados às mudanças climáticas. Ao cumprir o Código Florestal e implementar todas as ferramentas de incentivo nele previstas, o Brasil será beneficiado com a sustentabilidade da produção agropecuária, com a proteção da biodiversidade e com o bem-estar das populações do campo e das cidades.

Os fóruns regionais do Diálogo Florestal têm se mostrado um exemplo bem-sucedido de construção de convergências e têm gerado resultados concretos na implementação de acordos para criação de corredores ecológicos, disseminação de boas práticas de manejo florestal e capacitação de produtores rurais para a conservação de recursos naturais.

Essa experiência nos leva a destacar os espaços institucionais com participação direta da sociedade na gestão ambiental como valiosas ferramentas de desenvolvimento. Por esta razão, trabalhamos pelo fortalecimento, ampliação e aprimoramento das instâncias de participação da sociedade civil.

Estes espaços de diálogo e construção coletiva, aliados a políticas públicas de proteção das florestas e das águas, respeito a comunidades indígenas e outras comunidades tradicionais, são pressupostos importantes para fortalecer nossa soberania e para atrair os recursos e investimentos internacionais que o país tanto almeja.

O Brasil do presente e do futuro precisa de florestas! É nosso dever protegê-las e recuperá-las.

Participe do Nosso Canal no WhatsApp

Receba as principais atualizações e novidades do agronegócio brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

Últimas publicações

1

Novas variedades precoces de laranja aliam produtividade e qualidade do suco

2

Aplicação aérea de defensivos agrícolas: é mais vantajoso contratar o serviço ou investir em um drone de pulverização?

3

Conacredi Road Show 2025: Carolina Vergeti conduz discussão sobre riscos no agro em Cuiabá

4

Gowan na Hortitec 2025: onde ciência, propósito e resultado se encontram no campo

5

Feltrin na Hortitec 2025: portfólio renovado e aposta em tecnologia

Assine a Revista Campo & Negócios

Tenha acesso a conteúdos exclusivos e de alta qualidade sobre o agronegócio.

Publicações relacionadas

ForestFire 2025

ForestFire 2025 reúne especialistas de 10 países em Cuiabá para debater incêndios florestais

Imagem ilustrando diferentes tipos de eucalipto em plantação florestal

Tipos de eucalipto: conheça as principais espécies e suas aplicações

Mudas florestais com raízes vigorosas cultivadas em substrato Jiffy

Jiffy: substrato de turfa de alta performance para cultivos florestais

PG 12 (Telefone)

Planejamento na entressafra e sustentabilidade na produção de grãos