Celso Moretti, membro do CCAS e primeiro brasileiro a presidir o CGIAR, destaca o que o agro espera da COP30

O Brasil tem a chance de transformar metas ambientais em ganhos concretos de produtividade e competitividade.
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Com a COP30 marcada para novembro de 2025, em Belém (PA), o agronegócio brasileiro se prepara para participar de um dos debates mais estratégicos da década: como alinhar produção, florestas e crédito climático em um modelo de desenvolvimento que una competitividade e sustentabilidade.

Para Celso Moretti, engenheiro agrônomo, ex-presidente da Embrapa e primeiro brasileiro a presidir o Board do CGIAR, rede internacional de pesquisa agrícola que reúne 15 centros de inovação em mais de 100 países, este é o momento de o país consolidar regras claras e pragmáticas que transformem metas ambientais em ganhos concretos para o produtor e para o país. “Temos uma chance única de mostrar que o Brasil pode liderar o diálogo global com base em ciência, tecnologia e resultados de campo. Mas, para isso, precisamos de marcos regulatórios bem definidos e políticas que premiem quem entrega resultados ambientais reais”, afirma Moretti, que é membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS).

Entre os principais pontos elencados por ele sobre o que o agro espera da COP30 estão a regulamentação efetiva do mercado de carbono, o reconhecimento das práticas agropecuárias sustentáveis na contabilidade climática nacional e a criação de uma rota de incentivos para a redução de metano, conectando pecuária, energia e crédito rural.

O especialista também destaca a importância de acelerar a regularização ambiental (CAR, PRA e CRA) e de garantir coerência entre as políticas de crédito e de clima, ampliando o acesso a juros menores para quem comprovar ganhos ambientais. Outro ponto de atenção é a necessidade de métricas públicas e mensuráveis no programa ABC+, que deem maior transparência e credibilidade às ações de mitigação do agro brasileiro.

Segundo Moretti, o setor já poderia apresentar três entregas concretas na COP30:

●     o Pacto Metano Agro 2030, com metas voluntárias, pacote de crédito e assistência técnica;

●     o Compromisso Jurisdicional Amazônia-Cerrado, com adesão setorial a programas de créditos jurisdicionais;

●     e o Programa ABC+ com Pagamento por Resultado, que bonificaria produtores com base em métricas ambientais.

Para o conselheiro do CCAS, há ganhos expressivos na convergência entre conformidade ambiental e competitividade internacional. “Quando o produtor rural tem acesso a crédito verde, pode gerar receita adicional com carbono e ainda reduzir riscos regulatórios nas exportações. É uma agenda que fortalece o agro e a imagem do Brasil”, reforça.

Além do mercado de carbono, Moretti aponta bioenergia e combustível sustentável de aviação (SAF) como pontes entre o agro e o clima, com potencial para contratos de longo prazo e previsibilidade de demanda. Também destaca a relevância de iniciativas jurisdicionais na Amazônia e no Cerrado, que podem elevar a escala dos resultados e fortalecer o protagonismo brasileiro no cenário global.

Com o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) já aprovado e em fase de regulamentação, o momento é considerado decisivo. “O agro está pronto para contribuir com soluções baseadas em ciência e práticas reais de mitigação. A COP30 será a oportunidade de consolidar esse protagonismo”, conclui Moretti.

10 pontos que o agro leva para a COP30 destacados pelo especialista:

  1. Regras claras para o mercado de carbono
     – Regulamentar rapidamente o SBCE, com cronograma, limites e integração internacional, evitando dupla contagem e insegurança regulatória.
  2. Reconhecimento das práticas sustentáveis do campo
     – Incluir metodologias e monitoramento para plantio direto, ILPF, recuperação de pastagens e bioinsumos na contabilidade climática nacional.
  3. Metano com incentivos, não apenas metas
     – Estimular aditivos, genética, manejo e biodigestores conectados ao biometano e ao RenovaBio.
  4. Floresta em conformidade, não em conflito
     – Acelerar CAR e PRA e viabilizar de vez o uso de CRA e compensações ambientais com pagamento por desempenho.
  5. Programa ABC+ em escala e com metas mensuráveis
     – Monitorar resultados em hectares e CO₂ equivalente, com juros reduzidos para quem comprovar ganhos ambientais.
  6. Bioenergia e SAF como ponte agro-clima
     – Estabelecer previsibilidade de demanda e critérios claros de elegibilidade para rotas de biocombustíveis e SAF.
  7. Finanças climáticas na Amazônia e no Cerrado
     – Operacionalizar programas jurisdicionais (JREDD+) com repartição de benefícios a produtores familiares e indígenas.
  8. Integração entre produção, florestas e crédito
     – Garantir que a COP30 tenha trilhas temáticas conectando soluções integradas de agro e clima.
  9. NDCs com metas rastreáveis
     – Ajustar metas de uso da terra e restauração alinhadas à trajetória de 1,5°C.
  10. Coerência entre política de crédito e política climática
     – Tornar o Plano Safra e o RenovAgro instrumentos de incentivo direto ao resultado ambiental.

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