Potencial uso da moringa como forrageira na alimentação animal

Moringa and powder on nature background.

Publicado em 18 de abril de 2025 às 09h00

Última atualização em 18 de abril de 2025 às 09h00

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Dr. Felipe da Costa Brasil
Docente Externo Convidado do Programa de Mestrado Profissional em Ciências Ambientais da Universidade de Vassouras
Dr. Ricardo Martinez Tarré
Bolsista de treinamento e capacitação técnica – PESAGRO/FAPERJ – Programa TCT – Apoio ao Desenvolvimento Setor Agropecuário e da Agroindústria do RJ – 2024.
Esp. Amanda Teixeira Fonseca Brasil
Bolsista de treinamento e capacitação técnica – PESAGRO/FAPERJ – Programa TCT – Apoio ao Desenvolvimento Setor Agropecuário e da Agroindústria do RJ – 2024.

Introdução

No Brasil o uso da Moringa (Moringa Oleífera Lam.), popularmente chamada de lírio branco, acácia branca, quiabo de quina ou moringa deu-se desde 1950, essa planta nativa da Índia pertencente à família Moringaceae de características arbustíva e perene, vem sendo estudada no Brasil, principalmente a partir do início da década de 90 como fonte de suplemento proteico forrageiro aos animais (FRIGHETTO, 2007) em função de sua fácil adaptação a ambientes com características adversas de clima e solo e rápido crescimento.

Considerada de múltiplos usos e benefícios, as suas diferentes partes vegetativas (raiz, caule, folha, flor, frutos e sementes) são utilizadas na farmacologia devido aos seus benefícios medicinais presentes praticamente em todas as partes da planta e como alimento alternativo na nutrição humana e animal, devido aos elevados valores nutricionais de seus frutos e parte aérea (folhas e caules finos), desta forma pode ser considerada como uma planta alimentícia não convencional (PANC).

Com isso a partir deste contexto, estão sendo realizadas inúmeras pesquisas no país, com resultados muito interessantes, sobre o potencial da moringa e suas propriedades nutricionais e bromatológicas, bem como suas principais formas de sua utilização na alimentação animal.

Cultivo e Manejo

A forma de plantio e o manejo da moringa são diferentes dependendo dos objetivos do cultivo.

De crescimento rápido a moringa se desenvolve bem tanto em plantios realizados por sementes com também pelo processo de estaquia, chegando a crescer a uma taxa em torno de 3 a 4 metros por ano (RANGEL, 1999).

Para as condições climáticas do Brasil a melhor época de plantio da moringa é na época das chuvas, ficando garantido assim o seu fácil estabelecimento, bem como a não necessidade de irrigação para implantação da cultura.

A moringa se adapta bem a diferentes densidades de plantio dependendo da finalidade que cada tipo de cultivo exige, desde 400 plantas por hectare para produção de sementes ou óleo; já para produção de forragem é necessário altas densidades, superiores a 30.000 plantas por hectare podendo chegar até 1.000.000 plantas (GARCIA, 2016); nesse sistema de alta densidade ocorre maior rendimento de folhas por unidade de área.

Na Embrapa Pantanal segundo Lisita et al. (2018) o plantio de moringa visando à alimentação de não ruminantes (aves e suínos) cujo objetivo é a produção de folhas com alto teor de proteína, recomenda-se o plantio adensado no espaçamento de 0,5×0,2 m estabelecendo 100.000 plantas por hectare com o objetivo de elevada produção de massa verde com talos finos e alta proporção de folhas.

Bonfim (2018) avaliou 4 espaçamentos (0,5×1,0m; 0,83×1,0m; 1,25×1,0m; 1,66×1,0m), obtendo 5,33 t/ha de matéria seca total no menor espaçamento de cultivo, o que representa um acréscimo de aproximadamente 160% na produção de matéria seca total em comparação aos dois cultivos mais espaçados, além de maiores produções de matéria seca de caule e folha (2,32 e 3,00 t/ha, respectivamente) para o cultivo mais adensado (0,50 x 1,0 m).

O manejo da moringa dependerá da finalidade do cultivo proposto, variando sempre em função do seu uso na alimentação animal (feno, silagem, in natura). Na produção de forragem o primeiro corte se dá aos 60 dias e os demais intervalos cortes são aos 45 dias de na estação seca e 30 dias na estação chuvosa, nesse sistema a vida útil da planta oscila de 4-10 anos (GARCIA, 2016).

Caracterização bromatológica da Moringa como forrageira

Diversos estudos envolvendo o uso da moringa na alimentação animal tem demonstrado o seu grande potencial na suplementação de parte da dieta de animais ruminantes e não ruminantes devido as suas características nutricionais de excelente qualidade.

Segundo Sobral et al. (2020), fatores antinutricionais que poderiam vir a limitar o consumo das folhas da moringa pelos animais são baixos ou insignificantes, o que não afeta diretamente o consumo e nem saúde do animal.

Dados apresentados por Lisita et al. (2018) obtidos no laboratório da Embrapa Pantanal de ramos de moringa oleifera com até 1,0 cm de diâmetro possuem as seguintes caraterísticas bromatológica: Proteína Bruta (PB) 24,5%; Fibra em Detergente Neutro (FDN) 43,2%; Fibra em Detergente Ácido (FDA) 17,8% e lignina 5,1%. Esse padrão de ramos se estabelecido pelo autor se caracteriza ao de forragem para consumo animal.

Fernandes (2017) trabalhando com diferentes densidades de plantio de moringa com 250.000 (0,20 m x 0,20 m), 500.000 (0,10 m x 0,20 m) e 1.000.000 (0,10 m x 0,10 m) plantas/ha, observou que a média de produção anual de matéria verde (MV) e seca (MS) foi 158 t/ano e 28,64 t/ano respectivamente; já os teores médios de Proteína bruta, Fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido foi respectivamente 16,18%, 45,7% e 29,48% respectivamente. Não houve diferença significativa nos três diferentes adensamentos estudados para todos esses parâmetros, resultado esse segundo o autor devido ao alto adensamento da cultura e a altura de corte uniforme na colheita realizado à 20cm de altura.

Potencial e a necessidade de novas pesquisas

A moringa mesmo apresentando uma composição nutricional muito variável em função da proporcionalidade de caule e folha oferecida na dieta animal pode ser considerada uma alternativa viável na suplementação da alimentação animal por apresentar na sua composição um teor de proteína de alta qualidade, podendo suprir grande parte da demanda proteica na dieta de ruminantes e não ruminantes.

A existência de pouca informação referente à utilização da moringa na alimentação animal faz-se necessário que mais pesquisas sejam realizadas no Brasil em busca de resultados de desempenho animal com economicidade.

  1. Referências

BONFIM.B.R.S &, EMERENCIANO NETO. J. V.,& SANTOS. R.S. et al., PRODUÇÃO DE FORRAGEM DA Moringa oleifera Lam. CULTIVADA EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 28., 2018, Goiânia. Anais [eletrônicos]… Brasília: Associação Brasileira de Zootecnistas, 2018. Disponível em < file:///C:/Users/Ambiente/Downloads/2018_SBZ_PRODU%C3%87%C3%83O%20DE%20FORRAGEM%20DA%20Moringa%20oleifera%20Lam.%20CULTIVADA%20EM%20(3).pdf > Acesso em 28 ago. 2024.

Fernandes, D.L. Produtividade e composição bromatológica da forragem de moringa. 2017. 24 f. Dissertação (mestrado) Universidade Federal de Sergipe – São Cristovão, 2017. Disponível em < https://ri.ufs.br/jspui/bitstream/riufs/7534/2/DAVID_LOPES_FERNANDES.pdf

> Acesso em 28 ago. 2024.

FRIGHETTO, R.S et al. O potencial da espécie Moringa oleífera (moringaceae). Revista Fitos, v. 3, n. 2, 2007. Disponível em < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/15925/1/2007AP054.pdf > Acesso em 28 ago. 2024.

GARCIA.M.G. Moringa Oleifera: arbol multiusos de interés forestal para el sur de la península ibérica.  Fichas de Transferencia N°5 julio 2016 Cajamar – 12p. Disponível em < https://www.cajamar.es/storage/documents/020-moringa-v3-1476963334-e5e23.pdf > Acesso em 28 ago. 2024.

RANGEL. M.S.A. Moringa oleifera; uma planta de uso múltiplo. Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros. 1999. 41p. (Embrapa-CPATC. Circular Técnica, 9). Disponível em < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/371079/1/CPATCDOCUMENTOS9MORINGAOLEIFERAUMAPLANTADEUSOMULTIPLOFL13127A.pdf > Acesso em 28 ago. 2024.

LISITA. F.O.& JULIANO. S.R & MOREIRA. J.S. Cultivo e processamento da moringa na alimentação de bovinos e aves. Corumbá: Embrapa Pantanal. 2018. 6p. (Embrapa-Pantanal. Circular Técnica, 119). Disponível em < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1096272/1/CT119Fredmoringa.pdf > Acesso em 28 ago. 2024.

SOBRAL. A.J.S. & MUNIZ. E.N. & SILVA.C.M. Caracterização da Moringa Oleifera Lam e sua utilização na alimentação animal. Ciência Animal, v.30, n.2, p.68-79, 2020. Disponível em < https://revistas.uece.br/index.php/cienciaanimal/article/view/9602/7791 > Acesso em 28 ago. 2024.

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