Importância da adubação verde para as florestas

Créditos Embrapa Florestas

Publicado em 4 de dezembro de 2016 às 07h00

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h14

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Walter José Rodrigues Matrangolo

Pesquisador em Agroecologia da Embrapa Milho e Sorgo

walter.matrangolo@embrapa.br

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Créditos Embrapa Florestas

A adubação verde é uma técnica agrícola que visa promover a reciclagem de nutrientes do solo para torná-lo mais fértil por meio do plantio de determinadas espécies de plantas (destaque para as leguminosas). Além de aumentar a produtividade, essa técnica visa recuperar solos degradados, melhorar solos pobres e conservar os que já são altamente produtivos.

Os adubos verdes são plantas dicotiledôneas, capazes de enriquecer química, física e biologicamente o solo, ampliando seu potencial produtivo e beneficiando a biodiversidade dos agroecossistemas.

As monocotiledôneas (gramíneas) são boas produtoras de fitomassa, embora tenham teores de N aquém da maioria das leguminosas, e também podem ser utilizadas como adubos verdes.

As leguminosas, pertencentes à família das Fabáceas, são capazes de extrair o N2 presente no ar e transformá-lo em aminoácidos (precursores de compostos mais complexos, como proteínas) com a colaboração de bactérias que vivem em nódulos em suas raízes. Essa característica permite que seja ampliado o teor de N de ambientes degradados, sem necessidade do uso de adubos solúveis, como o NPK.

As leguminosas pertencem a um grande grupo de plantas, que podem ter porte rasteiro como o amendoim forrageiro, herbáceo como os feijões e a soja, arbustivocomo o guandu, as crotalárias e a cratília, ou ainda serem grandes árvores como o jatobá, o ingá, a sibipiruna e o pau-brasil.

São mais de 19.000 espécies no mundo. No Brasil existem quase 3.000 espécies de leguminosas, sendo que a maioria delas ainda foi pouco estudada pela pesquisa científica brasileira.

 

Parte da fitomassa da leguminosa, podada em janeiro de 2016, mantém-se sobre o solo - Crédito: Claudinei Kappes
Parte da fitomassa da leguminosa, podada em janeiro de 2016, mantém-se sobre o solo – Crédito: Claudinei Kappes

Oferta de nitrogênio

A capacidade de ofertarem o N para os sistemas biológicos é decorrente de uma reação bioquímica muito importante – a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), considerada por muitos como a mais importante de todas as reações químicas, só superada em importância pela fotossíntese, que transforma luz solar em alimento para os seres vivos.

A simbiose (relação ecológica onde há troca de benefícios entre organismos vivos) das leguminosas com os rizóbiosfornece aminoácidos para as leguminosas, que por sua vez fornecem açúcares para os rizóbios.

E porque transformar o gás N2 em outros compostos é tão importante? Pelo custo de transformar o N2 em compostos nitrogenados. O N é uma das peças fundamentais da vida em nosso planeta. Sua ausência elimina a possibilidade de geração de qualquer ser vivo.

O nitrogênio comporta-se de forma distinta, pois é muito estável em sua forma de gás. A molécula de N2, resultado da união de dois átomos de N, não reage com outros elementos. Seus átomos estão unidos por fortes ligações triplas, enquanto a maioria dos outros elementos une-se por ligações simples ou duplas.

Para separar os dois átomos de N e gerar os compostos nitrogenados assimiláveis pelos seres vivos (aminoácidos e proteínas), é preciso uma energia superior à que liga os dois átomos de N. Isso ocorre por pelo menos três modos distintos na natureza: durante tempestades de raios, no intestino dos cupins (pela ação de bactérias que ali vivem) e nas raízes das leguminosas (dentro dos nódulos das raízes das leguminosas, onde estão as bactérias fixadoras de N).

São essas bactérias fixadoras de N que quebram a ligação tripla e geram os aminoácidos, os tijolos construtores das proteínas, que por sua vez formam os tecidos dos seres vivos e alguns hormônios.

O ser humano criou uma máquina que rompe essas ligações triplas. Produzem compostos que são base para os explosivos e os adubos nitrogenados solúveis. Isso exige energia, que em geral provém do petróleo, fator que onera o custo final dos adubos químicos. Para o Brasil, isso é bastante relevante, considerando que a maior parte desse adubo é importada, e o custo desse transporte aumenta mais ainda seu custo final.

Foto 03 - Adubação verde com crotalária - Crédito Claudinei Kappes

Opções em adubos verdes

Entre as espécies de ciclo curto, existem as crotalárias, mucunas, feijão-de-porco, que em geral morrem após produzirem as sementes.Existem também as espécies semi-perenes como o guandu, que pode perdurar por até quatro anos, e as perenes, como o ingá, a faveira, a leucena, a gliricidiae a cratília, com vida bem mais longa.

Muitas espécies de leguminosas brasileiras ainda não receberam atenção da pesquisa e seu potencial ainda é desconhecido. Como exemplo temos a leguminosa perene Cratyliaargentea, reconhecida como ótima forrageira para alimentação animal.

Os estudos sobre seu potencial como adubo verde estão no início. Essa grande diversidade de leguminosas permite que num futuro próximo sejam inseridas nos mais variados arranjos produtivos, inclusive em sistemas agrossilvipastoris e agroflorestais.

Nas propriedades em processo de transição agroecológica que optaram pelos sistemas agroflorestais, as leguminosas são fundamentais pela capacidade de aportar nutrientes, mesmo em ambientes degradados. Seu sistema radicular, em geral vigoroso e profundo, resgata nutrientes de camadas profundas do solo e os trazem para a superfície, quando após a poda sua fitomassa é depositada sobre o solo.

Promovem, assim, a reciclagem desses compostos, em geral inacessíveis para hortaliças e mudas florestais, que têm sistemas radiculares menos profundos.

Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3

 

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro/dezembro 2016  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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