Silo cincho: opção de baixo custo

Produtores de Brasília de Minas, no Norte do Estado, têm orientação da Emater-MG para adotar a tecnologia.

Publicado em 13 de abril de 2022 às 16h35

Última atualização em 13 de abril de 2022 às 16h35

Acompanhe tudo sobre Agricultura familiar, armazenagem, Silo e muito mais!

No dicionário, uma das definições da palavra cincho é “o molde usado para apertar o queijo”. Mas, no Norte de Minas Gerais, o cincho tem sido fonte de alimentação do gado durante os longos períodos anuais de estiagem. Com a aproximação dessa época mais seca do ano no Estado, a tecnologia de armazenar forragem em pequenos bolos vegetais compactados é a garantia de sobrevivência dos animais e de renda para produtores de pequeno porte que exploram a pecuária leiteira.

No município de Brasília de Minas, a cerca de 100 quilômetros de Montes Claros, a equipe da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) tem divulgado intensamente a tecnologia de implantação de silos cincho na agricultura familiar. A iniciativa começou em 2015, na comunidade chamada Raiz, com a confecção experimental de um silo desse tipo, que dispensa o uso de trator para a compactação da matéria vegetal e armazena quantidades menores de forragem. “Nos últimos anos, já realizamos vários eventos para apresentar as vantagens do silo cincho e o processo de montagem. A prática já se tornou comum aqui no município e em outros vizinhos, o que demonstra a satisfação com o processo”, afirma o extensionista agropecuário Manoel Milton de Sousa, da Emater-MG.

Ele explica que o silo cincho é ideal para a agricultura familiar, pois geralmente as propriedades têm poucos animais e também pouco material forrageiro para ser transformado em silagem. Além disso, por dispensar o uso de máquinas para a compactação, que é feita pisoteando a forragem, o processo fica bem mais barato. Manoel Milton conta como conheceu a tecnologia: “Em conversa com um comerciante do setor agropecuário local, ele me falou de um modelo de silo, que chamava de silo bolo. A conversa me despertou interesse e fui pesquisar mais sobre o assunto. É uma tecnologia antiga, de origem Italiana, e a Emater-MG já havia utilizado essa prática, principalmente na região do Vale do Jequitinhonha, que também enfrenta longos períodos de seca.”

Materiais

Inicialmente, era utilizada uma chapa de aço de 14 milímetros para dar forma ao silo. Mas o produtor rural Carlos Roberto, também de Brasília de Minas, teve a ideia de utilizar uma chapa de zinco, mais barata e bem mais leve, que pode ser inclusive enrolada, quando não estiver em uso. Por ser bem mais fina que a chapa de aço, foi necessário fazer adaptações com vergalhões nas bordas superior e inferior para dar maior firmeza na forma. “Esse novo arranjo atende todos os requisitos da forma original, mas com um custo mais acessível e até mais facilidade no transporte”, elogia Manoel Milton.

Além da chapa metálica (geralmente de 50 centímetros de altura por 10 metros de comprimento), os outros materiais necessários são lona plástica e corda, para acondicionar o material ensilado. Para fechar a forma, podem ser usadas dobradiças, unidas com um pino, ou cantoneiras e parafusos. “Uma forma dessas pode armazenar até seis toneladas de silagem”, informa o técnico da Emater-MG.

Para a forragem, podem ser utilizados diversos materiais, desde capim, cana-de-açúcar, milho, sorgo, e até ramas da mandioca. Um pequeno desintegrador garante que os restos vegetais sejam picados do tamanho ideal para favorecer a fermentação adequada da matéria verde, para garantir a durabilidade e a qualidade da alimentação para o gado.

Economia

O produtor rural Carlos Roberto cita as diversas vantagens do silo cincho: “Não preciso alugar a máquina (trator) para compactar a forragem. E outra coisa positiva é que quase não perdemos nada da silagem, depois de aberto o silo. Tenho poucos animais e, se fosse fazer um silo tradicional, que é bem maior, corro o risco de desperdiçar parte do material. E tem mais, não preciso de muita forragem. Aproveitamos todo resto de lavoura que não tenha vingado, e até as ramas da mandioca, depois que colhemos as raízes.”

O extensionista da Emater-MG acrescenta que, caso haja necessidade de alimentar um maior número de animais, é possível fazer vários pequenos silos, que serão abertos conforme a demanda. “Por exemplo, se for necessário ter 20 toneladas de silagem para um ano, o que é ainda considerado uma quantidade pequena, o produtor pode fazer quatro silos de cinco toneladas cada. Assim, ele vai abrindo cada um conforme a necessidade, e mantém a conservação do material nos outros silos”, explica Manoel Milton.

Para o produtor Valdir Ferreira de Aquino, o silo do tipo cincho tem sido a salvação, nestes tempos de alta de combustíveis: “Já fizemos um bocado de silos desses aqui. É bem mais barato, porque não depende de trator. Ainda mais que agora o combustível está tão caro e aumentou muito a diária de aluguel da máquina. A ração fica perfeita, os animais aceitam muito bem. O Milton (técnico da Emater-MG) veio aqui e nos explicou tudo como fazer.” Valdir mantém cerca 25 animais na propriedade, voltada para a pecuária de leite. “Já faço comida pro meu gado pra passar seis ou sete meses de seca”, conta o produtor, já adaptado a passar por longos períodos de estiagem.

Participe do Nosso Canal no WhatsApp

Receba as principais atualizações e novidades do agronegócio brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

Últimas publicações

1

10ª etapa nacional do Circuito Nelore de Qualidade 2025 acontece em Nova Andradina (MS)

2

São Geraldo do Araguaia (PA) divulga resultados da sétima etapa nacional do Circuito Nelore de Qualidade

3

Goiás remunera produtores rurais que preservam o cerrado

4

COP das Baixadas 2025 reúne juventude e periferias de Belém pela justiça climática

5

Bejo a Campo 2025 se prova um catálogo vivo no campo; saiba tudo o que aconteceu no evento

Assine a Revista Campo & Negócios

Tenha acesso a conteúdos exclusivos e de alta qualidade sobre o agronegócio.

Publicações relacionadas

Divulgação

São Geraldo do Araguaia (PA) divulga resultados da sétima etapa nacional do Circuito Nelore de Qualidade

Esforço conjunto do Governo de Goiás e mais de 400 produtores rurais garante preservação do bioma cerrado - Foto: Secom

Goiás remunera produtores rurais que preservam o cerrado

Divulgação

COP das Baixadas 2025 reúne juventude e periferias de Belém pela justiça climática

Foto: Miriam Lins

Bejo a Campo 2025 se prova um catálogo vivo no campo; saiba tudo o que aconteceu no evento