Algas estimulam a produtividade das bananeiras

O uso de biofertilizantes à base de extratos de algas marinhas têm apresentado bons resultados.
bananas isolated on white.Yellow ripe juicy fruits isolated on white background.still life of summer tropical fruits for a vegetarian Breakfast.

Publicado em 17 de abril de 2025 às 07h57

Última atualização em 17 de abril de 2025 às 07h57

Acompanhe tudo sobre Algas, bananas e muito mais!

Camila Xavier Rabelo
camilaxavier1510@hotmail.com
João Vitor Fonseca Sales
joaov0022@hotmail.com
Engenheiros agrônomos
Fernando Simoni Bacileri
Doutor em Fitotecnia e pesquisador – Fisioplant Pesquisa e Desenvolvimento
feagro@hotmail.com

Originária do sudoeste asiático, a banana (Musa spp.) é uma das frutas mais consumidas tanto no Brasil quanto no mundo.

A bananeira demanda uma grande quantidade de nutrientes devido ao seu rápido crescimento, elevada produção de biomassa e intensa absorção de elementos durante seu desenvolvimento.

Com o aumento nos custos dos insumos e a crescente preocupação com a sustentabilidade, pesquisas têm buscado alternativas mais ecológicas, como o uso de biofertilizantes à base de extratos de algas marinhas.

Esses produtos têm se mostrado eficazes em melhorar tanto a produtividade quanto a qualidade dos frutos.

Quem são eles

Os extratos de algas marinhas, ricos em macronutrientes como cálcio (Ca), potássio (K) e fósforo (P), desempenham papel fundamental no desenvolvimento saudável das bananeiras. O potássio, em particular, é essencial para a translocação de açúcares produzidos pela fotossíntese, o equilíbrio hídrico e a formação dos frutos.

A maior presença de potássio nas plantas resulta em frutos mais doces, com maior teor de açúcares, melhor resistência ao transporte e maior durabilidade pós-colheita, o que impacta diretamente na qualidade do produto final.

Além dos nutrientes, os extratos de algas também contêm reguladores naturais de crescimento, como hormônios vegetais, que estimulam a produção de folhas e frutos. Isso contribui para uma maior produtividade.

Estudos demonstram que, mesmo em baixas concentrações, os extratos de algas têm um efeito positivo, melhorando o desempenho das bananeiras e maximizando seu potencial produtivo.

O poder das algas

As algas, ricas em macro e micronutrientes, reguladores de crescimento, aminoácidos, polissacarídeos e vitaminas, têm se destacado como bioestimulantes, desempenhando um papel fundamental no suporte ao crescimento e à adaptação das plantas a condições adversas.

Os extratos de algas marinhas contêm diversos reguladores de crescimento, como citocininas, auxinas e giberelinas, que são fundamentais para o aumento do vigor das plantas.

Esses reguladores promovem um crescimento mais robusto, maior enraizamento e uma melhor distribuição de nutrientes, fatores essenciais para o sucesso do cultivo de bananeiras, especialmente no processo de emissão e desenvolvimento de novas plantas, denominadas de plantas-filhas.

Esses extratos também melhoram a resistência aos estresses bióticos e abióticos, a qualidade nutricional dos alimentos e estimulam o desenvolvimento de microrganismos benéficos no solo.

Ciclo produtivo das bananeiras

O uso de algas tem um impacto significativo no tempo de emissão de novos cachos e no ciclo produtivo das bananeiras, principalmente devido ao seu efeito como bioestimulante natural.

Ao promover o crescimento saudável das plantas, as algas estimulam o desenvolvimento radicular e melhoram a absorção de nutrientes, o que favorece o estabelecimento inicial da bananeira e acelera seu ciclo de crescimento.

Além disso, os extratos de algas ajudam a melhorar a estrutura do solo, aumentando sua aeração e promovendo uma drenagem mais eficiente. Isso cria um ambiente mais adequado para as bananeiras, facilitando a absorção de nutrientes essenciais e resultando em maior produção de flores e frutos. Como consequência, o tempo necessário para a emissão dos cachos é otimizado.

As algas também atuam como agentes quelantes, tornando os nutrientes mais disponíveis para as plantas, especialmente em solos com baixa disponibilidade mineral. Esse efeito potencializa o crescimento das bananeiras, tornando-as mais vigorosas e produtivas.

Além disso, as algas aumentam a resistência das plantas a estresses ambientais e bióticos, o que é crucial para manter a saúde da planta durante todo o ciclo de cultivo.

Sanidade e desempenho das bananeiras

Os extratos de algas marinhas contêm diversos nutrientes essenciais, incluindo macronutrientes como cálcio (Ca), potássio (K) e fósforo (P), além de micronutrientes, como ferro (Fe), cobre (Cu), zinco (Zn), boro (B), manganês (Mn), cobalto (Co) e molibdênio (Mo).

Esses elementos desempenham papéis cruciais na fisiologia das bananeiras, influenciando o crescimento da parte aérea, a formação de clorofila e o desenvolvimento das raízes, além de favorecerem a produção de energia.

O cálcio contribui para a formação da parede celular, enquanto o potássio e o fósforo são essenciais para o metabolismo energético e o crescimento das raízes. Os micronutrientes, como o ferro e o manganês, são indispensáveis para a fotossíntese e a defesa das plantas contra estresses bióticos e abióticos.

Dessa forma, os extratos de algas marinhas são fundamentais para a sanidade, resistência e desempenho das bananeiras, proporcionando um crescimento vigoroso e maior adaptação às condições ambientais adversas.

Manejo de aplicação

A aplicação do extrato de algas pode ser feita de diferentes formas, sendo as mais comuns na cultura da banana a pulverização foliar e a aplicação no solo. A pulverização foliar é amplamente utilizada, pois permite uma rápida absorção dos nutrientes pelas plantas, promovendo uma resposta imediata no desenvolvimento vegetativo.

Já a aplicação no solo é recomendada no início do cultivo, pois favorece a disponibilidade de nutrientes para as raízes, essencial para o bom enraizamento e crescimento das bananeiras.

Independentemente do método escolhido, é fundamental adotar um manejo adequado, levando em consideração fatores como o momento da aplicação, o intervalo entre as aplicações, a concentração e a dosagem do produto, além das condições climáticas, para garantir a eficácia do processo.

Resultados

A resposta ao uso de algas pode variar conforme a variedade de banana cultivada, as condições climáticas e o tipo de solo. Cada variedade apresenta exigências nutricionais específicas, o que pode influenciar a absorção e os efeitos dos nutrientes fornecidos pelas algas.

Algumas variedades são mais exigentes em relação a certos nutrientes, enquanto outras são mais resistentes a doenças e condições adversas.

O clima também desempenha um papel importante no crescimento das bananeiras e na eficácia do uso de algas. Regiões com clima quente e úmido favorecem o desenvolvimento das plantas, e o uso de algas pode acelerar a emissão de cachos, melhorar o enraizamento e otimizar a fisiologia geral da planta.

Em locais mais secos ou com temperaturas amenas, os efeitos das algas podem ser mais lentos, uma vez que as plantas podem não absorver ou utilizar os nutrientes de forma tão eficiente. Além disso, estresses climáticos, como seca ou temperaturas extremas, podem diminuir os benefícios das algas, pois as plantas não estarão em condições ideais para absorver os nutrientes.

O tipo de solo também influencia os resultados. Aqueles com baixa fertilidade ou deficiência de nutrientes respondem melhor à aplicação de algas, já que esses biofertilizantes ajudam a suprir as carências nutricionais das plantas.

Em solos mais férteis, o impacto pode ser menos perceptível, pois as plantas já recebem os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento.

Experiências práticas

Segundo uma reportagem de 14 de março de 2018, na qual foi destacado o uso de algas marinhas em plantações de banana em Santa Catarina, os produtores observaram uma melhora significativa na qualidade do solo e na fertilidade, com aumento de nutrientes essenciais como cálcio e fósforo, presentes em abundância nas algas.

Esse resultado animou os produtores da região, que notaram uma melhoria na qualidade das safras e na saúde das plantas. A região norte de Santa Catarina, que é a maior produtora de bananas do estado e responsável por 58% da produção, foi especialmente beneficiada, mostrando uma maior produtividade e frutos de melhor qualidade após a aplicação de algas marinhas.

Além disso, em um estudo mostrou um maior incremento nas mudas de CV. Prata-Anã na adaptação à aclimatização, com um aumento na parte aérea, maior atividade fotossintética, bom teor de nutrientes em relação à exigência nutricional da espécie estudada e bom desenvolvimento das estruturas anatômicas.

Fotos: Shutterstock

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