Proibição do paraquate aumentaria custo de produção em 129%

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Publicado em 26 de janeiro de 2016 às 07h00

Última atualização em 26 de janeiro de 2016 às 07h00

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Para a CNA, defensivo agrícola paraquate tem de ser reavaliado cientificamente, pois até os Estados Unidos mantêm seu uso

 

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De acordo com dados apresentados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), uma eventual proibição do paraquate acarretaria em um custo adicional de nada menos que 129% para o produtor rural. A ideia de banir a substância, conhecida popularmente como Gramoxone, está em fase de consulta pública proposta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Preocupado em quanto isso prejudicaria a produção agrícola brasileira, o deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR) pediu uma audiência pública. A reunião ocorreu no dia 04 de novembro, na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, e contou com a presença de vários representantes do setor.

Para Souza, o tema é de extrema importância e terá impacto direto sobre os preços cobrados do consumidor final: “O Brasil é um país tropical, onde se produz o ano todo. Sem produtos como o paraquate, fica muito cara a produção. Ao final da audiência, nós encaminhamos uma orientação à Anvisa, no sentido de manutenção da utilização desta molécula no país, porque isso é em defesa do produtor rural, da agricultura paranaense e brasileira“.

De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), o paraquate não apresenta risco à saúde humana quando utilizado de acordo com as recomendações aprovadas. O herbicida, usado também como dessecante, tem outras funções, como aumentar a biodiversidade do solo. Economicamente também é vantajoso, pois é livre de patente, o que garante um baixo preço ao consumidor final.

A realidade brasileira

O Brasil ocupa o 5º lugar nos casos de resistência da ampla variedade de ervas daninhas a glifosato (principal químico utilizado mundialmente para controle dessas plantas indesejáveis com alto potencial de prejuízo, que sombreiam as lavouras, tiram sua água e nutrientes, e dificultam as colheitas). Para demonstrar a dimensão do problema, na região sul do País, quase toda a área de soja, 12 milhões de hectares, apresenta infestação por ervas resistentes ao produto. Em todo o Estado de Santa Catarina o insumo já não faz mais efeito.

Para evitar que a produtividade diminua, os agricultores utilizam, desde a década de 70, o paraquate – defensivo agrícola utilizado em diversos países, em mais de 100 tipos de lavouras, inclusive cereais, sementes oleaginosas, frutas e legumes.

Após 45 anos de uso pelos produtores rurais brasileiros e do mundo, o herbicida passa para por um processo de reavaliação toxicológica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que consiste em apresentar estudos do produto no mundo, análise de dados, nota técnica para consulta pública, consolidação das contribuições, discussão das conclusões e elaboração de nota técnica, com o parecer final.

Segundo o Consultor da Área de Tecnologia da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Reginaldo Minaré, há necessidade de termos uma análise científica um pouco mais eficiente, pela relevância da agricultura para o Brasil. Outro ponto bastante importante é em relação à consulta formatada pela Anvisa, que de acordo com o consultor tem muitas falhas.

O consultou acrescentou que a Anvisa tem técnicos, porém, a discussão precisa ser colocada também para uma comunidade de cientistas. “A CNA espera que o sistema de registro e reavaliação seja modificado. Que um colegiado científico participe desse sistema. Hoje o paraquate é retirado, amanhã o glifosato. E assim, entram produtos patenteados com exclusividade e o custo pode ser até 10 vezes maior do que nós temos“, finalizou.

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