Cebola em alta: cultura cresce e alcança produtividade recorde no Brasil

O agronegócio da cebola no Brasil registrou um avanço de 82% nos últimos anos, totalizando 49 mil hectares no ciclo 2024
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Publicado em 5 de maio de 2025 às 09h01

Última atualização em 5 de maio de 2025 às 09h01

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Paula Almeida Nascimento
Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia/Produção Vegetal – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
paula.alna@yahoo.com.br

A cebola (Allium cepa L.) é uma espécie olerácea, pertencente à família Amaryllidaceae e originária do continente asiático, amplamente cultivada e apreciada em todo o mundo e de grande importância no setor gastronômico.

Os países China e Índia, juntos, são considerados os maiores produtores de cebola no mundo. O Brasil é um tradicional produtor, com produção anual estimada em 1,6 milhão de toneladas em uma área de 49 mil hectares. Os maiores estados brasileiros produtores de cebola são: Santa Catarina, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul e Paraná.

Santa Catarina, no ranking produtivo de cebola, finalizou 2024 com 378 mil toneladas e valor de produção de R$ 4,1 bilhões. São 17.501 hectares que geram uma produtividade de 21.576 kg/ha, com rendimento financeiro de R$ 64.169 por hectare. O destaque da produção catarinense foi a cidade de Ituporanga, maior produtora do Estado.

Diferentes regiões produtoras

As diferentes regiões produtoras de cebola do país apresentam diversidade quanto às épocas de semeadura e colheita. A época de plantio deve ser definida em função das exigências fisiológicas da cultivar a ser plantada com as condições ambientais locais e do mercado consumidor. A escolha da cultivar adequada para plantio é essencial, pois a espécie apresenta exigências fisiológicas diferenciadas para a formação de bulbos e o florescimento.

No Brasil, o sul (Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná) semeia no período compreendido entre abril e junho e a colheita acontece de novembro a janeiro. O sudeste (São Paulo e Minas Gerais) faz a semeadura no período de fevereiro a maio e a colheita de julho a novembro. A região nordeste (Bahia/Pernambuco) pratica a semeadura durante todo o ano, com concentração nos meses de janeiro a março, possibilitando um escalonamento de plantio e produção, com oferta de cebola em diferentes períodos do ano.

Como escolher a cebola ideal

As variedades de cebola são classificadas conforme a relação entre a quantidade de luz solar recebida e o início da formação dos bulbos. Como o comprimento do dia varia com a latitude, escolha apenas variedades compatíveis com sua região de plantio.

Cebolas de dias curtos: formam bulbos quando os dias têm entre 10 e 12 horas. Essas variedades crescem bem em climas do sul (latitudes de 25 a 35 graus), permitindo a colheita antes do calor do verão. Cebolas de dias intermediários (neutras ao dia): começam a formar bulbos quando os dias têm entre 12 e 14 horas. Cebolas de dias longos: iniciam a formação de bulbos quando os dias têm entre 14 e 16 horas. Por isso, são ideais para o plantio de cebola em regiões ao norte (latitudes de 37 a 47 graus).

No mercado brasileiro, são comercializadas cebolas com colorações de casca e formatos diferentes: amarelas, roxas, brancas, doces e chalotas (bulbos de tamanho reduzido).

Cebola coloridas

A cebola roxa é mais adocicada que as outras variedades. Contém cálcio, ferro, fósforo e magnésio, que são minerais importantes para a produção de hormônios no nosso organismo. Apresenta as antocianinas, que são os pigmentos responsáveis pela cor intensa dessa hortaliça.

Existem diversas variedades de cebola amarela, também chamada de “cebola pera”, a mais comum nos lares paranaenses. Já a cebola branca tem uma textura mais crocante e um sabor mais pungente, comparado à cebola amarela. Com sabor bem forte, é indicada para deixar molhos e refogados com o gosto de cebola ainda mais forte. A cebola branca é menos calórica, se comparada à cebola roxa.

Já a chalota é uma cebola pequena, perfeita para se usar em vinagretes, compotas e omeletes. Existe, ainda, a cebola doce, que tem aparência similar à cebola amarela, com a diferença de possuir gosto adocicado e ter muita água.

Ciclos

Em média, o ciclo de uma cultivar precoce pode variar de 180 a 200 dias, aproximadamente, enquanto o de uma cultivar tardia pode durar até oito meses, desde a semeadura até a colheita.

Preparo do solo e plantio

O processo de plantio pode ser realizado por semeadura direta ou transplantio. Para a implantação da cultura, o espaçamento recomendado deve ser de 25 – 35 cm entre linhas e 5,0 – 10 cm entre plantas. É importante realizar a análise de solo para verificar se a acidez e a fertilidade do solo estão ideais para o plantio. A correção da acidez do solo e a adubação dos canteiros devem ser feitas com base no resultado da análise do solo. A cultura da cebola não aceita solos ácidos e o calcário deve ser aplicado com no mínimo 90 dias do preparo dos canteiros.

Adubação dos canteiros

A adubação dos canteiros pode ser realizada com adubos minerais e orgânicos. A complementação da adubação orgânica deverá ser feita com adubação mineral NPK: nitrogênio, fósforo e potássio, os quais deverão ser incorporados ao solo por ocasião de seu preparo. Durante a preparação do solo recomenda-se a aração e a gradagem da área.

Na semeadura direta, é necessário destorroar o solo para uniformizá-lo, no momento de distribuição das sementes. Assim, é aconselhável a realização de canteiros para melhorar a drenagem. Durante o transplantio de mudas, o encanteiramento e o sulcamento são indicados, assim como para o método de plantio de bulbilhos.

Controle fitossanitário

O controle de pragas é essencial para o cultivo de cebola, e entre as principais destacam-se o tripes (Thrips tabaci), a mosca-minadora (Liriomyza trifolii) e a lagarta-rosca (Agrotis ipsilon). Para o controle dessas pragas, é fundamental adotar práticas preventivas, monitoramento constante e, em casos de alta infestação, o uso de inseticidas específicos. As doenças representam outro desafio importante para os produtores de cebola, afetando desde o desenvolvimento inicial até o armazenamento dos bulbos. Entre as principais doenças estão o míldio (Peronospora destructor), a podridão-branca (Sclerotium cepivorum) e a queima-das-pontas (Botrytis squamosa). Para minimizar os danos causados por essas doenças, é importante utilizar mudas certificadas, fazer a rotação de culturas e aplicar fungicidas de forma preventiva, sempre respeitando as orientações técnicas.

As temidas daninhas

Outro ponto de importância é o controle das plantas daninhas. Elas competem com a cebola por nutrientes, água e luz, impactando diretamente o desenvolvimento e a produtividade da cultura. As ervas daninhas representam uma ameaça maior nas fases iniciais do cultivo, quando a cebola ainda é sensível à competição. Espécies como o capim-amargoso (Digitaria insularis) e a tiririca (Cyperus rotundus) são comuns nas áreas de cultivo de cebola e podem reduzir significativamente a produtividade. O manejo adequado inclui práticas de capina manual e mecanizada, aplicação de herbicidas seletivos e rotação de culturas, mantendo o solo preparado e minimizando a concorrência durante todo o ciclo de cultivo.

Irrigação é essencial

A irrigação é de extrema importância no cultivo, já que a cebola é composta por cerca de 90% de água, e o seu bom uso aumenta a qualidade e produtividade da hortaliça. O período mais crítico ao déficit hídrico é na bulbificação, devido às necessidades das plantas nesta fase do desenvolvimento. Os sistemas usados são: pivô central, irrigação por inundação, aspersão e gotejamento.

Colheita

No Brasil, a colheita das cebolas, em sua maior parte, é realizada manualmente ou de forma semi-mecanizada, e se inicia com o tombamento da folhagem, também conhecido como “estalo”. Em seguida, as cebolas passam pelo processo de cura, para a remoção do excesso de água das camadas mais superficiais do bulbo, acarretando na diminuição da umidade das raízes, auxiliando na formação dos catáfilos – folhas reduzidas que protegem as gemas dormentes.

Toalete do bulbo

Após colhida, realiza-se a limpeza (ou toalete) do bulbo. Ao final do processo, a hortaliça é beneficiada e transportada aos locais de comercialização. A oferta de cebola permanece constante o ano inteiro devido a diferenças no período de colheita e comercialização entre as regiões produtoras. A comercialização da cebola é feita em caixas ou sacos, conforme as exigências do mercado, e requer um planejamento que considere os períodos de maior demanda e os preços de mercado.

Cultivo em expansão

De forma geral, o cultivo de cebola no Brasil está em expansão, com oportunidade de crescimento no mercado. O uso de práticas de manejo eficientes, como adubação, mudas certificadas, controle fitossanitário e irrigação planejada, são fatores essenciais para aumento de produtividade. O mercado consumidor cresce e exige cebolas de alta qualidade, assim contribuindo para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro.

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