Mosca-minadora: Alerta vermelho para os produtores de batata

Publicado em 26 de novembro de 2019 às 08h45

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h29

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Autores

João Rafael De Conte Carvalho de Alencar
Doutor e professor – Departamento de Agronomia do Centro Universitário Integrado e coordenador do Grupo de Estudos em Manejo Integrado de Pragas (GEMIP)
joao.alencar@grupointegrado.br
Marina Aparecida Viana de Alencar
Doutor e professor – Departamento de Agronomia do Centro Universitário Integrado
marina.viana@grupointegrado.br
Anderson Gonçalves da Silva
Doutor e professor – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), câmpus de Paragominas (PA) e coordenador – GEMIP
anderson.silva@ufra.edu.br
Crédito: Maria Fernandes

O consumo de batata no mundo se dá principalmente de forma in natura. O fato é que a produção deste tubérculo ultrapassa os 388 milhões de toneladas, com uma produtividade média próxima a 20 toneladas por hectare. Além disso, é expressivo o consumo per capita/ano, que é superior aos 34 kg.

O principal mercado consumidor de batatas é a União Europeia, Estados Unidos e a Ásia, com a China e a Índia. Entretanto, os países europeus e os Estados Unidos utilizam este tubérculo com maior proporção como base da alimentação, o que eleva a batata ao terceiro alimento mais consumido no mundo, atrás apenas do arroz e do trigo.

As pragas

Fatores que limitam o aumento da produtividade desta solanácea são, principalmente, os problemas fitossanitários, como as pragas e as doenças. Entre as pragas, a mosca-minadora Liriomyza sp., representada principalmente pela espécie Liriomyza huidobrensis, é considerada uma praga de difícil controle pelos bataticultores. Trata-se de um díptero da família Agromyzidae de cor escura.

A postura é endofítica, ou seja, é realizada no interior do tecido vegetal, numa quantidade que pode variar de 200 a mais de 500 ovos durante seu ciclo reprodutivo, o que normalmente é depositado nas folhas em um período de quase 30 dias.

As pupas se fixam nas folhas, ou antes de empupar as larvas migram para o caule e, principalmente, para o solo, permanecendo no estágio de pupa por até 15 dias. Os adultos vivem em média entre 10 a 20 dias. O ciclo completo do inseto varia de 21 a 30 dias.

Os adultos alimentam-se do conteúdo celular que extravasa de perfurações realizadas estritamente pelas fêmeas. Logo, os machos, por não possuírem ovipositor, aproveitam-se das perfurações existentes na área. O dano dos adultos é conhecido como puncturas.

A dinâmica das minas ocorre pela preferência de folhas mais velhas e sadias e, dependendo do nível de infestação, podem chegar às folhas mais novas. Apesar do nome mosca-minadora, o principal dano é em forma de galerias com eventuais minas.

As galerias são os danos em forma de caminhar pelo limbo foliar, enquanto as minas são danos com raio maior, resultado do consumo elevado num mesmo ponto, ou seja, sem muita locomoção, ou da coalescência de diferentes galerias.

Danos

O dano da mosca-minadora reduz a área fotossintética da planta e a predispõe a doenças fúngicas. Quando o ataque é intenso, pode-se inviabilizar a produção e até mesmo levar a planta à morte.

Portanto, os danos ocasionados por estes insetos são indiretos, feitos pelas larvas que consomem o limbo foliar interno das folhas, o que acaba por reduzir a qualidade e o rendimento da produção de batatas, devido à redução da captação da luz solar e da redução da produção de fotoassimilados.

A ocorrência desta praga em altas populações é atribuída à falta de monitoramento e ao uso indiscriminado de inseticidas, que elimina seus inimigos naturais, indo contra o manejo mais eficiente, onde se aplica o defensivo de forma mais adequada e econômica na presença da praga, realizando a rotação de princípio ativo entre as aplicações, evitando a evolução de populações resistentes.

Outro fator que colabora para a dificuldade de manejo da mosca-minadora é a quantidade de plantas hospedeiras silvestres que se desenvolvem nas proximidades das áreas de produção.

Controle

O controle da mosca-minadora na batata é realizado de diversas maneiras, sendo a junção de diferentes métodos o meio mais eficiente e econômico, que são os princípios do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

O uso de cultivares mais resistentes ao desenvolvimento da mosca é a primeira opção a se adotar. O destaque é a cultivar Monalisa, que apresenta menor incidência de danos em comparação com as seguintes cultivares, Bintje, Jaette-Bintje, Crebella e Atlantic.

Dicas importantes

O uso de silício na nutrição das plantas de batata mostrou-se também um bom fator para redução de danos e aumento de produtividade. A média de danos em batata inglesa, onde não se aplicou silício, foi de cinco vezes mais minas e galerias.

A correção do solo e a adubação ideal mantêm as plantas mais fortes e tolerantes aos danos das pragas em geral.

O cultivo protegido em ambiente como estufas e túneis de agrotêxtil mostra-se eficiente para o controle desta praga, entretanto, o investimento na tecnologia é alto. Outra alternativa é a adoção de cercas vivas nas áreas de cultivo por plantas não hospedeiras, como capim-elefante, por exemplo.

O uso de armadinhas de cor amarela com cola entomológica é indispensável para o monitoramento e controle de espécies de Liriomyza spp. O levantamento e estudo do histórico de ocorrência da praga na área onde se deseja estabelecer a cultura possibilita a escolha mais assertiva dos produtos mais adequados para rotação do princípio ativo.

O controle químico pode ser feito com a aplicação de Abamectina, Abamectina + Clorantaniliprole, Acetamiprido + Etofenproxi, Bifentrina, Ciromazina, Clofernapir, Clorpirifós, Ciantraniliprole, Espinosade, Espinetoram, Lambda-Cialotrina, Milbemectina e Zeta-Cipermetrina.

As Abamectinas (Avermectinas) e as Milbemectinas (Milbemicinas – Semissintético de Avermectinas) são produtos de contato e ingestão, portanto, para garantir uma boa cobertura na aplicação, usar 0,25% de óleo vegetal na calda para melhorar a absorção foliar.

O Clorpirifós é um Organofosforado de ação de contato e ingestão e, por isso, deve ser aplicado com boa uniformidade na aplicação. Sua formulação emulsionada em óleo dispensa a adição de óleo.

O ingrediente ativo Ciantraniliprole é de ação sistêmica, ingestão e contato do grupo das Antranilamidas, e dispensa o uso de óleos e na aplicação, sendo recomendável a aplicação ao verificar os primeiros adultos na área.

A Lambda-Cialotrina e a Bifentrina são piretroides com ação de contato e ingestão para o manejo dos agromizídeos. O Espinetoram é uma Espinosina de ação de contato. Acetamiprido + Etofenproxi é uma mistura de Neonicotinoide e Éter Difenílico, com ação sistêmica e de contato.

A Zeta-Cipermetrina é um inseticida de contato e ingestão do grupo dos piretroides. A Ciromazina é um inseticida do grupo das Triazinaminas, com ação sistêmica e de ingestão. Para o manejo químico das moscas-minadoras, recomenda-se a rotação destes diferentes princípios ativos, junto à adição de espalhante adesivo para melhor retenção da calda.

As aplicações devem ser feitas fora de horários muito quentes e com umidade relativa do ar acima de 60%. O uso de pontas cônicas ou de duplo leque ajudam na formação de gotas com espectro que melhoram na cobertura das plantas e do alvo biológico. Importante sempre consultar um agrônomo.

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