Ervas daninhas no cultivo de pimentão: sério desafio

Descubra como o manejo integrado de ervas daninhas pode aumentar a produtividade e sustentabilidade do cultivo de pimentão
Yellow, red and green bell pepper, Pepper, a little spicy And a vegetable that can be used to cook a lot.

Publicado em 10 de julho de 2024 às 08h00

Última atualização em 10 de julho de 2024 às 08h00

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Foto: Shutterstock

Walleska Silva Torsian
Engenheira agrônoma e doutoranda em Fitotecnia – ESALQ/USP
walleskatorsian@usp.br
Paula Rocha Guimarães Canuto
Engenheira agrônoma e consultora técnica em frutas tropicais
paula.rocha.guimaraes@gmail.com

O pimentão (Capsicum annuum L.) pertence à família Solanaceae e está entre as 10 hortaliças mais consumidas no mercado brasileiro e mundial, sendo de grande importância econômica.

Seu cultivo pode ser, na maioria das vezes, em área aberta ou, também, em áreas protegidas. A cultura do pimentão, como qualquer outra, requer cuidados para garantir uma produção de qualidade.

A competição proporcionada pelas plantas daninhas limita a produtividade do pimentão, pois as plantas daninhas estão competindo por água, luz, nutrientes e oxigênio, prejudicando o rendimento da cultura de pimentão.

Em destaque

As principais espécies de ervas daninhas que representam desafios no cultivo de pimentão são: capim-colchão (Digitaria spp.), trapoeraba (Commelina benghalensis), picão-preto (Bidens pilosa) e caruru (Amaranthus spp.).

As ervas daninhas impactam o desenvolvimento e a produtividade das plantas de pimentão, pois competem por nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio, reduzindo a disponibilidade dos mesmos para o pimentão, resultando em deficiências nutricionais, diminuição do crescimento e, consequentemente, afetando a produtividade e a qualidade.

Também ocorre a competição por água, principalmente no período de seca, causando estresse hídrico para as plantas de pimentão, ocasionando a redução da taxa de crescimento e diminuição da produção dos frutos.

É importante destacar que o sombreamento das plantas de pimentão, causado pelo crescimento desordenado das ervas daninhas, resulta na redução da quantidade de luz que as plantas recebem, prejudicando a fotossíntese e afetando a formação dos frutos.

Um problema para o pimentão

Algumas ervas daninhas rasteiras ou trepadeiras, como exemplo a trapoeraba, possuem a capacidade de envolver as plantas de pimentão, prejudicando sua estrutura física, ocasionando danos nas folhas e no caule, comprometendo a produtividade.

Existem ervas daninhas que atuam como hospedeiras de pragas e doenças que afetam as plantas de pimentão. Os produtores devem ter controle sobre as ervas daninhas para não deixar que sejam porta de entrada para a disseminação de patógenos e pragas.

O arranjo e a quantidade de plantas por área são elementos cruciais na dinâmica competitiva, pois afetam o tempo de crescimento e a quantidade de sombra produzida pelo cultivo.

Uma maior densidade de plantio pode dificultar o crescimento das ervas daninhas, já que estas precisam competir de forma mais acirrada com a cultura pelos recursos necessários à produção.

Controle

As estratégias tradicionais de controle de ervas daninhas utilizadas pelos agricultores no cultivo de pimentão são:

Capina manual: estratégia mais comum no controle de qualquer erva daninha. A remoção ocorre de forma manual das ervas daninhas que estão dispostas próximas às plantas de pimentão, usando enxadas. Mesmo necessitando de mão-de-obra frequentemente, a capina ainda continua sendo o controle mais eficaz;

Foto: Shutterstock

Mulching: o uso de coberturas plásticas ou vegetal ajuda a inibir o crescimento das ervas daninhas, impedindo que recebam luz solar diretamente que influenciam no crescimento.  Como benefício também, o mulching ajuda a reter a umidade do solo e controla a temperatura, beneficiando as plantas de pimentão;

Rotação de culturas: é importante realizar a rotação com outras culturas, que não sejam da mesma família do pimentão, para ajudar a “quebrar” o ciclo de vida das ervas daninhas;

Controle mecânico: o uso de implementos agrícolas, como os arados e as grades, controla as ervas daninhas. Ao utilizá-los durante o manejo do solo, eles desempenham um papel de cortar as raízes das ervas e expor à dessecação, diminuindo a população no campo cultivado;

Uso de herbicidas seletivos: desde que tenha indicação de um profissional da área, o agricultor pode e deve utilizar herbicidas seletivos que possuem formulação própria para eliminar as ervas daninhas, sem afetar as plantas de pimentão. Importante destacar que o agricultor deve ter cuidado no momento da aplicação e pós-aplicação, como por exemplo, descartar corretamente a embalagem para evitar impactos ambientais.

Ingredientes ativos

Atualmente, adota-se o controle químico devido à praticidade e à eficiência, porém, vale destacar que até o momento não existem herbicidas registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a cultura do pimentão, com exceção do único herbicida registrado pelo MAPA, o ingrediente ativo Cletodin.

Porém, os impactos ambientais causados por esses herbicidas incluem a contaminação da água e a degradação do solo. Logo, é essencial que os produtores usem os produtos com cautela, seguindo as recomendações de aplicação de profissionais habilitados, como os engenheiros agrônomos.

O manejo integrado de ervas daninhas visa a integração e a utilização de vários métodos de controle, sejam eles preventivos, culturais, mecânicos ou químicos. Os principais benefícios econômicos e ambientais ao adotar estratégias de manejo integrado de ervas daninhas no cultivo de pimentão são:

Redução de custos: realizando o controle eficaz das ervas daninhas, pode-se reduzir a aplicação de herbicidas e, consequentemente, diminuir os custos de insumos utilizados;

Aumento de produtividade: ao controlar as ervas daninhas, as mesmas não irão competir por água, luz e nutrientes, e com isso as plantas de pimentão terão mais espaço e recursos disponíveis, garantindo os rendimentos da cultura.

Foto: Shutterstock

Sustentabilidade

Ao falar sobre os benefícios ambientais utilizando o manejo integrado, podemos destacar: a conservação do solo, utilizando coberturas no solo para reduzir a erosão e prejudicar o crescimento das ervas daninhas e a menor contaminação ambiental, devido à redução do uso de herbicidas.

O manejo integrado tem a capacidade de oferecer vários benefícios para reduzir os custos de produção, aumentar a produtividade do pimentão e, ao mesmo tempo, impedir o desenvolvimento das ervas daninhas.

Como conclusão, o manejo integrado de ervas daninhas é essencial para garantir a alta produtividade na cultura do pimentão, minimizando o impacto ambiental e, consequentemente, promovendo a sustentabilidade.

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