Vantagens do gesso na silvicultura

A calagem se configura como importante medida para correção da acidez dos solos.

Publicado em 30 de março de 2021 às 14h47

Última atualização em 30 de março de 2021 às 14h47

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Jose Geraldo Mageste

jgmageste@ufu.br

Wedisson Oliveira Santos

wedisson.santos@ufu.br

Araína Batista Hulmmann

araina@ufu.br

Professores do Instituto de Ciências Agrárias (Solos) – Universidade Federal de Uberlândia – UFU

No Cerrado brasileiro, onde ocorre atualmente grande expansão agrícola e silvícola, há predominância de solos de baixa fertilidade natural, com baixos teores disponíveis de cálcio (Ca) e elevada saturação por alumínio (Al) ao longo do perfil.

Tal condição dificulta às diferentes culturas, incluindo as florestais, crescimento radicular no subsolo, tornando os povoamentos menos produtivos e mais susceptíveis a períodos de déficit hídrico.

Portanto, propõe-se aqui elucidar a importância da gessagem na silvicultura como uma prática altamente recomendada para o condicionamento químico de camadas subsuperficiais de solos com elevada acidez trocável subsuperficial ou baixa disponibilidade de Ca.

Benefícios

A calagem se configura como importante medida para correção da acidez dos solos. Entretanto, o efeito da calagem geralmente é restrito à camada superficial do solo, ou às camadas mais profundas, quando há incorporação do corretivo.

De fato, efeitos positivos da calagem profunda na produção de culturas têm demonstrado que a condição química do subsolo deve ser considerada no manejo dos povoamentos. Não obstante, a incorporação do calcário a grandes profundidades geralmente é onerosa, tornando-se economicamente inviável para a silvicultura.

Por outro lado, há expressivo número de publicações que indicam que a gessagem pode minorar a acidez do subsolo (Al3+) ou enriquecê-lo com Ca e enxofre (S), sem a necessidade de incorporação do gesso agrícola (CaSO4.2H2O).

Efeitos da gessagem no perfil do solo, condicionando em diminuição da atividade do Al3+ e aumentos dos teores de Ca e S no subsolo, devem-se ao ânion sulfato (SO42-), componente do gesso, que se desloca com certa facilidade no perfil do solo, principalmente nas camadas mais superficiais, devido à repelência que sofre pelas cargas negativas das argilas minerais e orgânicas.

Com a repelência, o S-SO42- ganha mobilidade no solo, e atraindo cátions como o Ca2+ estabelece interações (Ca2+: SO42-) que possibilitam a movimentação conjunta do par iônico. Assim, o subsolo é também enriquecido com Ca2+, que por efeito de diluição pode trocar-se parcialmente com o Al3+ na CTC, diminuindo o m% e aumentando a força iônica da solução, o que promove diminuição da atividade toxica do Al3+.

Existem inúmeras vantagens da aplicação do gesso na silvicultura, para espécies tropicais de pinus, eucalipto ou seringueira. Tratam-se de culturas consideradas perenes ou semi-perenes, que permanecem por muitos anos numa mesma área, explorando um volume muito maior de solos do que muitas culturas agrícolas anuais.

Por outro lado, a silvicultura no Brasil povoa solos de baixa fertilidade natural, geralmente com baixa CTC (Capacidade de troca catiônica) ou baixa saturação por bases (V).  Acrescente-se a este quadro a baixa concentração de argila em muitas áreas onde se cultiva essas espécies.

Apesar de profundos, muitos dos solos ocupados pela silvicultura possuem teores de argila inferiores a 10%, portanto, além de pouco férteis também têm baixa capacidade de retenção de água, deixando os povoamentos mais vulneráveis a déficits hídricos.

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Ação e reação

Espécies de eucalipto são consideradas muito tolerantes a efeitos tóxicos causados pelo Al. Portanto, a gessagem para esta cultura visa mais o fornecimento de Ca e S em maiores profundidades do solo. Como o Ca apresenta mobilidade restrita na planta (no floema), pois sua função é mais estrutural na célula vegetal, a presença desse elemento em maiores profundidades de solo possibilitará maior produção e crescimento radicular nesses ambientes, afetando diretamente a capacidade do povoamento em explorar maiores volumes de solo, afetando o suprimento de água e nutrientes às plantas.

Este fato é especialmente importante para espécies perenes, cujo sistema radicular precisa ocupar grande volume de solo. Adicionalmente, culturas como eucalipto demandam elevado suprimento de Ca, podendo alcançar valores próximos a 800 kg/ha para clones mais exigentes.

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