O agronegócio passou por uma transformação profunda em 2025, consolidando um novo perfil profissional: mais técnico, mais estratégico e capaz de integrar informações agrícolas, industriais, financeiras e comerciais.
Para o CEO da Wiabiliza, Jorge Ruivo, essa tendência deve se intensificar em 2026, impulsionada pela expansão de cadeias como etanol de milho, biometano e fertilizantes, e pela necessidade de decisões rápidas diante de mudanças de mercado, clima e tecnologia.
Profissionais de nível técnico, administrativos e operacionais, precisarão acompanhar a automatização crescente e dominar sistemas de precisão, em um cenário marcado por escassez de mão de obra e alta rotatividade. Quadros mais enxutos, lideranças preparadas e atualização contínua serão a nova regra.
Tecnologia: aliada e grande desafio das empresas
Segundo Ruivo, a tecnologia elevou a qualificação da mão de obra ao centro das estratégias de RH. Máquinas e sistemas mais avançados exigem treinamento constante e, por isso, reter os profissionais já capacitados se tornou prioridade absoluta.
Ele alerta que a permanência média de três anos no setor é insuficiente para amortizar o investimento em formação, tornando indispensáveis programas estruturados de Carreira, Sucessão e Oportunidades Internas.
A cada saída, a empresa perde tempo, produtividade e dinheiro. Por isso, modelos de remuneração precisam considerar desempenho, competitividade regional e impactos reais sobre a folha.
Atrair e reter talentos: o que realmente pesa
Os desafios começam muito antes da contratação. De acordo com Ruivo, empresas que desejam competir por talentos precisam fortalecer sua imagem corporativa, oferecer remuneração compatível e entender que seus concorrentes por mão de obra nem sempre estão no próprio agro.
Ambientes saudáveis, oportunidades claras de crescimento e comunicação consistente entre discurso e prática são fatores decisivos para manter bons profissionais. Ignorar essas variáveis leva diretamente ao aumento do turnover e à dificuldade de repor posições estratégicas, muitas delas levando mais de 90 ou até 180 dias para serem preenchidas.
Contratar melhor exige olhar além do agro
Para aumentar a assertividade no processo seletivo, Ruivo defende que as empresas ampliem seu radar e busquem profissionais também de outros setores. Ele reforça que o discurso na contratação deve refletir fielmente a cultura e o estilo de gestão da empresa, evitando frustrações posteriores.
Salário, carreira, benefícios, tecnologia e qualidade de vida variam em peso conforme região, idade e perfil, e precisam ser ofertados de forma flexível. Pacotes ajustados, possibilidade de home office quando aplicável e seletores capacitados a interpretar essas nuances são fundamentais para reduzir o risco de substituições recorrentes.
O futuro do trabalho no agro segundo a Wiabiliza
Para 2026 e além, Ruivo enxerga um campo mais profissional, digital e meritocrático. Postos de trabalho altamente qualificados, equipes autônomas e menos hierárquicas, processos automatizados e o domínio de ferramentas tecnológicas, incluindo inteligência artificial, serão essenciais.
Funções auxiliares tendem a desaparecer, e as lideranças terão papel cada vez mais orientador, baseadas em métricas, comunicação e desenvolvimento de pessoas. Conviver com profissionais mais questionadores e menos presos a estruturas hierárquicas será parte do novo normal.


