Inoculação com Bradyrhizobium garante alta produtividade na soja

Crédito Ana Maria Diniz

Publicado em 13 de agosto de 2015 às 07h00

Última atualização em 13 de agosto de 2015 às 07h00

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André Luiz Martinez de Oliveira

Professor do Departamento de Bioquímica da Universidade Estadual de Londrina

almoliva@uel.br

Karina Maria Lima Milani

Doutoranda do Curso de Pós-graduação em Biotecnologia, Universidade Estadual de Londrina

Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

A inoculação da soja se refere ao processo de aplicação de formulações inoculantes, que são produtos agrícolas contendo uma grande concentração de bactérias benéficas conhecidas como rizóbios. Essas bactérias se instalam nas raízes da planta e ali permanecem durante a maior parte do ciclo da cultura, em uma relação simbiótica: a planta fornece energia para a bactéria, e como contrapartida a bactéria fornece nitrogênio para a planta.

A inoculação desses microrganismos em cultivos agrícolas é geralmente realizada pela aplicação de um produto chamado inoculante, e consiste na mistura desse produto às sementes momentos antes do plantio. Este procedimento é essencial para garantir que bactérias benéficas de alta eficiência estejam em contato com a semente tão logo ocorra a sua germinação, impedindo que bactérias semelhantes naturalmente existentes no solo ” e que são menos eficientes no fornecimento de nitrogênio para a planta ” ocupem por completo o sistema radicular.

A inoculação

O fornecimento de nitrogênio pelas estirpes de alta eficiência presentes nos inoculantes elimina a necessidade da adubação nitrogenada - Crédito Miriam Lins
O fornecimento de nitrogênio pelas estirpes de alta eficiência presentes nos inoculantes elimina a necessidade da adubação nitrogenada – Crédito Miriam Lins

No Brasil, a aplicação de inoculantes em leguminosas como a soja é uma prática bem consolidada, levando o país à liderança mundial no uso de bactérias fixadoras de nitrogênio na agricultura.

Estima-se que mais de 95% dos inoculantes comercializados atualmente no Brasil destinem-se à cultura da soja, e seu uso substitui completamente a aplicação de fertilizantes nitrogenados e garante produtividades que chegaram a 47,6 sacas/ha na safra 2013/14. Esses inoculantes são formulados com estirpes de Bradyrhizobium altamente eficientes, e quando a inoculação é realizada de maneira adequada e utilizando produtos de boa qualidade, fornecem o equivalente a 300 kg de N ha-1 ano-1 por meio da fixação biológica do nitrogênio atmosférico (FBN).

Essa competência no fornecimento de nitrogênio para a soja pelas estirpes de alta eficiência presentes nos inoculantes comercializados no Brasil elimina a necessidade da adubação nitrogenada, seja na semeadura ou em qualquer outro estádio de desenvolvimento da soja.

A ausência de resposta ao uso de fertilizantes nitrogenados em cultivos de soja inoculados vem sendo demonstrada por ensaios realizados em todo o território nacional sob coordenação da Embrapa. O comitê Estratégico Soja Brasil (CESB; http://www.cesbrasil.org.br/) realizou uma pesquisa totalizando 51 experimentos nas principais regiões produtoras de soja do país, e os resultados demonstraram que em 98% dos experimentos não houve aumento significativo na produção de soja quando adicionado ureia, inviabilizando a aplicação de nitrogênio.

A inoculação da soja traz ganhos energéticos e ambientais ao produtor e à propriedade agrícola -Crédito Bayer Cropscience
A inoculação da soja traz ganhos energéticos e ambientais ao produtor e à propriedade agrícola -Crédito Bayer Cropscience

Eficiência

O agronegócio brasileiro, diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, não recebe subsídios governamentais diretos que levam à diminuição dos custos de produção. Mesmo assim, o agronegócio brasileiro é extremamente competitivo no mercado global, e para o caso da soja muito se deve aos inoculantes altamente eficientes disponíveis para o produtor, que possibilitam elevadas produtividades sem que seja necessário o uso de adubação com o nutriente agrícola mais caro: o nitrogênio.

Além disso, a inoculação da soja traz ganhos energéticos e ambientais ao produtor e à propriedade agrícola, os quais são muito importantes no longo prazo. A substituição de fertilizantes nitrogenados por nitrogênio derivado da FBN proporciona uma diminuição na emissão de gases de efeito estufa e menor poluição de mananciais (lagos, rios e lençóis freáticos) por nitrato, favorecendo a sustentabilidade da atividade agrícola.

A inoculação é imprescindível para alcançar altas produtividades - Crédito Miriam Lins
A inoculação é imprescindível para alcançar altas produtividades – Crédito Miriam Lins

Como a planta responde ao estímulo

A relação simbiótica entre rizóbios e leguminosas, como ocorre para a soja, data de milhões de anos e pode ser facilmente identificada pela existência de estruturas especiais nas raízes destas plantas, chamadas de nódulos. Esses nódulos são formados quando a planta identifica a existência de bactérias benéficas junto às raízes, sendo essas estruturas especializadas semelhantes a galhas (ou verrugas) com a função de abrigar os microrganismos e realizar uma troca de nutrientes: a planta fornecendo energia derivada da fotossíntese para a bactéria, e dela recebendo nitrogênio derivado da FBN.

Várias etapas são necessárias para que uma planta de soja apresente nodulação nas raízes, em um processo regulado por fatores ambientais, fisiológicos e genéticos. Nem sempre a presença de bactérias compatíveis junto às raízes proporciona uma nodulação elevada, e nem sempre a ocorrência de nodulação resulta na transferência de nitrogênio para a planta em quantidade necessária para o alcance de elevadas produtividades.

Para que ocorra uma nodulação eficiente e que resulte no estabelecimento de uma simbiose entre a bactéria e a planta, é necessário que o microrganismo consiga se estabelecer junto ao sistema radicular. Esta tarefa não é fácil, pois o solo é o maior reservatório de biodiversidade que se conhece, podendo ter mais de um milhão de espécies diferentes de bactéria com as quais o microrganismo inoculado tem que competir pelos recursos disponíveis.

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