Uso de pó de rocha pode aumentar nutrientes do solo

Publicado em 17 de abril de 2018 às 11h42

Última atualização em 17 de abril de 2018 às 11h42

Acompanhe tudo sobre Água, Cálcio, Injuria, Manganês, Nutrição, Orgânicos, Resíduos, Solo e muito mais!

Carla Verônica Corrêa

Doutoranda em Agronomia/Fisiologia Vegetal e Metabolismo Mineral – UNESP

cvcorrea1509@gmail.com

Luís Paulo Benetti Mantoan

Doutorando em Ciências Biológicas/Fisiologia Vegetal – UNESP

Crédito Shutterstock
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A utilização de rochas moídas como fonte de nutrientes às plantas é uma prática realizada desde os primórdios da agricultura. Assim, antes de se produzir, explorar e comercializar os adubos atuais, os produtores com o objetivo de garantir maior produção, utilizavam-se dos pós de rocha que são, dessa forma, os mais antigos materiais utilizados para fertilização dos solos agrícolas.

Entre as rochas moídas mais comuns na agricultura encontram-se as calcárias, que são empregadas, principalmente, para correção da acidez do solo, e as rochas fosfatadas (apatitas), que podem ser aplicadas de forma natural, visando o fornecimento de fósforo em longo prazo ou servir de matéria-prima para a produção de fosfatos acidulados.

O uso de rochas moídas como fertilizante é defendido pelo fato de se tratar de produto natural, com minerais de lenta dissolução, podendo contribuir com quantidades expressivas de nutrientes para as plantas, servindo como condicionadores de solo, melhorando as propriedades físicas ou físico-químicas e biológicas do solo, o que permite melhorar o desenvolvimento e a nutrição das plantas.

O uso de rochas contribui com quantidades expressivas de nutrientes para as plantas - Crédito Shutterstock
O uso de rochas contribui com quantidades expressivas de nutrientes para as plantas – Crédito Shutterstock

Nutrientes

A constituição mineral do pó de rocha dependerá muito do processo de formação da rocha. Na composição química dos minerais das rochas ígneas vulcânicas ocorre maior frequência de óxidos, como o óxido de silício (SiO2), cuja porcentagem em massa pode variar de 35 a 75%.

Os óxidos de ferro, manganês, magnésio, sódio, potássio e cálcio também podem estar presentes. Os elementos químicos existentes nas rochas que podem ser facilmente extraídos são Ca, Mg e K. Solos originados de rochas basálticas são mais ricos em Fe, P, Ca, Cu e Zn, e, por outro lado, tendem a ser mais pobres em B e Mo.

Na tabela a seguirsão descritas as principais rochas e sua contribuição, seja na correção do solo ou como fornecedor de nutrientes.

Tabela para visualizar-01

Tabela 1. Principais tipos de rochas, suas funções e nutrientes fornecidos

Fonte: Silveira, R.T.G da, 2016.

Vantagens para a planta

A utilização dos pós de rocha já figura como uma prática convencional entre muitos agricultores. Na agricultura é empregada no enriquecimento de compostos constituídos de resíduos orgânicos, mineralização de solos degradados e para controle de pragas e doenças.

Ressalta-se sua utilização na agricultura para melhorar a estrutura do solo e como suprimento de nutrientes, sendo aplicado em quantidades que variam de 0,5 a 2 t ha-1. Além de atuarem na melhoria do solo em suas propriedades físicas, químicas e biológicas, as rochas moídas também são fontes de silício, elemento tido como benéfico na agricultura atual.

A planta nutrida com silício apresenta maior resistência ao ataque de pragas e doenças. Algumas espécies vegetais absorvem silício em grandes quantidades durante seu ciclo por ser um dos elementos mais abundantes na crosta terrestre, resultando em sua participação na estrutura dessas plantas que terão maior resistência física.

Outros benefícios sãoo aumento na produtividade da espécie e resistência à deficiência hídrica, variação de temperatura, excesso de água, toxidade por nutrientes e elementos tóxicos, entre outros.

O pó de rocha melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo - Crédito Shutterstock
O pó de rocha melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo – Crédito Shutterstock

O silício

Atualmente, vem sendo destacado em diversas pesquisas a atuação do silício como indutor de resistência em plantas. Sua absorção pode contribuir para a manutenção e até mesmo aumento da produtividade de diversas culturas.

Muitos pesquisadores afirmam que o uso de pó de rochas contendo silício permite mudanças anatômicas nos tecidos, como células epidérmicas com a parede celular mais espessa devido à deposição de sílica nas mesmas, favorece a melhor arquitetura das plantas e aumenta a capacidade fotossintética e resistência às pragas e doenças.

Além disso, o mecanismo de resistência a doenças é conferido pela associação do silício com constituintes da parede celular, tornando-as menos acessíveis às enzimas de degradação. Tal mecanismo de resistência também é dado pelo resultado da ação deste elemento no tecido hospedeiro, proporcionando uma barreira física e maior acúmulo de compostos fenólicos e lignina no local da injúria.

No entanto, deve-se ressaltar que os pós de rochas são fontes de nutrientes essenciais para o crescimento das culturas, como fósforo, potássio, cálcio e magnésio. Além disso, pela liberação mais lenta desses elementos, permite maior aproveitamento dos mesmos, devido à redução da lixiviação, fixação e adsorção.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de abril 2018  da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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