Aminoácidos reduzem fitotoxicidade do cafeeiro

Aminoácido reduz fitotoxicidade do cafeeiro - Crédito Divulgação Agrishow

Publicado em 11 de julho de 2015 às 07h00

Última atualização em 11 de julho de 2015 às 07h00

Acompanhe tudo sobre Adjuvante, Agrishow, Aminoácido, Café, Defensivo, Herbicida, Manganês, Matéria orgânica, Nitrogênio, Oliveira, Traça, Zinco e muito mais!

 

O aminoácido é um redutor de estresse, por ajudar no processo de regeneração do tecido lesionado por essa condição

Aminoácido reduz fitotoxicidade do cafeeiro - Crédito Divulgação Agrishow
Aminoácido reduz fitotoxicidade do cafeeiro – Crédito Divulgação Agrishow

Todas as culturas, inclusive o café, que são submetidas às aplicações de herbicidas, ou até mesmo de micronutrientes via folha, sofrem estresse, ocasionando a chamada fitotoxicidade. “A fito, como comumente a chamamos, é causada pelo adjuvante que é colocado na solução junto com fungicidas, herbicidas e inseticidas. Os adjuvantes causam danos às estruturas celulares, fazendo com que a planta produza radicais livres, reduzindo o crescimento da planta“, justifica Evandro Binotto Fagan, pesquisador e professor do Centro Universitário de Patos de Minas ” UNIPAM.

Diante disso, o professor diz que os agricultores usam como alternativa os aminoácidos, que são fórmulas prontas do metabolismo de assimilação do nitrogênio pela planta.

Como funciona

A planta precisa absorver o nitrato no solo, que é a forma mais fácil de absorção do nitrogênio. Em seguida o nitrato precisa ser assimilado, incorporado em moléculas orgânicas para dar origem aos aminoácidos, para que a planta produza estruturas de proteínas e assim consiga se manter viva.

Por causa dos estresses, a planta apresenta degradação de várias estruturas, inclusive de proteínas e aminoácidos, muitos dos quais são utilizados pela planta para minimizar os efeitos do estresse, como a prolina, que tem um efeito muito positivo, chamado osmorregulador. Evandro Binotto explica que este aminoácido é o responsável por reduzir os efeitos negativos do estresse hídrico por herbicida, dentre vários outros.

“Naturalmente a planta produz os aminoácidos, mas quando se aplica via folha uma mistura, o vegetal se torna capaz de utilizá-los como matéria-prima para produção de outros tipos que são essenciais para o metabolismo. Ou seja, a planta consegue remodelar o seu metabolismo para produzir aminoácidos que sejam necessários para determinadas situações de estresse. Algunsprodutos já têm sua concentração de aminoácidos mais elevada, inclusive de glicina betaína, um aminoácido (N-metilado)extremamente importante como regulador de estresse da planta“, detalha o especialista.

Sintomas da fitotoxicidez

Ao enfrentar a fitotoxicidez a folha do cafeeiro apresenta lesões necróticas, com pontos pretos e amarelados. Esses efeitos aparecem de um a dois dias após as aplicações de defensivos, e são facilmente perceptíveis.

O professor alerta que, ao se tratar de produtos sistêmicos, é preciso um cuidado maior, pois eles causam maiores danos à planta, exigindo a aplicação de aminoácidos mais regularmente para reverter o quadro de fitotoxicidade da planta.

“O efeito inicial é que a folha fica amarelada, ou clorótica, com pontos necrosados (pontos pretos), indicando onde os produtos atingiram, por estarem em maiores concentrações“, identifica Evandro Binotto. Ainda segundo ele, se produtos que reduzem o estresse não forem utilizados, a produção pode cair. A perda de produtividade acontece, principalmente, nas épocas de picos de estresse ambientais, como seca e levadas temperaturas do ar.

Entretanto, se a planta está em condição normal, a necessidade do aminoácido é pouco percebida. Isso porque a planta já terá uma reserva de nitrogênio em seu interior, possibilitando contornar o problema.

Binotto lembra que o aminoácido é um redutor de estresse, por ajudar no processo de regeneração do tecido lesionado por essa condição. “Durante o período de estresse a planta diminui a assimilação de nitrogênio e a aplicação de aminoácido fornece à planta o nitrogênio na “forma pronta“. Então, ao invés da planta gastar energia para transformar o nitrogênio em aminoácido, assimilar esse nitrogênio e incorporá-lo em moléculas orgânicas, ela o receberá de uma forma prontamente utilizável“, reforça.

 

Fitotoxicidez causada por herbicidas - Crédito Cristiano Soares de Oliveira
Fitotoxicidez causada por herbicidas – Crédito Cristiano Soares de Oliveira

Quando aplicar

Normalmente, a aplicação de aminoácidos deve acontecer sete dias após a aplicação do herbicida, que é quando a planta apresenta mais resposta. “Isso quer dizer que durante esses sete dias ela sofre vários danos, mas primeiramente a planta precisa adaptar-se à condição de estresse para estar mais responsiva, conseguindo absorver e otimizar o que tem“, justifica Evandro Binotto.

As dosagens devem seguir as recomendações dos produtos comerciais, pois cada um deles tem concentrações variadas, com composições de aminoácidos e matéria orgânica. Mas, no geral, o professor diz que as concentrações que as plantas recebem são da ordem de 1,5L ha-1de produto comercial, que equivale a concentrações de aminoácidos que variam de3 a 300 mg por litro.

“Essa dose é variável de acordo com o tipo de produto, pois nem sempre o aminoácido vai sozinho. Geralmente ele será acompanhado com o micronutriente que ajuda nessa bioativação fisiológica da planta, inclusive manganês, zinco e cobre, que são elementos muito importantes para atuar nesse processo“, pontua.

Custo

O custo da aplicação, assim como a dosagem, varia de acordo com o produto. “Na soja ele custa de R$ 20,00 a R$ 30,00por hectare, enquanto no café o custo pode chegar a atéR$ 50,00por hectare.O preço do produto depende da qualidade dos micronutrientes que serão quelatizados e incorporados junto com esses aminoácidos e de demais aditivos, como sacarídeos e substâncias húmicas“, finaliza Evandro Binotto.

Essa matéria você encontra na edição de junho da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira a sua.

Participe do Nosso Canal no WhatsApp

Receba as principais atualizações e novidades do agronegócio brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

Últimas publicações

1

Plano Safra do Governo Federal é anunciado em R$ 89 bilhões

2

Edalife: biotecnologia sem fronteiras

3

MG dispensa licenciamento ambiental para propriedades de até mil hectares

4

É possível uma agricultura sustentável e rentável ao mesmo tempo? A Edalife responde SIM

5

Matéria Orgânica do Solo: como transformar o solo em ativo no mercado de carbono

Assine a Revista Campo & Negócios

Tenha acesso a conteúdos exclusivos e de alta qualidade sobre o agronegócio.

Publicações relacionadas

Depositphotos_569121018_XL

Plano Safra do Governo Federal é anunciado em R$ 89 bilhões

Romeu Zema anuncia dispensa de licenciamento ambiental

MG dispensa licenciamento ambiental para propriedades de até mil hectares

Lavoura de trigo no RS com sinais de abandono e baixa tecnificação

Redução da área de trigo e uso de tecnologia preocupa produtores no RS

Infestação de nematoides nas raízes da soja em lavoura no Mato Grosso

Nematoides na soja em MT: avanço da raça 4+ preocupa e exige manejo urgente