Aminoácido não pode faltar na florada cafeeira

A aplicação de aminoácidos na fase da florada atenua os efeitos de estresses, aumentando a fixação das flores.

Publicado em 25 de abril de 2025 às 07h09

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h14

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Fotos: Aca

Nilva Teresinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora e professora de Nutrição de Plantas (UniPinhal)
nilva@unipinhal.edu.br

A cafeicultura é uma atividade extremamente importante para o nosso país, que é maior produtor e exportador do mundo dos seus grãos. Trata-se de atividade de importância social e econômica. Contribui significativamente para a receita cambial brasileira. O cultivo majoritariamente está presente nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Rondônia, Paraná e Goiás.

Novas tecnologias

Os cafeicultores estão sempre em busca de tecnologias que promovam acréscimo de produtividade e qualidade do produto. Entre as ferramentas disponíveis no mercado agrícola estão produtos contendo aminoácidos, que têm como funções principais constituírem as proteínas (que atuam, por exemplo, na formação dos tecidos vegetais e como enzimas), bem como são precursores de inúmeras substâncias reguladoras do metabolismo vegetal. A metionina é matéria-prima para a produção do etileno, responsável pela maturação dos frutos.

Outros aminoácidos, como a tirosina e a fenilalanina, são precursores dos compostos fenólicos envolvidos na defesa das plantas e na síntese de lignina, que aumenta a resistência ao acamamento das plantas.

Atuação

A valina afeta diretamente a germinação das sementes e a arginina age sobre o desenvolvimento radicular e eleva a solubilidade e absorção de nutrientes, sendo ainda o principal aminoácido de translocação no floema.

A glicina participa na formação da clorofila e na glutationa (molécula que auxilia na defesa de plantas), fitoquelatinas e betaína (composto que é acumulado em plantas em condições hídricas e ajuda manter a eficiência fotossintética).

Cisteína é fonte de enxofre básica para síntese da glutationa (que age na defesa das plantas fenilalanina e síntese de lignina, importante na estrutura das plantas) e do ácido salicílico (atua na resistência das plantas aos patógenos).

O triptofano é precursor do AIA, hormônio de crescimento radicular e também da parte aérea das plantas. A arginina age transporte dos nutrientes para flores, frutos e sementes.

A alanina participa da formação e germinação do grão de pólen. A prolina é importante na defesa contra o déficit hídrico e o estresse térmico, agindo como osmoprotetor: mantém a turgência celular, proporcionando proteção por curtos períodos de estresse e preservando a integridade de proteínas, enzimas e membranas celulares

Vamos às vantagens

A inclusão dos aminoácidos nos cultivos beneficia o metabolismo das plantas, incluindo a fotossíntese, a absorção e translocação de nutrientes,   quando aplicados via foliar, propicia sistema radicular mais desenvolvido e com maior vigor, além de regular as atividades hormonais das plantas.

Outros benefícios são: potencialização da síntese de proteínas, de compostos intermediários dos hormônios vegetais e do efeito quelatizante de nutrientes ou agroquímicos. Melhoram a resistência das plantas aos estresses bióticos, como os relacionados ao ataque de pragas e doenças, e abióticos, como desordens nutricionais e climáticas e aos relacionados à aplicação de defensivos, em especial herbicidas.

Em determinadas fases do ciclo das plantas, como formação de flores, pegamento de frutos e grãos, o uso de aminoácidos também é benéfico. Pode-se considerar os aminoácidos, assim como as algas marinhas, como bioestimulantes vegetais, quando aplicados às culturas.

Onde entram as algas

Os extratos de algas marinhas são fonte de nutrientes e estimulam o desenvolvimento das plantas, pois contam com compostos análogos aos hormônios vegetais que agem na divisão celular, beneficiam o desenvolvimento radicular, da parte aérea, floração e frutificação.

Sua inclusão nos cultivos estimula a atividade fotossintética e a respiração da planta, que são processos extremamente ligados ao crescimento e produção vegetal, melhora a absorção de nutrientes e o transporte deles nas plantas e, também, reduz os efeitos fitotóxicos de herbicidas.

Fotos: Aca

Então, o uso combinado de aminoácidos e algas marinhas pode ser interessante. No mercado existem produtos que os associam com resultados promissores

Para o cafeeiro

A suplementação de aminoácidos nas lavouras cafeeiras pode proporcionar equilíbrio metabólico, o que beneficia a vegetação, florada, formação e maturação dos grãos, favorecendo o ciclo atual e os futuros.

No estágio reprodutivo, o cafeeiro transporta sua reserva para os frutos em formação e os aminoácidos introduzidos podem equilibrar a nutrição das plantas. Outro aspecto interessante, e que é de interesse para o cafeicultor, que sempre busca qualidade, é que o uso de formulados com aminoácidos pode aumentar o número de frutos cereja e queda de frutos com defeitos.

O pegamento da florada é um dos principais fatores que determina o potencial produtivo do cafezal. Tecnologias com fins específicos para melhorar a fixação da flor do café devem ser utilizadas pelo produtor que almeja incrementar sua produtividade.

É a fase fenológica mais vulnerável ao estresse climático, podendo ocorrer perdas expressivas em produtividade. Essas perdas são causadas principalmente por déficit hídrico.

Fase a fase

A aplicação de aminoácidos na fase da florada atenua os efeitos de estresses, fornecendo estímulos e nutrientes essenciais para a maior fixação das flores no momento em que a planta mais precisa.

Nesse momento pode ser interessante, além do uso somente de aminoácidos, aplicá-los associados às algas marinhas, que são seres fotossintéticos de constituição muito rica: contam com nutrientes de plantas, aminoácidos, proteínas, glicoproteínas, vitaminas, indutores de resistência de plantas (como as fitoalexinas) e hormônios análogos aos produzidos pelos vegetais.

Quando aplicadas na agricultura, podem contribuir para a produtividade das culturas, em quantidade e qualidade.

Extensão às algas

Os extratos de algas marinhas podem beneficiar as plantas das mais diversas maneiras: como fonte de nutrientes, estimulando a atividade fotossintética e a respiração da planta, que são processos extremamente ligados ao crescimento e produção vegetal e o desenvolvimento delas, promovem maior desenvolvimento radicular e da parte aérea.

Beneficiam, ainda, a floração, frutificação e melhoram a resistência das plantas aos fatores bióticos e abióticos e à seca. A glicoproteína alginato presente em tais organismos tem a capacidade de absorção de água e de nutrientes e o transporte deles nas plantas, o que melhora a sua disponibilidade, algo importante nos períodos de seca.

Vamos à aplicação

Para garantia de produtividade, a aplicação de aminoácidos e extratos de algas marinhas, isoladas ou em conjunto, deve ser feita antes e durante a florada, em fases como a indução floral e o desenvolvimento inicial das flores.

Doses e frequência dependem do produto e das recomendações técnicas. A escolha do uso apenas de formulados contendo algas, de aminoácidos, ou associá-los, também deve seguir recomendação de especialista no assunto, que analisará as condições da lavoura e indicará a medida acertada.

Mais produtividade

O aumento de produtividade no café com o uso de aminoácidos pode variar, dependendo de fatores como a dose, a época de aplicação, as condições climáticas, o manejo nutricional geral da lavoura e o estado fisiológico das plantas.

Contudo, em média, estudos e relatos de campo indicam que aumentos 10 a 20% na produtividade podem ser alcançados, chegando até a 30%. Porém, tem que se considerar outros aspectos, como melhoria na qualidade dos grãos, na formação e o enchimento dos grãos, resultando em maior uniformidade, peneiramento e redução de alternância de produtividade. E, também, recuperação das plantas pós-colheita mais eficiente.

Não se pode esquecer que tais benefícios só podem ocorrer com manejo adequado da lavoura, incluindo-se os tratos culturais, nutricionais e sanitários. Se você busca maximizar esses benefícios, é importante combinar o uso de aminoácidos com outros aspectos do manejo, como adubação equilibrada.

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