Como manejar a ferrugem do milho

Manejar a ferrugem do milho é uma arte da agricultura moderna, exigindo estratégias precisas para proteger a colheita e promover a saúde das plantas.
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Publicado em 10 de janeiro de 2024 às 12h00

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h05

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Fernanda Lourenço Dipple
Engenheira agrônoma, mestra e professora de Microbiologia e Fitopatologia – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)
fernanda.dipple@unemat.br

A ferrugem do milho é uma das principais doenças da agricultura brasileira, e pode ser causada pelos fungos Physopella zeae, Puccinia sorghi e Puccinia polysora.

Sintomas de ferrugem no milho
Crédito: Claudinei Kappes

 De acordo com a Embrapa, a ferrugem do milho pode comprometer até 40% da produtividade da lavoura, se não manejada adequadamente. Isso porque ela afeta a área foliar da planta de milho e reduz a capacidade de fotossíntese da lavoura.

Como consequência, a produtividade e a qualidade da produção são afetadas.

Fungos causadores da ferrugem do milho

A cultura do milho é de suma importância para a alimentação animal e seu valor comercial dos últimos anos incentivou a produção desta cultura no Brasil.

Diversas doenças podem acometer esta cultura, dentre elas a ferrugem, esta doença pode afetar negativamente a produtividade do milho e muitos produtores não fazem um manejo eficiente de doenças, agravando os sintomas e causando prejuízos.

A ferrugem é causada por fungos basidiomicetos, produzindo pústulas, com esporos de coloração amarelo à marrom, os quais são comumente chamados de ferrugem.

A ferrugem pode ser causada por vários basidiomicetos e na cultura do milho temos três espécies de suma importância: Physopella zeae, Puccinia sorghi e Puccinia polysora.

Sintomas e identificação

Ficar atento aos sintomas iniciais é fundamental. Quando aparecerem pequenas cloroses com pontuação nas folhas de coloração amarelo, marrom ou até esbranquiçadas, podem ser sinais dos primeiros sintomas de infecção e colonização dos fungos que causam a ferrugem.

Physopella zeae é conhecida como a ferrugem tropical. Seus esporos possuem coloração mais clara, pústulas (urédias) que se abrem e liberam os uredósporos, que são disseminados pelo vento. É um patógeno com grande potencial destrutivo, sendo que as condições ambientais, como altas temperaturas favorecem o fungo e a doença.

Puccinia sorghi, ou ferrugem comum, é considerada de com menor severidade, comparada às demais. Sua presença é mais significativa na região no sul do país. A caracterização é o formato das pústulas, sendo estas alongadas e elípticas.

Seus uredósporos são de coloração marrom-canela, escurecendo com o passar do tempo. Temperaturas baixas (16 a 18ºC) e alta umidade relativa (100%) favorecem o desenvolvimento da doença.

Puccinia polysora, chamada de ferrugem polisora, preocupa muitos engenheiros agrônomos e produtores, pois é a mais agressiva e danosa das ferrugens do milho, podendo causar sérias lesões na planta e prejuízos que podem ultrapassar 50% na produtividade.

A ferrugem polysora é muito comum na região central do Brasil, sendo que estados do Mato Grosso e Goiás têm constatado focos desta doença.

Os sintomas são diferentes da ferrugem comum, pois suas pústulas são arredondadas e pequenas, com coloração mais clara e tons amarelados “dourados” com o avançar da doença.

Como as demais ferrugens, ela muda de coloração, ficando mais escura e amarronzada. Além das folhas, podem ter sinais nas espigas e no pendão, com alta severidade.

Práticas de manejo recomendadas

O manejo integrado de doenças é a melhor forma de controlar os patógenos e reduzir as perdas nas culturas.

Um problema da cultura do milho é que muitos produtores são pensam em realizar um manejo de doenças adequado. Há alguns anos, isso acontecia pelo baixo valor pago pela saca do grão, e hoje porque estão preocupados com pragas e esquecem do potencial destrutivo das doenças.

O manejo integrado deve começar pelo conhecimento da cultura e práticas eficientes de produção, como rotação de culturas, usar adubação verde ou consórcio, barreiras sanitárias e métodos culturais que reduzem a aplicação de compostos químicos.

Outro ponto importante é o planejamento agrícola, a época de semeadura (safra ou safrinha), escolha de um híbrido com as características agronômicas desejáveis, compra de insumos com antecedência, posicionando aplicações de fungicidas para reduzir a fonte de inóculo e prevenir o aparecimento de doenças.

Na prática

Um exemplo na região de Nova Mutum (MT), é que temos milho safrinha na maioria dos produtores e milho safra (destinado à produção de biodiesel). Portanto, somente a época de semeadura muda todo o planejamento agrícola, insumos, agroquímicos e possíveis doenças na cultura.

Por fim, como a ferrugem é um basidiomiceto, há, no mercado, diversos mecanismos de ação com eficiência de controle sobre este patógeno, como triazóis, estrobilurinas, carboxamidas e até um multissítio, o clorotolanil.

O ponto-chave é nunca usar somente um mecanismo de ação, sempre rotacionar e fazer misturas para reduzir a incidência de resistência dos patógenos.

Seguem alguns princípios ativos registrados no Ministério da Agricultura para controle das ferrugens do milho:

Physopella zeae: Epoxiconazol, Fluxapiroxade, Piraclostrobina, Azoxistrobina, Tebuconazol, Propiconazol.

Puccinia sorghi: Epoxiconazol, Piraclostrobina, Picoxistrobina, Tebuconazol, Azoxistrobina, Mancozebe, Protioconazol.

Puccinia polysora: Epoxiconazol, Piraclostrobina, Azoxistrobina, Clorotalonil, Difeconazol, Benzovindiflupir, Ciproconazol, Picoxistrobina, Tebuconazol, Fluxapiroxade, Mefentrifluconazole.

Direto ao ponto

Os fungos de classificação Grupo 5, como as ferrugens, conforme McNew, atuam diretamente sobre a fotossíntese, ou seus produtos, causando lesões e manchas foliares.

As ferrugens podem afetar grande parte das folhas, interferindo na fotossíntese e na produção de fotoassimilados, refletindo diretamente na produção da planta e na produtividade da área, com perdas que podem ultrapassar 40% da produtividade.

Lembrando que estes fungos não sobrevivem em restos vegetais, são biotróficos e precisam de uma planta hospedeira. São disseminados pelo vento, homem, animais, insetos e chuva.

Assim, o manejo preventivo e práticas culturais adequadas são fundamentais para manejo da doença.

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