A evolução do controle microbiológico na agricultura

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Sergio Almeida
Engenheiro agrônomo – Plant Health Care

A agricultura moderna enfrenta desafios gigantescos: controlar pragas e doenças de maneira eficiente, sustentável e segura para o meio ambiente. Nesse cenário, tecnologias de biocontrole encontram-se em ampla evolução, redefinindo como protegemos nossas lavouras.

Neste artigo, exploramos como as tecnologias de biocontrole de pragas e doenças na agricultura, baseadas em microrganismos, estão evoluindo e moldando o futuro da produção de alimentos no mundo todo. Conhecer essas gerações é essencial para produtores, técnicos e pesquisadores entenderem o presente e se prepararem para as inovações que estão por vir.

Gerações de tecnologias
Neste contexto, chamamos a primeira geração destas tecnologias de Biocontrole Baseado em Microrganismos Únicos, englobando o uso de produtos compostos por microrganismos. Essa geração captura o estágio inicial da evolução do biocontrole na agricultura, quando a simplicidade e a identificação de agentes microbianos únicos (por exemplo, Bacillus thuringiensis, Trichoderma spp., etc.) dominaram o mercado.

Os principais desafios dessa primeira geração são aqueles relativos à meia-vida dos produtos para comercialização e compatibilidade em misturas. A segunda geração engloba o Biocontrole Baseado em Multimicrorganismos e é caracterizada por formulações compostas de mais de um microrganismo, refletindo o avanço das formulações que alavancam a sinergia entre as espécies (por exemplo, consórcios bacterianos e fúngicos) para maior eficácia.

Para o desenvolvimento dessa geração, a compatibilidade continua sendo um gargalo e os produtos enfrentam complexidades relacionadas à estabilidade da formulação e desempenho consistente em ambientes variados.

Quebra de paradigmas
A terceira geração destaca uma mudança de paradigma importante – separa a vida microbiana de seus metabólitos secundários para aproveitar a atividade com menos problemas de armazenamento ou compatibilidade. Podemos denominá-la de Metabólitos de Microrganismos.

A grande limitação para a comercialização isolada desses produtos encontra-se em extrair, purificar e dimensionar metabólitos para produção em massa, e por isso seus benefícios são explorados na comercialização de produtos da primeira e segunda geração de microrganismos de biocontrole, como é o caso das iturinas e fengicinas encontradas em algumas formulações de Bacillus subtilis.

Já na quarta geração, agrupamos as Moléculas Efetoras, produtos que induzem as respostas de defesa em plantas, onde encontram-se os peptídeos, pequenas sequências de aminoácidos derivados de proteínas produzidas naturalmente por bactérias fitopatogênicas. Por não conterem o microrganismo, essas formulações não necessitam de refrigeração e têm um prazo de validade maior, apresentam desempenho consistente, mesmo na presença de condições adversas no plantio, além de facilidade operacional e custo competitivo ao produtor.

Saori®, fungicida bioquímico para o controle de doenças foliares em soja, recomendado em tratamento de sementes, e Teikko®, nematicida bioquímico para o controle de nematoides em soja, são dois exemplos de produtos de biocontrole de quarta geração registrados no Brasil.

Biotecnologia de Precisão
A quinta geração de produtos de biocontrole baseados em microrganismos ainda está em pleno desenvolvimento e é denominada Biotecnologia de Precisão, contemplando a edição genômica de microrganismos e soluções baseadas em RNA de interferência.

É importante salientar que a estrutura geracional acima foi adaptada de uma proposta feita pelo Dr. Ronaldo Dalio e detalhada neste artigo para ilustrar as diferenças entre as tecnologias e dar subsídios para que o agricultor possa melhor avaliar as opções disponíveis para o controle de pragas e doenças em sua lavoura, a caminho de uma agricultura mais sustentável.

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