Posicionamento de herbicidas pré-emergentes no manejo de plantas daninhas resistentes na soja

Devido a falhas na aplicação, presença de plantas daninhas nas lavouras causam prejuízos anualmente aos sojicultores brasileiros.

Publicado em 14 de fevereiro de 2023 às 12h00

Última atualização em 14 de fevereiro de 2023 às 12h00

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Divulgação

A produção de grãos na safra 2022/23 segue a todo vapor e, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o principal produto cultivado no País, a soja, tem a expectativa de produção em 152,7 milhões de toneladas, 22,2% superior à da safra 2021/22. Mas, para de fato essa colheita se converter em lucratividade, é preciso que os sojicultores voltem a atenção à lavoura, principalmente ao manejo de plantas daninhas.

Estima-se que as perdas econômicas da agricultura brasileira, ocasionadas pela presença de invasoras resistentes a herbicidas, podem chegar anualmente à marca de bilhões de reais. Atualmente, há cerca de 53 casos únicos de biótipos de plantas daninhas resistentes a herbicidas relatados no País, sendo as mais conhecidas e severas: buva (Conyza spp.), capim amargoso (Digitaria insularis), capim pé-de-galinha (Eleusine indica) e caruru (Amaranthus spp.), entre muitas outras.

Segundo o pesquisador da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Lucas Barcellos, engenheiro agrônomo, doutor em fitotecnia, para agir contra esse problema uma das principais soluções é o produtor aplicar os herbicidas em pré-emergência. “Esses produtos têm grande importância, pois atuam no processo de germinação das plantas daninhas, realizando o controle do banco de sementes. A aplicação desses herbicidas proporciona controle mais eficaz das plantas daninhas tolerantes e resistentes”, diz.

Outro ponto a se atentar é o momento certo de realizar a aplicação. De acordo com o pesquisador, a entrada com os herbicidas pré-emergentes deve ser feita após uma boa dessecação das plantas daninhas e antes das sementeiras emergirem. Isso implica no sucesso do manejo das plantas daninhas e na seletividade para a cultura. “Ao aplicar no momento errado, pode-se ter perda de eficácia em situações que o herbicida é lixiviado no perfil do solo, após chuvas pesadas, ou em caso de pouca umidade no solo o herbicida ficar adsorvido aos coloides”, detalha.

Além do cuidado com o momento certo de combate, os produtores devem se atentar ao manejo de aplicação. Os herbicidas pré-emergentes devem ser posicionados em função das plantas daninhas presentes na área, atributos químicos e físicos do solo, umidade do solo, seletividade para a cultura e não apresentar efeito residual para a cultura sucessora (carryover).

Atenção com o solo

A textura do solo é muito importante para a recomendação de herbicidas pré-emergentes para soja. Solos com maior quantidade de argila e matéria orgânica retêm mais herbicidas em seus coloides, deixando menor concentração do produto na solução do solo. Um herbicida muito móvel, por exemplo, pode ser aplicado em solo arenoso e ir diretamente para os lençóis freáticos, o que é prejudicial para o agricultor e para o meio ambiente. Portanto, é importante atenção a este detalhe, reforça o doutor em fitotecnia.

Já em lavouras que possuem no solo palhada ou cobertura verde, o agricultor precisa redobrar a atenção, afinal, o herbicida pré-emergente só é efetivo se chegar ao solo. Desta forma, qualquer barreira entre o solo e o produto pode prejudicar sua ação. Além disso, alguns produtos possuem pouquíssima capacidade de atravessar a palha, sendo muito dependentes da chuva para transpassarem a palhada.

Outro fato pouco levado em consideração pelos sojicultores, segundo o especialista, é o nível de infestação da área no momento da aplicação. “Se no momento da aplicação houver muitas plantas daninhas, com grande cobertura do solo, estas podem absorver o herbicida pré-emergente antes de chegar ao solo, prejudicando seu efeito”, finaliza o pesquisador.

Estas e outras informações foram levadas em primeira mão aos participantes dos dias de campo do Fundação MT em Campo Safra 2023, realizado em janeiro deste ano e podem ser lidas no aplicativo da instituição. Acesse para se manter atualizado.

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