Trichoderma se mostra eficiente no controle de sclerotínia em folhosas

Crédito Pixabay

Publicado em 31 de dezembro de 2017 às 07h42

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h43

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Daniela Tiago da Silva Campos

Doutora em Microbiologia do Solo e professora da UFMT/DFF/Laboratório de Microbiologia do Solo

camposdts@yahoo.com.br

Giovani de Oliveira Arieira

Doutor em Fitopatologista/Nematologista e professor da UFMT/DFF/Laboratório de Fitopatologia

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O Trichoderma é um fungo habitante natural do solo que tem a capacidade de se alimentar ou produzir substâncias que inibem o crescimento de diversos patógenos, microrganismos que causam doenças no solo, como Fusarium, Rhizoctonia e Sclerotinia ” este último, especialmente em folhosas, como alface e chicória.

O agente de biocontrole ainda gera nutrientes, não deixa resíduos nos alimentos e pode ser utilizado no tratamento de sementes, evitando que doenças atinjam as plantas nesse estágio.

Sclerotiniasclerotiorum é o fungo causador da doença popularmente conhecida como mofo branco. São relatadas mais de 400 espécies vegetais hospedeiras do fungo, entre as quais estão diversos cultivos importantes. Entre as hortaliças, o mofo branco causa sérios danos em tomate, batata, ervilha, repolho, chicória, couve-flor, cenoura, salsinha, alface e cucurbitáceas em geral.

Sintomas

Os sintomas variam em função da idade em que ocorre e do órgão vegetal afetado, podendo causar desde podridões em pré-emergência e tombamentos em plântulas (damping-off) até podridão de colo e raiz e murcha de folhas, chegando a causar necrose total e generalizada dos tecidos, o que leva a perdas significativas na produção dos cultivos afetados.

Em folhosas, como a alface, o ponto de infecção são as folhas mais próximas à superfície do solo. No início do ataque surgem podridões aquosas nos pecíolos, com posterior murcha e morte da folha.

Ocorre a formação de um denso micélio branco cotonoso que cobre os tecidos mais afetados, com posterior formação de escleródios de até 02cm no tecido degradado e sobre o solo. Os escleródios, estruturas de resistência, permitem a sobrevivência do fungo no solo por até oito anos, correspondendo ao inóculo que dará origem às novas infecções nos cultivos seguintes (inóculo inicial).

Condições favoráveis

Os escleródios podem germinar e desenvolver o micélio que infecta os tecidos vegetais na região do colo e raízes. Em condições favoráveis de alta umidade e molhamento foliar aliado a temperaturas amenas, formam-se os chamados apotécios, estruturas de frutificação do fungo onde são produzidos os esporos.

Semelhantes a pequenos cogumelos, emergem do solo e, com a dispersão dos esporos pelo ar, ocorre disseminação da doença na área de cultivo, com a infecção dos tecidos aéreos do hospedeiro.

Os esporos produzidos em um apotécio podem ser carregados por até 100 metros de distância. A faixa de temperatura considerada ótima para o desenvolvimento da doença é de 15 a 20°C, bem como a presença de resíduos orgânicos ao redor das plantas, que favorecem a colonização pelo fungo.

Prejuízos

As perdas causadas pelo ataque de S. sclerotiorum podem chegar a 100%, dependendo da cultura, da quantidade de inóculo inicial e das condições ambientais. Há relatos de perdas de até 50% em repolho, 70% em alface e 80% em salsinha e coentro.

Em alface, os sintomas evoluem mais rápido que a queima da saia, causada por Rhizoctoniasolani, pois o fungo coloniza toda a região basal da planta e causa necrose total do caule e da base das folhas.

Controle

Uma maneira de se controlar esta doença é por meio do manejo biológico com a utilização de fungos pertencentes ao gênero Trichoderma, que trazem diversos benefícios e favorecem o desenvolvimento da alface.

  Como são naturais do solo, os fungos do gênero Trichoderma podem viver saprofiticacmente e são capazes de degradar materiais diversos, bem como lisar a parede celular de outros fungos como a Sclerotinasclerotium e também produzir antibióticos voláteis e não voláteis.

Opções em Trichoderma

No mercado brasileiro há diversos produtos comerciais à base de Trichoderma, com diferentes espécies que podem ter a eficiência diferenciada, porém, poucos indicam na bula a eficiência para a cultura da alface.  Os produtos comerciais estão apresentados nas seguintes formulações: suspensão concentrada, granulado dispersível, pó molhável, concentrado emulsionável, esporos secos e grãos colonizados.

A dose recomendada é de 150 g/ha do produto comercial logo após o transplantio das mudas. O produto comercial está em torno de R$ 380,00/kg. Porém, o produtor deve procurar o produto comercial que traz a eficiência agronômica do Trichoderma para a cultura de folhosas, como a alface.

O custo-benefício é um ponto importante na utilização do controle biológico e umas das primeiras contas que o produtor rural deve fazer é a economia que fará ao planeta, em função da utilização de produtos biológicos.

Para a cultura da alface, o problema é ainda maior, em função dos produtos químicos terem um residual maior quando comparados aos biológicos.

Essa matéria você encontra na edição de janeiro 2018  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

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