Resultados de altas doses de gesso na formação e produção do cafeeiro

As altas doses de gesso são relativas, pois quem pretende fazer perfil de solo tem que entender o solo na vertical, ou seja, pelo menos a um metro de profundidade. As recomendações de adubos e corretivos são baseadas na profundidade de 0 a 20 cm, e quando falamos numa profundidade de 1 metro (100 cm), esta dose pode ser cinco vezes maior, que ainda está dentro da normalidade. Um metro de profundidade equivale a cinco camadas de solo com espessura de 20 cm.

Publicado em 10 de maio de 2019 às 11h20

Última atualização em 10 de maio de 2019 às 11h20

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Autor

Ronaldo Cabrera
Engenheiro agrônomo, mestre, doutor e consultor em Agronomia
ronaldocabrera@yahoo.com.br

As altas doses de gesso são relativas, pois quem pretende fazer perfil de solo tem que entender o solo na vertical, ou seja, pelo menos a um metro de profundidade. As recomendações de adubos e corretivos são baseadas na profundidade de 0 a 20 cm, e quando falamos numa profundidade de 1 metro (100 cm), esta dose pode ser cinco vezes maior, que ainda está dentro da normalidade. Um metro de profundidade equivale a cinco camadas de solo com espessura de 20 cm.

Benefícios

Ao corrigir o solo na profundidade mínima de um metro, durante a formação do cafeeiro, os benefícios são inúmeros, pois aumenta muito o sistema radicular e a capacidade da planta aproveitar água e nutrientes do solo.

Um solo corrigido na vertical entrega muito mais resultados ao cafeicultor, garante estabilidade na produção, estabilidade econômica, reduz riscos de veranicos e efeitos climáticos, como o El Niño.

Conforme dito por Aristóteles (484 -322 a.C), “a planta é um animal invertido”, sua boca está no chão, portanto, o tamanho da ‘boca’ das plantas está limitado à qualidade do solo – quanto maior a fertilidade em profundidade, maior a boca.

As plantas transformam luz, água, gás carbônico e nutrientes em produção, sendo que mais de 80% da planta é água. Somente o equilíbrio entre débito e crédito, entrada e saída, fonte e dreno, promoverão altas produtividades. Então, plantas de boca pequena = produções pequenas, plantas de boca grande = produções grandes.

Resultados em campo

São inúmeros os resultados de campo na cafeicultura. O exemplo mais conhecido é o trabalho de Piumhi (MG), conduzido pela equipe de Alessandro Silva de Oliveira, juntamente com os doutores Hélio Casale e o saudoso José Peres Romero.

A gessagem na cafeicultura, associada ao manejo de mato com braquiárias, já é uma prática consolidada, e muitos cafeicultores e consultores não abrem mão desta tecnologia, devido ao seu retorno agronômico e econômico.

Quando agir

A gessagem pode ser feita em qualquer época do ano, sendo que na formação deve ser feita durante o preparo do terreno e implantação da cultura. Em cafezais já instalados, também não tem muito problema com relação à época, porém, algumas ressalvas devem ser observadas:

9 O cálcio é fundamental no pegamento da florada e aumento da produção, uma vez que a gessagem que antecede esta fase ajuda muito;

9  Observar a oportunidade de frete para a região, pois a logística influencia muito o valor do gesso agrícola;

9  Evitar períodos com excesso de chuva, que pode levar à entrega de um gesso com elevado teor de umidade, dificultando a aplicação. Melhor dar preferência ao gesso com baixo teor de umidade.

Culturas beneficiadas

Fisiologicamente falando, todas as plantas têm o mesmo princípio biológico, então os benefícios citados para o cafeeiro servem para todas as culturas. As melhores respostas estão mais relacionadas ao ambiente (solo) onde se faz o cultivo, do que propriamente à cultura. Solos pobres em cálcio e enxofre, elevados teores de alumínio, lavouras não irrigadas, regiões com pré-disposição a veranicos são as que mais respondem à gessagem.

Manejo

O primeiro passo é fazer a análise de solo nas profundidades de 0-20 cm, 20-40 cm, 40-60 cm, 60-80 cm e 80-100 cm, que deve ser química e física. Na implantação, recomenda-se uma amostragem geral do terreno. Em lavouras implantadas, fazer uma amostragem na projeção da planta e outra no meio da rua, pois são solos completamente diferentes.

Com resultados analíticos em mãos, procede-se a recomendação por um profissional com experiência no assunto. A associação do manejo com braquiárias é fundamental para o sucesso desta tecnologia.

Em culturas já implantadas a aplicação recomendada é à lanço, sendo a distribuição de acordo com os resultados analíticos de solo na projeção da planta e no meio de rua. Na implantação da lavoura existem três modalidades de aplicação:

Ü Incorporado no solo;

Ü Amontoado no pé da planta logo após o plantio e

Ü Aplicação à lanço. A associação destas três modalidades de aplicação é a que traz mais benefícios para a lavoura.

A dosagem recomendada dependerá da análise de solo e do manejo adotado, variando de 1,0 a 15 toneladas por hectare.

Produtividade

A resposta das plantas vai depender muito das condições ambientais onde está implantada a lavoura e os resultados devem ser contabilizados no mínimo em quatro safras. Portanto, encontramos resposta de produtividade zero a mais de 20 sacas de café por hectare, sendo o resultado relativo à experiência do usuário com relação à técnica e às condições locais da lavoura.

Custo

O investimento na técnica dependerá da dosagem e da distância da lavoura em relação à origem do gesso agrícola. Em média, o custo de uma tonelada de gesso agrícola aplicada é de R$ 150,00 por hectare. As doses de até 10 a 12 toneladas por hectare são viáveis economicamente.

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