Após o recebimento de mais de duas mil propostas na primeira chamada da Teia da Sociobiodiversidade, o Fundo Casa Socioambiental, realizador dos apoios, se prepara para lançar a segunda edição em novembro. Serão selecionados, pelo menos, 200 projetos de desenvolvimento sustentável com até R$100 mil cada, destinados a comunidades locais e tradicionais.
Na primeira etapa da iniciativa, 17 projetos da região Centro-Oeste foram contemplados com os apoios. A diversidade territorial foi grande, cobrindo todos os biomas brasileiros, sendo que a Mata Atlântica concentrou a maior parcela de projetos selecionados (31,2%), seguida pela Amazônia (26,2%), Caatinga (13,9%), Cerrado (12,9%), Pampa (4,4%) e o Pantanal (2,5%).
Entre os projetos do Centro-Oeste, estão iniciativas como a Associação Kalunga Comunitária do Engenho II – AKCE (Goiás) e a Associação Aulukumã do Alto Xingu (Mato Grosso).
Em Goiás, o projeto da AKCE promove a segurança alimentar e geração de renda na Comunidade Kalunga do Engenho II, estruturando a agroindústria e garantindo aproveitamento sustentável de frutos nativos e extrativismo local.
Já em Mato Grosso, a associação busca fortalecer a cadeia produtiva do pequi. Para isso, incentiva a estruturação da produção, capacitação comunitária e reflorestamento de áreas degradadas, atuando no Território Indígena do Xingu (TIX).
Benefícios das soluções sustentáveis que transformam o território
A primeira chamada da Teia da Sociobiodiversidade, concluída neste ano, resultou em 202 iniciativas que beneficiam diretamente mais de 354 mil pessoas e 950 mil de forma indireta, segundo os projetos apresentados pelas organizações apoiadas. O impacto abrange o Brasil, de norte a sul, por todos os biomas. Mais de 150 projetos apoiados são negócios da sociobiodiversidade que existiam previamente, porém necessitavam de recursos para se fortalecerem.
A Teia da Sociobiodiversidade tem duas linhas de apoio: os Negócios da Sociobiodiversidade e as Soluções Baseadas na Natureza (SBNs). O primeiro são atividades econômicas que valorizam a diversidade biológica e cultural de regiões específicas, promovendo o uso sustentável dos recursos naturais e o bem-estar das comunidades locais, como casas comunitárias de farinha, hortas coletivas, plantios agroecológicos e agricultura familiar. E as SBNs são soluções que proporcionam benefícios sociais, econômicos e ambientais a partir da própria natureza, como restauração de ecossistemas, sistemas agroflorestais, jardins de chuva e parques urbanos.
Os projetos contemplados estimulam novas formas de organização comunitária, geração de renda e conservação ambiental, criando condições para uma economia regenerativa que valoriza as espécies nativas, as manifestações culturais regionais e a mobilização social. O propósito da Teia da Sociobiodiversidade se reflete nas práticas agroecológicas, utilizadas em quase metade das propostas apoiadas.
São iniciativas de comunidades quilombolas, indígenas, marisqueiras, quebradeiras de coco e coletivos urbanos periféricos. O protagonismo feminino se destacou na primeira chamada com a participação de 43 organizações que possuem apenas mulheres na sua coordenação.
A diretora executiva do Fundo Casa Socioambiental, Cristina Orpheo, destaca a importância do perfil dos apoiados para gerar impactos positivos no território. “Investir em comunidades tradicionais e locais é reconhecer a inteligência viva dos territórios. São essas comunidades que, com muita sabedoria, cuidam das florestas, das águas e dos modos de vida, e constroem soluções eficazes para os desafios socioambientais. Quando os recursos chegam diretamente a elas, fortalecem cadeias produtivas sustentáveis, ampliam a autonomia e geram impactos reais na proteção dos biomas e na qualidade de vida de quem vive nesses territórios. Essa é uma estratégia que une justiça socioambiental, eficiência e resultados concretos.”
A Teia da Sociobiodiversidade é uma parceria entre o Fundo Casa Socioambiental e o Fundo Socioambiental CAIXA (FSA CAIXA). Com um total de R$40 milhões investidos, as duas chamadas devem apoiar, no mínimo, 400 organizações comunitárias. Esse é o maior investimento já realizado pelas duas instituições em comunidades tradicionais e locais.
“A primeira Chamada da Teia da Sociobiodiversidade, realizada em 2024, já demonstrou o potencial desse modelo: 202 projetos apoiados que estão fortalecendo cadeias produtivas, gerando renda, preservando biomas e ampliando o protagonismo de mulheres e jovens. Com esta nova Chamada, que destinará R$ 20 milhões diretamente aos territórios, damos mais um passo importante para consolidar um modelo de financiamento direto, onde as comunidades locais acessam diretamente os recursos, ampliando o impacto local. Esse montante representa um volume expressivo de recursos chegando aos territórios, ampliando a escala de iniciativas locais e provando que investir em quem vive e cuida dos territórios é a forma mais eficaz de promover transformação socioambiental”, explica Cristina.
O edital completo da nova rodada será divulgado em breve no site www.casa.org.br/teia e nas redes sociais do Fundo Casa Socioambiental.


