Givago Coutinho
Doutor em Fruticultura e professor efetivo – Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado)
givago_agro@hotmail.com
As plantas frutíferas podem ser classificadas em três grupos principais, em relação à sua exigência à poda sistemática: grupo 1 – de importância decisiva, grupo 2 – de relativa importância e grupo 3 – as de pouca importância em relação à poda.
Sendo o abacateiro classificado dentre as fruteiras do último grupo, neste caso a poda é empregada, mas na maioria das vezes apenas visa a eliminação de ramos inconvenientes ou mal posicionados.
Como é feito
Como o abacateiro dispensa podas sistemáticas, a poda é empregada muitas vezes visando práticas como o rebaixamento do topo durante a formação da copa, para diminuir seu crescimento em altura. Assim, ela mantém a copa acessível aos tratos culturais, com altura adequada.
Os abacateiros precisam ser podados para obter uma forma, estrutura e tamanho que são atributos desejáveis e que sejam compatíveis com a produção, além de equilíbrio entre vigor e produção, alcançando o rendimento e qualidade necessários aos frutos e que apresentem facilidade no cultivo.
Objetivos da poda
A poda no abacateiro tem como principais objetivos:
– Iluminação do interior da copa, o que propicia a entrada de luz e a frutificação em partes mais baixeiras da planta.
– Ventilação interna, melhorando a visita de agentes polinizadores, aumentando a eficiência na polinização e potencializando o alcance de produtos fitossanitários utilizados no controle de pragas e doenças da cultura.
– Lembrando que a realização de podas de frutificação não tem sido relatada como vantajosas para o abacateiro.
Quando podar
O abacateiro é uma planta de porte médio a alto que pode alcançar entre 10 e 14 metros, ou até mais de altura, além de possuir crescimento rápido. Assim, executa-se muitas vezes a poda após o plantio no sentido de orientação da copa e, posteriormente, para eliminação de ramos secos e doentes.
A poda de formação é a responsável pela formação inicial da copa, tendo início após o plantio das mudas e, no caso do abacateiro, é feita de forma simples e leve. Consiste em eliminar todos os ramos presentes até a altura de 40 cm do ramo principal, além de eliminar as brotações presente no porta-enxerto/cavalo.
Os ramos em crescimento vertical devem ser despontados e rebaixados até a posição de uma bifurcação inferior. Ramos mal posicionados, como aqueles que se encontram eretos, cruzados ou produzindo muita sombra, devem ser eliminados. Deve ser realizada a abertura de “janelas” laterais na copa para que ocorra a entrada de luz em seu interior.
Direção das linhas de plantio
A poda deve ser realizada de modo que haja penetração da luz no interior da copa. Assim sendo, podas como a de iluminação e redução de altura devem ser iniciadas pelos lados que recebem maior iluminação do dia, sendo aqueles voltados para o sentido nascente do sol, ou seja, leste.
Além disso, deve-se observar a trajetória do sol ao longo do dia, visando remover, primeiro, as pernadas que permitam maior incidência solar no interior da copa. O manejo da luz em pomares de abacate é um dos principais fatores para a obtenção de pomares sustentáveis.
Cuidados essenciais
É importante realizar a desinfecção das ferramentas utilizadas nas operações de poda, podando-se separadamente plantas sadias das doentes. A desinfecção pode ser feita com solução de 2% de hipoclorito de sódio, 50% de água sanitária ou 0,15% de amônia quaternária.
Também é recomendado pulverizar as plantas podadas com fungicida cúprico após o procedimento. Uma das formas atualmente utilizadas e que visam à redução do porte do abacateiro é a aplicação de paclobutrazol, que constitui um inibidor da síntese de giberelinas.
Sua aplicação proporciona redução do comprimento e do diâmetro das brotações, comprimento dos entrenós, área foliar, número de folhas e de ramos/planta e o peso da matéria seca das raízes, caules e folhas.
O conteúdo foliar de alguns nutrientes também é influenciado, como a redução do teor de nitrogênio e potássio e o aumento de magnésio. Assim, o paclobutrazol é utilizado com o intuito de controlar o crescimento vegetativo do abacateiro e potencializar o desenvolvimento do ciclo reprodutivo das plantas.
Formação e estruturação do abacateiro
De maneira geral, em talhões de maior fertilidade do solo as plantas tendem a apresentar maior crescimento, além de maior vigor, quando comparadas com plantas que se desenvolvem em áreas menos férteis, apesar da adubação. Neste caso, em áreas mais férteis as plantas requerem maiores espaçamentos de plantio.
Em plantas conduzidas em sistemas de produção mais adensados, a poda é essencial, pois permite o controle do tamanho individual e formato das plantas.
A execução de podas permite redução no espaçamento de plantio, pois controla e direciona o desenvolvimento da copa de forma mais eficiente. Neste sentido, permite a obtenção de maiores rendimentos por área.
Recomendações
A mecanização pode ser empregada na poda do abacateiro tal qual é feito em citros e cafeeiro, sendo aplicada em pomares extensos e com plantas de grande porte. Apresenta vantagens como menor custo de mão de obra e rapidez na realização.
Contudo, esse tipo de poda, por não ser seletiva, tem o inconveniente de induzir a formação de brotações muito vigorosas e de difícil controle posterior.
A poda manual pode ser realizada com motosserras, motopodadeiras ou serrotes, dependendo do tamanho das plantas. É feita por meio da remoção parcial ou total dos ramos. Este tipo de poda é mais dispendioso e demorado, contudo, permite a remoção seletiva dos ramos, com melhor controle do vigor.
