Boas práticas na colheita e secagem garantem mamona de alta qualidade

Produtores investem no plantio da mamona híbrida, tecnologicamente avançada, com um ciclo de 120 dias no campo

Publicado em 6 de agosto de 2024 às 10h50

Última atualização em 6 de agosto de 2024 às 10h50

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Foto: Pixabay

A maior parte da produção de mamona concentra-se na região Nordeste do Brasil, com a Bahia sendo o maior estado produtor. Desde 1987, a Embrapa tem desenvolvido cultivares e sistemas de produção adaptados às condições brasileiras, visando a expansão dessa cultura. Esses esforços resultaram em avanços significativos, como o aumento de 100% na produtividade da mamona na safra 2022/2023, segundo estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção saltou de 42,8 mil para 91,4 mil toneladas.

A engenheira agrônoma e consultora Pamella Elimara Campos, que trabalhou em uma empresa de genética e sementes de mamona, ressalta que a maior parte do cultivo na Bahia é realizada por pequenos produtores, que optam por variedades de porte mais alto, fazendo a colheita manual.

“A comercialização e o plantio de mamona híbrida são mais concentrados em áreas de Mato Grosso e Goiás,  e a colheita ocorre de forma mecanizada. Nessas regiões, a cultura ocupa uma área significativa devido à alta demanda pelo óleo de mamona, também conhecido como óleo de rícino, valorizado por suas propriedades únicas, incluindo a composição de um único ácido graxo em sua cadeia, o que o torna um substituto potencial para derivados de petróleo”, explica Pamella. Ela acrescenta que atualmente o óleo é mais utilizado nas indústrias farmacêutica e de cosméticos, além da venda do óleo puro.

O diferencial da mamona híbrida é ser uma cultura tecnologicamente avançada, com um ciclo de 120 dias no campo. A genética atual tornou a planta mais suscetível ao glifosato, permitindo melhor controle na lavoura. Além disso, a mamona pode ser cultivada tanto em ambientes de sequeiro quanto irrigados, mas prefere condições mais secas, tolerando melhor a falta de água do que o excesso.

Para assegurar a qualidade das sementes, é importante uma atenção especial à colheita. Recomenda-se a colheita quando aproximadamente 70% dos frutos atingiram a maturação, seguida de um processo de secagem controlado. Temperaturas superiores a 40°C durante a secagem podem comprometer a qualidade fisiológica das sementes. Por outro lado, a secagem ideal ocorre a uma temperatura de 40°C, com os frutos apresentando 25% de umidade, evitando-se assim a colheita de frutos completamente secos, o que pode induzir a dormência das sementes

Devido ao alto teor de umidade dos frutos no momento da colheita, o armazenamento antes da secagem pode levar à deterioração do produto. No caso de cultivares indeiscentes, cujos cachos são colhidos quando completamente maduros e secos, é possível armazená-los diretamente, desde que o teor de umidade não ultrapasse 10%.

Fernanda Rodrigues da Silva, gerente da Loc Solution, empresa que detém a marca Motomco de aparelhos medidores de umidade, ressalta que, além de uma série de benefícios e tecnologias, o medidor de umidade de grãos 999ESI possui a curva de mamona em seu portfólio. O aparelho possui 90 curvas de produtos in natura e subprodutos já instalados no aparelho no modo de fábrica, com capacidade de armazenar mais de 500 curvas de produtos.

“A determinação do ponto de colheita da mamona é dificultada pela grande desuniformidade de maturação dos frutos, por isso o aparelho  é importante para mostrar o teor exato de umidade. O 999ESI é um  instrumento preciso e de última geração que proporciona excelente desempenho”, afirma Fernanda.

Para a indústria que compra mamona, fatores como o teor de óleo, a acidez e a quantidade de impurezas nos grãos são de grande importância. No entanto, devido à dificuldade operacional de controlar a qualidade intrínseca, como o teor de óleo e a acidez, as indústrias estabelecem requisitos específicos: as sementes devem conter no máximo 10% de marinheiros (sementes não-descascadas) e estar livres de impurezas como pedras, areia, entre outros resíduos.

Rotação de culturas

A engenheira agrônoma Pamella Elimara Campos explica que a mamona é frequentemente cultivada pelos produtores após a colheita da soja, especialmente as sementes híbridas, substituindo culturas como milho, sorgo, girassol e crotalária. “Essa prática não apenas promove a rotação de culturas, ao contrário da sucessão (como milho e soja repetidamente), mas também traz benefícios agronômicos significativos”, pontua.

Um dos principais benefícios agronômicos da mamona é a descompactação do solo. A planta desenvolve raízes profundas, promovendo a aeração do solo.

Além do biocombustível,  a mamona tem outras utilidades. O  óleo de rícino é amplamente utilizado em diversos produtos, como shampoos destinados ao crescimento capilar. Ele também é empregado como lubrificante para navios, aviões e satélites, devido à sua estabilidade em altas e baixas temperaturas. Além disso, o óleo tem sido utilizado na produção de plásticos e até mesmo em tênis 100% derivados da mamona.

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