Como o reflorestamento pode conter a desertificação no Brasil

Aperam BioEnergia promove iniciativas para o manejo sustentável do solo nas áreas de florestas plantadas no Vale do Jequitinhonha (MG).

Publicado em 29 de abril de 2022 às 15h11

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 17h00

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Crédito Aperam

15 de abril foi o Dia Nacional da Conservação do Solo, data oficializada em 1989 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A discussão sobre o tema é de grande relevância, considerando que a degradação dos solos brasileiros avança em ritmo acelerado. O Brasil tem hoje 1,3 milhão de km2 de áreas suscetíveis a se tornarem desertos, o que representa 16% do território nacional, segundo dados atuais do Ministério do Meio Ambiente. Os números estão relacionados à perda da qualidade dos solos nas últimas décadas, principalmente em função do desmatamento, das queimadas, da lixiviação e dos manejos inadequados de atividades agrícolas. Nesse contexto, as empresas têm sido convocadas, seja pelo mercado ou pelos consumidores, a atuarem para mudar esse panorama, dentro de sua agenda de sustentabilidade. E a silvicultura, ciência que estuda o manejo de florestas e utiliza técnicas para sua preservação e para a produção extrativista e cultivada sustentável, tem desempenhado um papel fundamental.

Na Aperam BioEnergia, por exemplo, o plano de sustentabilidade passa essencialmente pelo reflorestamento, a partir do cultivo de eucalipto, e pela preservação das matas nativas. A área de influência direta das atividades da empresa, no norte de Minas Gerais, se estende pelos municípios de Capelinha, Carbonita, Itamarandiba, Minas Novas, Turmalina e Veredinha, no Vale do Jequitinhonha (MG). Nas florestas cultivadas pela BioEnergia, em uma área de 76 mil hectares, novos plantios são feitos sistematicamente, com o objetivo de recuperar o solo, sendo aproveitados resíduos orgânicos como cascas de madeira provenientes do processo de produção do carvão vegetal. A companhia também preserva cerca de 40 mil hectares de matas nativas, evitando o desmatamento.

O diretor de Operações da Aperam BioEnergia, Edimar de Melo Cardoso, explica que o Plano de Manejo Florestal da empresa prevê técnicas de plantio voltadas para a menor intervenção possível no solo. Segundo ele, o modelo de distribuição das florestas intercala os plantios comerciais com faixas de florestas nativas. “Após o plantio, há uma série de intervenções na floresta objetivando manter as condições ideais para o bom crescimento das árvores”. Já a recuperação de áreas degradadas é feita com a proteção do solo e ações para facilitar a regeneração de áreas de cascalheiras desativadas. “Sabemos que as florestas são essenciais para a subsistência e empregos, habitats para animais, conservação do solo e da água e captura e armazenamento de carbono”, afirma o diretor. 

O carvão vegetal produzido pela Aperam BioEnergia abastece os alto-fornos da Aperam South America, em Timóteo (MG), produtora integrada de aços inoxidáveis, elétricos e carbono especial. A empresa do grupo europeu Aperam e é a única do mundo no segmento de aços planos especiais a utilizar exclusivamente carvão vegetal como combustível e redutor em seu processo produtivo, dando origem ao Aço Verde Aperam. A partir das florestas, a BioEnergia também produz híbridos dos gêneros Eucalyptus e Corymbia e fornece há décadas mudas para o mercado florestal, subsidiando a produção de papel, celulose, lenha, carvão, móveis, chapas, aglomerados, serraria, mel, óleos essenciais para a indústria farmacêutica, entre outros produtos. A empresa é referência em melhoramento genético florestal, dando origem a espécies de eucaliptos cada vez mais produtivas e com maior eficiência no uso da água e nutrientes, reduzindo o impacto no solo.

Desmistificando o eucalipto

Uma pesquisa da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) calcula que o país tem 9 milhões de hectares de florestas cultivadas, sendo 5,7 milhões de hectares de eucalipto, principalmente em Minas Gerais (24%), São Paulo (17%) e Mato Grosso do Sul (16%). O setor de florestas plantadas, liderado pela eucaliptocultura, representa 1,3% do PIB bruto nacional e 6,9% do PIB industrial, gerando mais de 513 mil empregos diretos e cerca de 3,8 milhões indiretos. 

De acordo com o estudo da Embrapa publicado em março deste ano no Research, Society and Development Journal  – Expansão e impactos socioambientais da cultura de Eucalyptus spp. (Myrtaceae) no Brasil: um panorama da literatura – o eucalipto plantado em áreas degradadas pode contribuir para a recuperação do solo e reduzir o desmatamento das áreas nativas. Essa cultura, manejada adequadamente, em sua concepção e implementação, pode promover o desenvolvimento sustentável, propiciando um equilíbrio entre crescimento econômico, melhor distribuição da renda e da riqueza e qualidade adequada do meio ambiente – desde que respeitadas as diretrizes do equilíbrio ecológico, afirmam os pesquisadores. A publicação considera que a produção de eucalipto em larga escala tem como um dos pontos positivos a preservação de florestas nativas para a obtenção de produtos de base florestal. “A cultura também contribui de forma positiva com o processo de recuperação de solos exauridos e com a absorção de CO2 da atmosfera, diminuindo a poluição e o calor”, destacam. 

Mesmo assim, a cultura do eucalipto ainda é cercada de mitos e ceticismo. O principal deles é ligado à ideia de que o eucalipto empobrece o solo, o que não é verdade. “Após a colheita, cascas, folhas e galhos que possuem a maior parte dos nutrientes da árvore, permanecem no local e incorporam-se ao solo como matéria orgânica, o que aumenta a permeabilidade do solo, melhorando também sua fertilidade e estrutura, além de ampliar a micro e macro fauna”, pontua Lilian Reis, Pesquisadora e Melhorista da Aperam BioEnergia. Além disso, no período chuvoso, as raízes absorvem e retém a água que cai no solo, evitando possíveis erosões na localidade. 

Segundo estudos realizados pela Indústria Brasileira de Árvores (IBA), a floresta, seja ela natural ou plantada, funciona como um amortecedor para o solo. Parte da chuva é interceptada pelas copas e troncos, chegando ao solo com menos impacto e infiltrando maior volume de água. Isso ocorre devido a estrutura do solo e das raízes que permitem que a água abasteça o lençol freático, ao invés de escoar diretamente para os rios ou ser perdida por evaporação superficial. Com os lençóis freáticos abastecidos, o nível dos rios se mantém mais estáveis durante a estação de seca. Assim, as florestas de eucalipto funcionam como reguladoras do fluxo hídrico e não secam o solo.

As florestas renováveis de eucalipto da Aperam BioEnergia também são fonte de energia limpa, oxigênio, geração de emprego e oportunidades, além de garantir a preservação de 40 mil hectares de matas nativas, evitando o desmatamento. A empresa possui a certificação FSC®, selo internacionalmente reconhecido que certifica o manejo das florestas renováveis de eucalipto como sustentáveis para o meio ambiente e para comunidade.

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