Carbono zero: a sua empresa emite gases de efeito estufa?

Política Nacional de Mudanças Climáticas e novo decreto federal de maio deste ano trazem instrumentos para criação do mercado regulado de carbono no Brasil

Publicado em 12 de agosto de 2022 às 10h41

Última atualização em 12 de agosto de 2022 às 10h41

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A engenheira ambiental, especialista em prevenção de passivos ambientais e na eliminação de desperdícios de recursos naturais, diretora da Flos Ambiental, Clarissa Souza/divulgação

Quando se pensa em Mudanças Climáticas e Gases de Efeito Estufa (GEE), logo vem à mente grandes indústrias e usinas. Na verdade, todas as ações e consumos diários dos indivíduos podem interferir na crise climática. A engenheira ambiental, especialista em prevenção de passivos ambientais e na eliminação de desperdícios de recursos naturais, diretora da Flos Ambiental, Clarissa Souza, lembra que sair para trabalhar, cozinhar, tomar um banho, comprar roupas ou alimentos são ações ligadas com a emissão de CO2 na atmosfera e, consequentemente, com as mudanças do clima.

Após a realização da Conferência das Partes COP 26, que marcou a aprovação do Artigo 6 do Acordo de Paris, definindo a criação das diretrizes básicas para o comércio entre países e agentes privados no mercado regulado de carbono, o Brasil publicou o decreto que regulamenta a lei da PNMC – Política Nacional de Mudanças Climáticas. O decreto traz dois grandes eixos: (1) Regulamentação dos planos setoriais de mitigação das emissões, e (2) SINARE – Sistema Nacional de Redução de Emissões. Os setores têm prazo até novembro de 2022 para apresentar suas curvas de descarbonização e metas de redução de emissões até 2050.

“O decreto é um amadurecimento da PNMC, sem a imposição por parte do governo executivo, sem uma meta de redução de emissão única para todos os setores e, sim, uma oportunidade de voluntariamente, apresentarem as suas próprias curvas de descarbonização de hoje até 2050. As curvas de descarbonização serão registradas no SINARE e com isso o Brasil terá uma plataforma única de registro de emissões e créditos de carbono”, explica.

Clarissa explica que as grandes empresas realizam anualmente o inventário de emissão de Gases de Efeito Estufa GEE. “Ainda não é mandatório para as pequenas empresas, mas com políticas cada vez mais sustentáveis caminhando a passos largos, é importante preparar a empresa, independente do tamanho, para se adequar às diretrizes e reduzir emissões”, completa. Mas, como saber se a sua empresa emite Gases de Efeito Estufa (GEE)?

1-         Frota da empresa: os carros são grandes emissores de gases de efeito estufa, principalmente quando abastecidos com diesel ou gasolina. O etanol é o um combustível que emite menos gases poluentes: ao optar pelo álcool ao invés da gasolina as emissões de gases de efeito estufa (GEE) reduzem-se em cerca de 90%.

2-         Rede de fornecedores: de onde vem matéria prima e demais insumos usados na sua empresa? Um produto vindo da China certamente percorre um caminho muito maior do que um de um fornecedor local. Uma padaria, por exemplo, deve avaliar de onde vem o trigo que compra: quanto maior a distância, maior a emissão de gases de efeito estufa no transporte. E isso pode ser aplicado no dia a dia: o consumo local é mais sustentável, com vantagens muito além das emissões de gases.

3-         Ar-condicionado: esses aparelhos colaboram diretamente nas emissões globais de gases de efeito estufa por utilizarem hidrofluocarbonetos (HFCs) – gases que contêm hidrogênio, flúor e carbono. Mas é possível escolher modelos mais inteligentes, com classificação “A” no Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), do Inmetro, que são mais eficientes no uso de energia elétrica.

4-         Aquecimento de piscina e caldeiras: uma caldeira ou piscina aquecida a óleo emite mais GEE do que aquecida a lenha, por exemplo.

O inventário de emissões demora em torno de 20 a 30 dias para ser finalizado, e avalia as operações realizadas pela empresa, o consumo energético e as operações de terceiros que são inerentes aos processos da empresa. “Além de colaborar com o planeta, os consumidores estão cada vez mais exigentes, principalmente depois da pandemia da COVID-19, e olham com bons olhos as empresas que têm controle sobre suas ações, e que estão voltadas a práticas sustentáveis, trazendo maior vantagem competitiva para elas”, finaliza.

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