Reta final da colheita do algodão no Brasil: o que o produtor ainda pode fazer para reduzir perdas e como se preparar para a próxima safra

Chuvas irregulares no Cerrado têm desafiado a qualidade da fibra nesta fase decisiva; especialistas recomendam atenção a desfolhantes, regulagem de máquinas e já apontam para práticas de manejo que devem começar agora visando o ciclo 25/26
Foto: Edna Santos
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A colheita do algodão entra em sua reta final em praticamente todas as regiões produtoras do Brasil, com destaque para Mato Grosso, Bahia e Goiás, estados que concentram mais de 85% da produção nacional, segundo a Conab. E o clima, como sempre, tem sido um fator de alerta neste encerramento da safra 2024/25: em áreas do Cerrado, a ocorrência de chuvas isoladas e fora de época aumentou a preocupação com a umidade dos capulhos, risco de mancha na pluma e maior presença de impurezas, elementos que reduzem o preço pago pela fibra no mercado internacional.

Nesse cenário, especialistas reforçam que, embora a colheita esteja adiantada, ainda há espaço para ajustes capazes de minimizar perdas e proteger a qualidade do algodão que segue para beneficiamento. “Mesmo nesta fase final, o produtor deve observar se há necessidade de uma aplicação complementar de desfolhantes ou dessecantes, principalmente em áreas onde o algodão formou rebroto ou observamos a presença de plantas daninhas. Essa prática facilita a operação das colhedoras e reduz impurezas que podem comprometer a qualidade da fibra”, explica Augusto Sanches, agrônomo e coordenador técnico de mercado da Nitro. Ele destaca que a regulagem correta das colhedoras e o manejo com insumos adequados, continuam sendo fundamentais até o último talhão: velocidade excessiva e máquinas sem manutenção, além de insumos em quantidades desregulada ou qualidade duvidosa, estão entre os principais fatores de perda em campo, que podem superar 10% da produção, de acordo com estudos da Embrapa.

Passada a colheita, o olhar do produtor precisa se voltar imediatamente para o preparo da próxima safra. O planejamento começa já na avaliação das condições do solo após a retirada da cultura: análise química e física, correção com calcário e gesso, além da adubação de base adequada, são passos essenciais para garantir um perfil de solo mais produtivo. O uso de biológicos também tem ganhado espaço no algodão, pois favorecem a saúde do solo e a eficiência no aproveitamento dos nutrientes. “A safra seguinte começa a ser construída no momento em que a colheita termina. Investir em correção de solo, cobertura vegetal e aplicações biológicas é um seguro para o produtor que busca produtividade elevada e fibra de qualidade”, orienta Sanches.

Outro ponto crítico no intervalo entre safras é a rotação de culturas. O algodão, por ser uma cultura de ciclo longo e de alta exigência nutricional, precisa ser sucedido por plantas de cobertura, como braquiária ou milheto, que ajudam a reduzir nematoides, melhorar a estrutura do solo e garantir maior disponibilidade de matéria orgânica. Segundo a Abrapa, propriedades que adotam esse tipo de manejo têm observado ganhos consistentes em produtividade ao longo dos anos.

Embora a colheita esteja praticamente concluída, ainda há tempo para o produtor corrigir falhas pontuais nesta safra e, sobretudo, usar as lições aprendidas para preparar 2025 com mais eficiência. A atenção ao clima, ao solo e ao manejo de insumos nutricionais e biológicos são, segundo os especialistas, as chaves para que o algodão brasileiro mantenha sua competitividade e siga conquistando espaço no mercado mundial.

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